quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Devastação ‘suja a ficha’ de emissões do Brasil

Corte da floresta torna país um dos cinco maiores emissores de gases-estufa do planeta. O corte e as queimadas, especialmente na Amazônia, respondem por 75% das emissões brasileiras. O governo federal, não aceita metas de controle. O governo do Amazonas coloca um plano estadual de redução do desmatamento em consulta pública por 30 dias. O Estado pleiteia recursos do Fundo Amazônia, formado por doações feitas por países ricos. O fundo pode ser usado caso o País diminua a área de floresta cortada justamente em projetos que mantenham a tendência de queda. O plano é um dos pré-requisitos para os Estados amazônicos terem acesso aos recursos, que serão administrados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Ele foi apresentado ontem na 1ª Conferência Latino-Americana de Mudanças Climáticas e Serviços Ambientais, realizada em Manaus. O etanol é a principal carta no baralho tecnológico brasileiro para convencer o mundo de que o País está fazendo a sua parte no combate ao aquecimento global. Até que o Brasil faça a sua ‘lição de casa’ na Amazônia, porém, será difícil cobrar os louros climáticos do etanol. Reduzir as emissões por combustíveis fósseis é sem dúvida um benefício enorme, mas também não há dúvida de que a redução do desmatamento teria um impacto maior. Tanto a floresta quanto o etanol esteve em pauta de discussões da Conferência das Partes da Convenção-Quadra das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-14), em Poznan, na Polônia. Foi a última conferência antes da COP-15, em Coponhague, em dezembro de 2009, quando deveria ser fechado um novo acordo climático para substituir o Protocolo de Kyoto, que termina em 2012. Hoje, só os países desenvolvidos tem obrigação de reduzir emissões, conforme metas estabelecidas em Kyoto (5% em média). A grande dúvida para o próximo acordo é até que ponto os países em desenvolvimento também deverão assumir compromissos para cortar carbono. O Brasil é contra a adoção de metas compulsórias e diz que já está fazendo a sua parte no combater ao aquecimento global. Acredita-se que Brasil está contribuindo de maneira clara e decisiva para ao combate às mudanças climáticas. O Brasil não precisaria sair mal destas reuniões, mas fica difícil com o que está acontecendo na Amazônia. O argumento do etanol é válido, mas o Brasil não produz álcool para combater as mudanças climáticas, faz isso por outras razões. O Brasi é hoje, graças ao desmatamento, um dos cinco maiores emissores de gases do efeito estufa. Mas sua contribuição histórica para o aquecimento global é pequena. Não somos nenhum vilão. Mesmo com o desmatamento, nossa participação nas mudanças climáticas é muito baixa em relação aos outros países. Futuramente, teremos que fazer parte obrigatória da solução. E para nós é muito mais eficaz fazer isso via redução do desmatamento do que mudar nossa matriz energética.

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