quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Polo de Camaçari aposta na pesquisa com biomateriais

O polo industrial de Camaçari, na Bahia, caminha para se tornar também um polo de inovação com foco em sustentabilidade. De lá estão saindo pesquisas no campo de biocompósitos (novos materiais de base vegetal) e biorrefinarias, novo conceito baseado no uso de matérias-primas "verdes" para produção de insumos e combustíveis. Em 2010, o polo ganhará o primeiro Centro Tecnológico de Biocompósitos da América Latina. As pesquisas mais adiantadas estão sendo conduzida pela Cetrel, empresa controlada pela Braskem que presta serviços de engenharia ambiental para as companhias do polo. Com experiência em gestão de resíduos industriais, a empresa iniciou, nos últimos três anos, estudos para transformar parte desses materiais em novos insumos. "A ideia central é que o resíduo de uma atividade produtiva seja o insumo de outras", diz Dênio Cidreira, diretor de negócios da Cetrel. Entre as frentes de inovação, estão os biocompósitos feitos de bagaço de cana-de-açúcar, um resíduo abundante em todo o País. "O bagaço, combinado com polietileno e polipropileno pós-consumo e cinzas de processos de incineração, pode ser transformado em diversos produtos", diz Cidreira. No início de 2010, os primeiros produtos resultantes dessa combinação começam a ser fabricados. Serão painéis para energia solar, banheiros químicos e madeira plástica, aplicada na construção civil. As parcerias para a fabricação desses produtos estão sendo definidas. No caso dos painéis para energia solar, a indústria será a Alpina, de São Paulo, e, para fabricação dos banheiros químicos, a Sasil. "As placas serão produzidas com bagaço de cana e o polietileno "verde" fabricado pela Braskem, também de cana-de-açúcar. O balanço de carbono será positivo", diz Cidreira, explicando que os biocompósitos têm capacidade de retirar mais CO2 da atmosfera do que emitir. Os estudos sobre biocompósitos abrem uma nova oportunidade de negócios para as empresas de engenharia ambiental. A Cetrel, que deve fechar 2009 com um faturamento de R$ 110 milhões, planeja dobrar o faturamento até 2012, com os produtos com foco em inovação.Para Cláudio Pádua, diretor científico da Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade (Escas), o conceito de amplo aproveitamento de resíduos como matéria-prima para fabricar outros produtos é tendência crescente no mundo todo. "Esse deverá ser o principal paradigma da indústria no século XXI", diz.

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