O mundo pode escolher
entre 6 e 16 bilhões de habitantes em 2.100
O futuro é uma página
em branco na qual podemos escrever nosso destino, respeitando as limitações e
as circunstâncias históricas. O futuro da economia e da população depende das
decisões que se tomam no presente e das medidas colocadas em prática nas
décadas subsequentes.
Em relação ao futuro
da população mundial, as projeções da Divisão de População da ONU apontam para
três cenários até 2100, que variam de 6 a 16 bilhões de habitantes. O número
que será atingido vai depender, fundamentalmente, do comportamento das taxas de
fecundidade. A redução das taxas de mortalidade e o aumento da esperança de
vida também afetam o resultado final, mas em uma proporção bem menor do que o
ritmo dos nascimentos.
A Divisão de
População estima que a esperança de vida média do mundo vai aumentar de 68 anos
em 2010 para 81 anos em 2100. O que é um cenário bastante positivo e otimista e
mostra que as pessoas devem viver mais tempo e obter maiores retornos dos
investimentos em educação e qualidade de vida.
Mas as grandes
diferenças nas projeções ocorrem quando se considera as variações nas taxas de
fecundidade. Não se trata de grandes variações no número médio de filhos, pois
meio filho (0,5 filho) para baixo ou para cima da taxa de reposição (2,1 filhos
por mulher) tem como resultado uma variação de cerca de 10 bilhões de
habitantes no número a ser atingido em 2100.
A Taxa de Fecundidade
Total (TFT) mundial estava em torno de 2,5 filhos por mulher no quinquênio
2005-2010. Se esta taxa permanecer neste nível até o final do século, então a
população mundial chegará a cerca de 16 bilhões de habitantes em 2100.
Se a TFT cair meio
filho, ou seja, para algo em torno de 2,1 filhos por mulher até 2050 e
permanecer neste nível, então a população mundial chegará a 10 bilhões de
habitantes em 2100.
Porém, se a queda da
fecundidade for mais rápida e mais profunda o resultado será uma diminuição do
montante absoluto da população na segunda metade do corrente século. Caso a TFT
cai para 2,1 filhos por mulher até 2025 e continue caindo até 1,6 filhos por
mulher por volta de 2075, então a população mundial aumentaria até 8 bilhões em
meados do corrente século e depois cairia para algo em torno de 6 bilhões em
2100.
Desta forma, a
Divisão de População da ONU mostra que no cenário de fecundidade média (2,1
filhos) da projeção a população mundial chegaria a 10 bilhões de habitantes em
2100. No cenário de fecundidade alta (2,5 filhos), a população chegaria a 16
bilhões no final do século. E no cenário de fecundidade baixa (1,6 filhos) a
população ficaria em torno de 6 bilhões de habitantes em 2100.
Portanto, as
possibilidades são bem variadas e o mundo pode escolher qual o montante de
população gostaria de ter, em um leque de opções que varia de 6 a 16 bilhões de
habitantes. Em termos de taxas de fecundidade o leque varia entre 1,6 filhos e
2,5 filhos por mulher. Se a comunidade internacional optar por um número menor
de pessoas terá que colocar em prática a meta 5b dos Objetivos do
Desenvolvimento do Milênio que trata da universalização dos serviços de saúde
reprodutiva.
O planejamento familiar
não tem efeito retroativo, mas possui grande efeito prospectivo.
Evidentemente,
qualquer opção tem que ser feita de maneira democrática e respeitando os
direitos reprodutivos. Também precisa ser uma escolha discutida e refletida de
maneira racional e consciente. Infelizmente, a Rio + 20 não agendou de maneira
adequada este tema, pois quando se trata de debater as questões populacionais
as ideologias e as crenças religiosas costumam falar mais alto e muitas pessoas
preferem o silêncio.
Todavia, as alternativas
estão colocadas e são de domínio público. O mundo pode escolher qual o caminho
que deseja seguir: se prefere mais gente com menos consumo; menos gente com
mais consumo per capita; ou mesmo, menos gente e menos consumo, com menor
impacto ambiental.
O leque de opções é
amplo. Só não dá para manter o ritmo de crescimento de 78 milhões de pessoas a
cada ano e um crescimento ainda maior da produção e do consumo. As atividades
antrópicas já ultrapassaram o limite da sustentabilidade do Planeta.
Os atuais governantes
dos diversos países do mundo, que vão estar reunidos no Rio de Janeiro, em
junho de 2012, não podem usar como desculpa o fato de desconhecerem as
alternativas colocadas. Vale a pena lembrar que a inação e a omissão são as
piores formas de ação. (EcoDebate)
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