domingo, 17 de janeiro de 2010

Não existe poluição

Fala-se frequentemente que há muita poluição no planeta. Que o ar está sendo poluído pela emissão de gases tóxicos, proporcionada pelas indústrias químicas, pelas de transformação como as siderúrgicas, as do papel, as de cimento. O ar recebe também uma quantidade enorme de material estranho proveniente da combustão de motores movidos a produtos fósseis. Há, enfim, uma quantidade enorme de agentes do progresso tecnológico que poluem o ar. O que é o ar? A composição gasosa em que predominam o oxigênio (20%) e o hidrogênio (80%), conhecida por atmosfera, existindo em uma camada muito fina e frágil (mais ou menos 3.000 metros) em torno da Terra. Não é só isso. É muito mais: é o elemento básico, pelo oxigênio, que mantém a Vida, tanto na terra quanto no mar. Dizem que há poluição das águas. Que os esgotos domésticos e industriais, insalubres e poluentes, são jogados nos rios e, por consequência, nos mares e oceanos, carregando quase sempre metais pesados que, indiretamente, são ingeridos pelos peixes. Quando não escoam, são conduzidos para as camadas inferiores da terra, atingindo os lençóis freáticos, última reserva de água doce pura. O que é água? Um elemento essencial para toda a cadeia energética da Vida. Afirmam que as atividades agrícolas provocam a poluição do solo pelo emprego de fertilizantes químicos, de agrotóxicos e pelas chuvas ácidas, além de seu enfraquecimento pela exploração intensiva e emprego de máquinas pesadas no revolvimento da terra. O que é o solo? É o repositório da vida vegetal auto-reciclável, desde que não haja interferência em seu frágil equilíbrio, obtido pela dinâmica estrutural e sazonal. Revelam ainda que os oceanos estão sendo poluídos pelo lixo civilizacional, encontrando-se no Pacífico um entulho nauseabundo, formado pelo redemoinho de corrente oceânica, constituído principalmente de material plástico, numa área correspondente ao Estado do Amazonas, o que provoca a sua ingestão acidental ou indireta pelos peixes. Emprega-se a palavra poluição em todas as ocasiões. É a qualificação verbal do momento. Um modo de deslocar o verdadeiro entendimento do que está acontecendo. Foi consagrada para descrever, eufemisticamente, as ações resultantes das atividades da economia de mercado. Vamos consultar o dicionário para esclarecer os aspectos dessa palavra: poluir significa sujar, manchar, macular. Essas acepções nos conduzem à ideia subjacente de reversão. Daí, nosso subconsciente fica informado de que a poluição pode, em qualquer ocasião, ser limpada, desmanchada e desmaculada. Logo, poluição não é algo muito importante. Isso ajuda a encobrir os pecados do sistema econômico e serve aos seus verdadeiros propósitos, o lucro progressivo e ilimitado. Destacamos com veemência e sem rodeios que poluição não existe. Apesar de tudo que ficou dito acima, a poluição de que falam não existe. O que existe efetivamente é o envenenamento. Essa é a palavra certa para indicar a verdadeira dimensão da tragédia por que passa a biodiversidade. As ações civilizatórias do último século, calcadas exclusivamente nos objetivos de crescimento econômico, têm produzido – e continuam produzindo aceleradamente – o envenenamento da atmosfera, das águas e dos frutos do solo. Temos respirado ar envenenado, bebido água envenenada e comido alimentos envenenados. As doses são baixas atualmente, e os efeitos são diluídos ou camuflados por outras etiologias, provocadas estas pelo conforto tecnológico, outra anomalia social que o sistema tecnológico vigente implantou e do qual falaremos oportunamente. Mas a aceleração industrial indica níveis mortais para um futuro próximo. É preciso deixar bem claro que a humanidade está sendo envenenada, lenta, mas progressivamente. Que fiquem todos conscientes dessa situação ambiental. Não há poluição; há envenenamento.“Maurício Gomide Martins, 82 anos, ambientalista, residente em Belo Horizonte (MG), depois de aposentado como auditor do Banco do Brasil, já escreveu três livros. Um de crônicas chamado “Crônicas Ezkizitaz”, onde perfila questões diversas sob uma óptica filosófica. O outro, intitulado “Nas Pegadas da Vida”, é um ensaio que constrói uma conjectura sobre a identidade da Vida. E o último, chamado “Agora ou Nunca Mais”, sob o gênero “romance de tese”, onde aborda a questão ambiental sob uma visão extremamente real e indica o único caminho a seguir para a salvação da humanidade.

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