quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Crise financeira torna mais barato poluir

Preço dos créditos de carbono caiu drasticamente, reduzindo o incentivo para investimento no controle da poluição Os preços dos créditos de carbono negociados por companhias européias para compensar suas emissões de gases de efeito estufa caíram drasticamente nas últimas semanas, com a piora da crise financeira internacional. Além da queda no ritmo da atividade econômica - que conseqüentemente resulta em menor emissão de poluentes -, empresas começaram a vender seus títulos com o objetivo de fazer caixa para enfrentar os tempos de crédito escasso. O resultado é uma sobre oferta de certificados de emissão reduzida, que fez com que o preço da tonelada de carbono emitido caísse para 12 (US$ 15,58) - menos da metade do valor que estava sendo negociada em meados do ano passado. Antes do agravamento da crise financeira, a tonelada de carbono era cotada a 30 (US$ 38,94). A queda do preço do crédito de carbono a patamares tão baixos é preocupante por duas razões. Primeiro, elimina o incentivo para que as companhias façam investimentos em tecnologias de controle da poluição. Na Europa, o sistema voluntário de comércio de créditos de carbono, que corre paralelo ao mercado regulado pela Organização das Nações Unidas, tinha como objetivo estimular as empresas a reduzirem suas emissões de gases poluentes. Analistas afirmam que o preço por tonelada de emissões de carbono a pelo menos 20 é necessário para que o negócio seja lucrativo para as empresas. Por outro lado, os preços mais elevados dos créditos de carbono significam uma motivação maior para que as fábricas troquem de combustível e substituam carvão por gás natural para atender suas necessidades energéticas. Se for barato poluir, há menos interesse em fazer a conversão para energias mais limpas. O sistema de negociação de créditos de carbono da União Européia está atualmente em sua segunda fase de comercialização de títulos, que vai até 2012 - a primeira terminou no final de 2007. Se as empresas poluírem mais do que o permitido, elas são obrigadas a comprar títulos para compensar suas emissões, no mercado voluntário. Se poluírem menos, as empresas podem vender seus créditos não utilizados. CAIXA Atualmente, no entanto, com a relutância dos bancos em emprestar dinheiro às companhias, o mercado voluntário de carbono na Europa se mostrou um meio para que as empresas façam caixa e ganhem liquidez para enfrentar a crise. Um levantamento conduzido pela unidade alemã do jornal Financial Times mostra um número crescente de empresas de médio porte da Alemanha que estão vendendo créditos de carbono para cobrir rombos financeiros. O estudo do Financial Time descreve o caso de uma produtora de papel no sul da Alemanha, a Scheufelen, que evitou um completo colapso financeiro ao vender seus créditos de carbono em dezembro.O preço baixo dos créditos de carbono sugere que as empresas irão postergar melhorias tecnológicas e continuar sendo fábricas obsoletas e pouco eficientes por mais tempo. O resultado poderá ser muito mais poluição até que os preços tornem a subir. Em 2008, o mercado global de créditos de carbono movimentou US$ 116 bilhões - quase o dobro do valor negociado em 2007, de US$ 66 bilhões.

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