quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

BIRD libera US$ 100 mi para obras em mananciais

Construir redes coletoras para fazer o transporte do esgoto de 45 favelas em processo de reurbanização no entorno das Represas Billings e do Guarapiranga para estações de tratamento em Santo André e Barueri, na Grande São Paulo. Na tarde de ontem, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) assinou acordo de empréstimo de US$ 100 milhões com o Banco Mundial (BIRD) para iniciar tais obras. O recurso é parte do programa de recuperação dos mananciais, cujo valor total é de R$ 1,39 bilhão. Os planos do governo do Estado, em parceria com prefeituras e União, é recuperar reservatórios e organizar a ocupação no entorno das Represas Billings e do Guarapiranga. Hoje, 2,5 milhões de pessoas vivem nos arredores dos mananciais. Boa parte dos recursos já foi disponibilizada - falta chegar o empréstimo de R$ 209 milhões do banco japonês Jica, previsto para o primeiro semestre do ano que vem. "Apesar de ser entrecortada por rios, a Região Metropolitana fica na área da nascente da bacia, o que faz com que o volume de água seja pouco para toda a população. Por isso, a recuperação dos mananciais é fundamental", diz a secretária Estadual de Saneamento e Energia, Dilma Penna. O trabalho de reurbanização de favelas fica sob responsabilidade das prefeituras. O projeto prevê a ligação de esgoto em 18 mil domicílios. Cabe à Sabesp e ao governo do Estado promover o transporte e o tratamento desse esgoto. Estima-se que devam ser construídos 186 quilômetros de tubulações para todo o sistema de captação e tratamento de esgoto na Billings e Guarapiranga. Extinção de espécies é provável, alerta biólogo O biólogo Leo Ramos Malagoli, da divisão técnica de Unidades de Conservação e Proteção da Biodiversidade da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente de São Paulo, acredita que muitas espécies podem desaparecer por causa do desmatamento, fragmentação de habitats e, principalmente, pela contaminação da água por esgoto não tratado. Na Billings, Ribeirão Pires é o principal exemplo da degradação. Desde 2002, quando a CETESB passou a usar o Índice de Qualidade das Águas para Proteção de Vida Aquática (IVA), a qualidade da água mantém-se péssima na área do município, onde 60 mil pessoas que habitam áreas vizinhas ao manancial despejam esgoto no local. O professor André Henrique Rosa, do Departamento de Engenharia Florestal da UNESP de Sorocaba, explica que a matéria orgânica do esgoto consome o oxigênio que estaria disponível à vida aquática da represa. Apenas 45% de Ribeirão Pires tem rede pública de coleta de esgoto. A secretária adjunta do Verde e Meio Ambiente do município, Silmara Delfino, disse que a Sabesp está implantando rede coletora e fazendo a interligação com o tronco que levará os dejetos para a Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) ABC, no limite de São Paulo com São Caetano do Sul. "A meta é que entre 2010 e 2013 esse coletor-tronco esteja interligado à rede que está sendo construída em Ribeirão Pires", diz Silmara. "A instalação de rede coletora nas ruas vai solucionar nosso problema. O esgoto de Ribeirão não será mais jogado na Billings", promete. Silmara explica que o município tem uma estação de tratamento, na Vila Mortari, mas ela será desativada porque seu funcionamento é precário. Para o ambientalista Carlos Bocuhy, membro do Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema), se estivesse funcionando corretamente, a estrutura ajudaria a diminuir a quantidade de esgoto lançada no manancial. O investimento em saneamento básico alivia a pressão em outros setores. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada US$ 1 gasto em saneamento, US$ 4 são economizados em saúde.

Nenhum comentário:

Ondas de calor devem diminuir em 2025

Ondas de calor devem diminuir em 2025, aponta Climatempo. O pico de emissões em 2025 é uma boa notícia, decerto, mas a física é implacável...