‘Em 2050, mais de 50 milhões vão passar fome por causa das
mudanças climáticas’
Negociador climático das Filipinas que fez greve de fome na reunião do
IPCC do ano passado pediu apoio de todos os países e metas mais ambiciosas para
combater o aquecimento global e os impactos desse fenômeno
O negociador
climático das Filipinas que fez greve de fome na reunião do IPCC do ano passado
pediu, em artigo no jornal britânico The Guardian, que todos os governos se
juntem na luta contra o aquecimento global. "Pessoas em todo o mundo já
estão sentindo as mudanças climáticas. Infelizmente, poucos governos e grandes
corporações estão levando esse assunto a sério", disse Naderev Saño,
principal delegado do país.
Na última reunião
do painel, Saño foi às lágrimas ao pedir, durante a sessão de abertura da 19ª
Conferência do Clima da ONU, em Varsóvia, na Polônia, por metas mais ambiciosas
de redução das emissões de gases de efeito estufa, assim como por financiamento
climático para medidas de adaptação e de compensação para os países que já
estão sofrendo com as mudanças climáticas. Na época o país estava se
reconstruindo depois da passagem do tufão Haiyan, que matou mais de 10 mil
pessoas.
No texto publicado
no The Guardian, ele diz o país está até hoje devastado depois da passagem do
tufão. "Milhares de pessoas morreram e milhões perderam suas casas e suas
formas de sustento. Minha própria família testemunhou a tempestade de
perto."
Ele afirmou que uma
crise alimentar se aproxima com os piores impactos das mudanças climáticas e
que eventos nas Filipinas mostram como os sistemas alimentares estão despreparados
para o desafio. "Em 2050, mais 50 milhões de pessoas - o equivalente à
população da Espanha - vão correr risco de passar fome por causa das mudanças
climáticas."
Saño pediu a
cooperação de todos os países, principalmente na ajuda aos mais pobres e mais
vulneráveis, para impedir que milhões de pessoas sofram com a fome nas próximas
duas décadas por causa dos impactos do aquecimento global, "que já estão
ocorrendo".
"Precisamos
também de redução urgente e ambiciosa de emissões para evitar uma descontrolada
crise alimentar global, que poderia ter graves repercussões para a vida de
nossos filhos. Nossa dependência de energia suja fica no caminho de uma solução
global para o problema das alterações climáticas e dos alimentos. Temos que
acabar com essa 'gula' de combustíveis fósseis", afirmou no artigo do The
Guardian. "Estamos em guerra contra as mudanças climáticas e contra a
fome. É uma guerra que não nos podemos dar ao luxo de perder. Mas também uma
guerra que acredito que podemos vencer juntos." (OESP)
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