quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

RESINAS ABS

As resinas ABS (Acrilonitrila Butadieno Estireno) foram introduzidas comercialmente na década de 40. Desde então, as suas excelentes propriedades (brilho, resistência ao impacto, estabilidade térmica e química) bem como uma boa processabilidade, fazem com que esta resina esteja numa fase intermediária entre as resinas ‘‘commodities’’ e os plásticos de engenharia. Atualmente, este produto é o mais consumido entre os plásticos de engenharia e ocupa o 5º lugar entre os termoplásticos ‘‘commodities’’ mais consumidos (polietilenos, cloreto de polivinila - PVC, polipropileno e poliestireno). ASPECTOS GERAIS As resinas ABS são termoplásticos constituídos de acrilonitrila, butadieno e estireno. Através da variação das proporções destas matérias-primas obtém-se vários tipos de resina ABS para atender a uma variedade de aplicações, como componentes de veículos de transporte, utensílios domésticos e máquinas de escritório; brinquedos e construção civil (notadamente tubulações). As resinas ABS enfrentam competição de preços de outros termoplásticos substitutos como polipropileno, poliestireno e polietileno de alta densidade. Se for levado em conta o fator preço/densidade, o ABS é um dos materiais mais onerosos. O polipropileno já deslocou as resinas ABS na produção de alguns componentes automobilísticos devido à pressão de custos. Outro grande concorrente do ABS na produção de eletrodomésticos é o poliestireno (PS) de alto impacto que, devido à variável custos, substituiu-o no segmento de vídeo cassetes e, está deslocando-o na produção de componentes de refrigeradores e televisores. Porém, é importante destacar que a principal vantagem do ABS em relação aos demais termoplásticos é a sua alta resistência ao impacto. Portanto, o ABS é imbatível para certas aplicações cujas especificações exigem alta resistência ao impacto, como por exemplo, telefones celulares e microcomputadores portáteis. As resinas ABS também podem ser compostadas com outros polímeros, tais como policarbonatos (PC), resultando nos compostos ABS/PC, onde encontram aplicações na indústria automobilística e em bens de consumo. Os compostos ABS/PC têm boas perspectivas de crescimento, uma vez que apresentam a união das propriedades de um plástico com grau elevado de exigências técnicas (PC) com o preço atrativo do ABS, pois o PC tem um preço ainda mais elevado. Outro composto importante é o ABS/PVC, que permite melhor resistência contra incêndios. Nos últimos anos, o processo de polimerização contínua em massa se transformou no mais utilizado em escala mundial para a produção de resinas ABS, tendo em vista a possibilidade de obtenção de um produto de melhor processabilidade, apresentando vantagens quanto ao investimento envolvido e no aspecto de meio ambiente. Por outro lado, o processo de emulsão ainda é muito usado, notadamente nas unidades que foram implantadas na primeira metade da década de 80. As matérias-primas para a produção do ABS são: acrilonitrila, butadieno e estireno. Estes insumos têm uso maior para outras aplicações. Como exemplos podem ser citados os produtores de fibras acrílicas, que são os maiores consumidores de acrilonitrila, enquanto que a produção de SBR (borracha estireno butadieno) é o que mais demanda o butadieno e o PS é o responsável pelo maior consumo de estireno. O estireno é o item mais significativo de custo do ABS e, alguns dos grandes produtores mundiais de ABS também são líderes na produção de PS e estireno, como é o caso da Dow, da Chi-Mei e da Mitsubishi. CENÁRIO MUNDIAL A distribuição do consumo de ABS na América do Norte, Europa Ocidental e Japão, que representam cerca de 51 % da demanda mundial desta resina. Pode-se constatar que, os eletrodomésticos e automóveis são os principais consumidores nestas regiões. Não se pode computar toda a região asiática por falta de dados, principalmente da China. Os dados disponíveis daquela região (com exceção do Japão) indicam a grande predominância de eletrodomésticos sobre os demais. O consumo mundial de resinas ABS girou em torno de 3,2 milhões de toneladas em 1995 e, as principais regiões consumidoras foram a Ásia