Com recuo da produção, País deixou de lançar 2 milhões de toneladas de gases do efeito estufa na atmosfera.
A crise financeira é ruim para o bolso, mas boa para a natureza. Segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), quase 2 milhões de toneladas de gases do efeito estufa deixaram de ser emitidas pela indústria brasileira entre novembro e abril.
A maior contribuição ambiental veio da indústria de ferro e aço, um dos setores que mais sentiram o baque da crise - em abril, o volume de exportação foi para um terço da média histórica. "As exportações atingiram o segundo índice mais baixo já registrado. China e Estados Unidos quase zeraram suas importações", explica José Aroudo Mota, coordenador de Meio Ambiente do IPEA, principal autor do estudo.
Com isso, economizou-se a emissão de 1,12 milhões de toneladas de CO2 equivalente. Para cada tonelada de aço produzida, emite-se em média 1,6 toneladas de carbono.
Em seguida aparece o setor automobilístico: 569 mil toneladas de CO2 deixaram de ir para a atmosfera, pelo cálculo de quanto combustível deixou de ser queimado. Na média entre gasolina e álcool, são liberados 195 gramas de carbono por quilômetro rodado, considerando que o veículo percorra 30 km em cinco anos.
A indústria do cimento foi a mais atingida pela crise, uma vez que os Estados Unidos cancelaram toda sua compra para três meses. De 40 milhões de quilos exportados por mês, em média, o setor exportou apenas 6 milhões em abril. O ganho ambiental, contudo, foi de apenas 54 mil toneladas de CO2 - para cada tonelada de cimento, 0,51 toneladas de carbono é emitida.
Por último, aparece a indústria do alumínio: 40 mil toneladas de carbono economizadas. Apesar de requerer muita energia em suas fábricas (em uma relação de 1 para 1,6, como acontece na indústria do aço), o benefício ambiental foi relativamente baixo porque o setor conseguiu recuperar, já no início desse ano, uma parte do mercado perdido.
O volume de CO2 economizado - 1,7 milhões de toneladas - renderia US$ 11 bilhões. Isso no mercado americano, em que o carbono vale menos do que no europeu.
VÉU DE FUMAÇA
A economia é pouca comparada ao tamanho do problema ambiental. Representa apenas 5,8% das 29 milhões de toneladas que a indústria paulista emite em um ano, por exemplo.
Além disso, com o reaquecimento econômico, a taxa de emissão volta ao patamar antigo, uma vez que o setor não é obrigado a repensar métodos de produção. "O Brasil quer manter o bem-estar, mas precisa olhar para a natureza. Para conseguirmos esse equilíbrio, precisamos investir em tecnologia e eficiência energética", diz Mota.
Nos Estados Unidos, o presidente Barack Obama condicionou a ajuda financeira às montadoras à aplicação de novos padrões de eficiência do motor, com o objetivo de economizar gases-estufa. "Por causa da crise, o governo interveio na economia mesmo que filosoficamente fosse contra. E, já que o fez, pode estabelecer condições", afirma Gylvan Meira Filho, pesquisador visitante do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP).
A lei brasileira não exige o detalhamento das emissões de gases-estufa. Contudo, o pesquisador do IPEA afirma que as empresas têm a informação e pede transparência e investimento em geração de conhecimento. Elas não divulgam, mas sabem quanto emitem. Se a indústria diz que polui “X”, não sabemos se é isso mesmo, porque não temos pesquisas sobre o assunto.
O entendimento vem de acordo com o nível cultural e intelectual de cada pessoa. A aprendizagem, o conhecimento e a sabedoria surgem da necessidade, da vontade e da perseverança de agregar novos valores aos antigos já existentes.
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