e a América do Norte. A alta participação da Ásia (exceto Japão) no consumo de ABS se explica pelo fato de que esta região, devido ao seu baixo custo de mão de obra, é responsável pela maior parte da produção mundial de bens de consumo destinados para exportação. Além disto, o seu mercado automobilístico é o que apresenta a maior taxa de crescimento no mundo, o que está atraindo investimentos por parte das montadoras. O segmento de resinas ABS é um exemplo claro das mudanças estruturais que ocorreram em muitos setores produtivos no mundo. Até 1985 os principais fornecedores eram europeus e americanos, seguidos dos japoneses. Porém, em decorrência do atual perfil de consumo mundial de ABS, a principal região produtora desta resina passou a ser a Ásia, cuja ascensão nos últimos dez anos. O maior país produtor é o Taiwan, seguido do Japão. Os grandes importadores de ABS também estão na Ásia (China, Tailândia e Hong Kong). O maior mercado - China - cresceu, em média, 25,4 % a.a. no período 1985-94. Este crescimento resultou em um volume anual das importações (entre 700 a 800 mil t/a), que atualmente é maior do que a demanda desta resina no mercado norte-americano. Portanto, a região asiática continua apresentando ‘‘deficit’’ quanto à produção de ABS, tendo importado 223 mil t em 1994, o que representou ao redor de 12 % das suas necessidades daquele ano. Apenas um fabricante de Taiwan - a Chi Mei Industrial Co. controla mais de 20% do mercado mundial (vide gráfico 5 a seguir), tendo uma capacidade de 1 milhão de t/a. Seu ‘‘market share’’ é maior do que o total das onze principais produtoras japonesas. Seu domínio é tal que, segundo algumas fontes, as especificações técnicas das resinas ABS consumidas pelos fabricantes japoneses de automóveis e de utensílios domésticos giram em torno dos ‘‘grades’’ das resinas ABS da Chi Mei. Boa parte das vendas desta empresa é dirigida à China, que atualmente é grande exportadora de utensílios domésticos. É importante também ressaltar que, esta empresa está ampliando as suas instalações em Taiwan, a ser concluído no final de 1997. Somente este acréscimo, de 200 mil t/a, representa aproximadamente 4% da atual capacidade produtiva mundial, o que demonstra assim que este fabricante pretende manter a sua supremacia neste setor. Como exemplo do domínio desta empresa neste segmento, basta comparar este projeto com a demanda estimada (146 mil t.) para 1996 das outras regiões do mundo (América Latina, África e Oceania). Em 1995 ocorreu uma importante reestruturação do setor, com a compra pela Bayer de todo o negócio ABS da Monsanto, com exceção da planta tailandesa, que foi vendida para os sócios locais. A principal razão da saída da Monsanto foi a falta de produção própria de estireno, bem como da estratégia da empresa de se concentrar seus esforços em P & D na biotecnologia, o que implicaria na redução de sua competitividade no segmento ABS a longo prazo. Em janeiro 1997, a Bayer também assumiu o controle acionário da CPB (Central de Polímeros da Bahia), que é a maior produtora brasileira de ABS. Com estas aquisições, a Bayer passou a ser a 3a maior produtora mundial de resinas ABS. Outro exemplo de reestruturação é o processo de fusão, dos negócios ABS, entre a Japan Synthetic Rubber e a Mitsubishi Chemicals para formar a Techno Polymer, que passou a ser a 5ª maior produtora mundial. Como os termoplásticos em geral, as resinas ABS tiveram o seu melhor ano em 1994, como se pode observar no gráfico 6 pelo nível de utilização das plantas industriais. Naquele ano, os termoplásticos concorrentes tiveram uma alta de preços na qual provocou uma reação dos consumidores a ponto de substituí-los pela ABS. Porém, devido à reversão do mercado de termoplásticos no 20 semestre 1995, as resinas ABS também tiveram uma redução significativa no nível de utilização das plantas e, conseqüentemente, baixa de preços e margens. Em 1996 os preços continuaram estagnados, com ligeira queda em setembro último. Em linhas gerais, espera-se para os próximos anos taxas razoáveis de crescimento no consumo de resinas ABS para todos os segmentos, à exceção do automobilístico. A Chem Systems projeta um crescimento de mercado de 5% a 6% a.a., até o ano 2000, para o mercado mundial de resinas ABS. Para os ´próximos anos, a Chem Systems e a GE Plastics esperam um crescimento de 10% a.a. para o mercado asiático (com exceção do Japão). Por outro lado, essas duas empresas projetam um crescimento do mercado americano em torno de 2% a 4% a.a., enquanto que para a Europa Ocidental e o Japão é esperado um crescimento menor que 2% a.a.. Caso estas projeções se confirmem, a região asiática (exceto Japão) deverá aumentar a sua participação no consumo mundial de resinas ABS para 45% em 2006, enquanto que o Japão tenderá reduzir para 9%. Esta empresa de consultoria também prevê que a Ásia será uma região exportadora de ABS antes do final da década, face aos novos projetos ora em execução. CENÁRIO MERCOSUL Estima-se que os principais países do Mercosul (Brasil, Argentina e Chile) consumiram, em 1995, aproximadamente 37 mil t de resinas ABS, representando pouco mais de 1 % do consumo mundial naquele ano. Em 1996 ocorreram duas importantes modificações: a Nitriflex expandiu a sua planta em mais 10.000 t/a no 2º semestre, e a Monsanto saiu da empresa argentina Unistar. Já no princípio de 1997, conforme já mencionado anteriormente, ocorreu a compra de 2/3 do capital votante da CPB (Brasil) pela Bayer. A capacidade instalada (base novembro 96) nesta região é de 76 mil t/a, distribuída em três empresas. Destas três empresas, a única que tem ligações acionárias (minoritárias) com os produtores de estireno e de acrilonitrila é a CPB. CENÁRIO BRASILEIRO No Brasil, o perfil de consumo é bastante diferente do padrão mundial supracitado. Como se pode observar no gráfico a seguir, o setor automobilístico é de longe o maior consumidor de ABS. Atualmente, estas resinas representam 6,5% do total de plásticos consumidos para a produção de automóveis no Brasil. Nos últimos 10 anos o mercado de ABS no Brasil passou a ficar estagnado, devido em parte à concorrência com o polipropileno e o poliestireno expandido. Basta dizer que, somente em 1995 a demanda voltou ao nível alcançado em 1989. Além disto, as empresas locais convivem com a ameaça das resinas importadas, que em 1995 já representaram 12% do consumo interno. Para enfrentar esta concorrência, a Nitriflex, por exemplo, está procurando entrar no ramo das especialidades produzindo compostos de ABS/PC e ABS antichama. Tendo em vista os investimentos programados pela indústria automobilística, o crescimento da demanda de ABS no Brasil poderá ser retomado. Entretanto, este mercado tenderá a ser mais dinâmico somente se as empresas forem mais atuantes no lançamento de novos compostos, que poderão ser obtidos através de investimentos mais expressivos em P&D ou através de associações com empresas detentoras de ‘‘know-how” apropriado. A segunda premissa está mais clara como estratégia adotada, recentemente pelas empresas. Exemplos: 1) a Nitriflex, que há pouco realizou um acordo técnico com a empresa holandesa DSM, reduziu em 25% os desembolsos em P&D no período 1991/95; e 2) a ocorrência recente da venda do controle acionário da CPB para a Bayer. CONCLUSÃO O grande destaque é o alto dinamismo do mercado asiático (exceto Japão) de ABS, e há previsões de que o consumo nesta região poderá inclusive superar a demanda de todos os países desenvolvidos (América do Norte, Europa e Japão), a partir do ano 2000. O MERCOSUL, por sua vez, por apresentar uma tendência crescente de adoção do modelo importador de bens de consumo duráveis e de componentes para indústria automobilística, tende a apresentar moderadas taxas de crescimento do mercado. Tudo leva a crer, inclusive, que os produtores locais poderão sofrer concorrência crescente de resinas ABS, provenientes da Ásia, face às expressivas expansões ali programadas.No tocante ao mercado brasileiro, por ser este parte do MERCOSUL, as condições de forte concorrência de resinas ABS provenientes do exterior, basicamente Ásia, serão na mesma intensidade. Contudo, o mercado nacional está buscando alternativas no segmento de compostos, tais como ABS/PC - ABS/PVC, que contam com boas perspectivas de crescimento do consumo até o ano 2000.

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