segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Candidatos ignoram maior crise hídrica da história

Candidatos ignoram maior crise hídrica da história, diz diretor da SOS Mata Atlântica
Embora o Brasil viva a maior crise hídrica de sua história, o tema está à margem do debate eleitoral, afirma o geógrafo Mário Mantovani, diretor da organização SOS Mata Atlântica.
Sistema da Cantareira já está utilizando o volume morto para abastecimento de água
“Nenhum candidato tem dado à questão a atenção que ela merece, o que diz muito sobre o forte retrocesso que tem havido na agenda ambiental brasileira”, ele afirma. A crise hídrica só entrou no debate eleitoral nos estados que enfrentam situação mais crítica, como São Paulo.
Em entrevista à BBC Brasil, Mantovani cita duas ações humanas que, segundo ele, ajudam a explicar o cenário atual. Uma delas é o desmatamento na Amazônia, que teria alterado o regime de chuvas no Centro-Sul do país. A outra, o afrouxamento das regras de proteção florestal nas margens de rios, chancelada pelo novo Código Florestal.
“Desde 1973, não conheço momento que foi pior para o meio ambiente. Este governo riscou o setor ambiental do mapa”, diz Mantovani. Segundo ele, a presidente Dilma Rousseff encara a área unicamente como empecilho para a autorização de grandes obras.
O governo federal rejeita as críticas (leia abaixo a resposta do secretário Executivo do Meio Ambiente, Francisco Gaetani).
A SOS Mata Atlântica elaborou 14 propostas para os presidenciáveis. Das quatro que tratam da gestão das águas, Mantovani destaca duas: incluir a sociedade nos comitês que gerem as bacias hidrográficas e cobrar pelo uso de água de todos os usuários, especialmente agricultores. Hoje isento de custos, o grupo é responsável por 80% do consumo de água no país, segundo ele.
A BBC Brasil entrevistou Mantovani na mesma semana em que três notícias agravaram as preocupações com a crise hídrica nacional. Em Minas, o diretor do Parque Nacional da Serra da Canastra, Luiz Arthur Castanheira, anunciou que a principal nascente do rio São Francisco secou; em Itu (SP), um protesto contra a falta d’água terminou em confronto com a polícia militar; e o pesquisador da Unicamp, Antônio Carlos Zuffo, afirmou que água do sistema Cantareira, principal fonte de abastecimento da cidade de São Paulo, pode acabar em 50 dias.
Principais trechos da entrevista:
BBC Brasil – Você escreveu que a crise hídrica é no fundo uma crise ambiental. Por quê?
Mário Mantovani: Essa crise mostrou que APP (Área de Preservação Permanente) de cinco metros nas beiras de rio, a “escadinha” que o Ministério do Meio Ambiente propôs no Código Florestal, era uma farsa. Não pode haver no mesmo rio um proprietário com cinco metros de proteção, outro com 30 metros e outro com 15.
Aqueles torrões secos nas imagens das represas são causados por erosão laminar. São filos que vão se depositando conforme a água baixa e formam blocos. Foi a primeira vez que a hidrovia do Tietê parou em São Paulo. O rio está sem proteção.
Todo ano temos 20 centímetros de erosão laminar na hidrovia. Em dez anos, são dois metros de terra que vão parar dentro da represa. Na mesma represa, em Avanhandava, por causa do adubo que se usa e que vai parar na água, a proliferação de algas é violentíssima.
Outro problema é que no sistema Cantareira (principal fonte de abastecimento da cidade de São Paulo), assim como em qualquer parte do Brasil, 80% da água é usada para a agricultura. O Brasil exporta água em forma de produtos agrícolas, mas essa conta não é feita. A água não é um insumo que tenha valor.
BBC Brasil – Como resolver esse problema?
Mário Mantovani: Se a bacia tiver estresse hídrico, o comitê que faz sua gestão tem que dar menos outorgas para a agricultura. Há pivôs (máquinas para irrigação) no Brasil sem nenhum controle. Na região metropolitana de São Paulo, nas cabeceiras do Tietê, onde a água é pouca, não existe um cadastro dos irrigantes.
Quando o Banco do Brasil financia um agricultor na beira d’água, tem que cobrar que ele faça curva de nível, terraçamento, que cuide da Reserva Legal, da APP.
BBC Brasil – A seca não é a maior responsável pela falta d’água?
Mário Mantovani: As secas acontecem há muito tempo. O que existe é um encurtamento dos intervalos entre uma e outra. A evapotranspiração (água lançada na atmosfera pelas árvores) da Amazônia diminuiu absurdamente. Estamos falando de água que precipitava no Centro-Oeste, no Sul e no Sudeste. Mudou o regime de chuvas, mudou o regime de ventos, mudou o regime de umidade.
É evidente que estamos passando por uma crise muito grande. Quando se fala de clima, parece que é coisa de Deus. Mas estou falando de coisas práticas que dependem da gente: erosão, manejo de solo.
BBC Brasil – O governo diz que as taxas de desmatamento estão nos níveis mais baixos da história.
Mário Mantovani: Do ponto de vista da Mata Atlântica, que só tem 8% da área original, não existe ação de governo. O desmatamento continua ocorrendo. É aquilo que prevíamos com o Código Florestal. Ficou evidente que os donos de terra aproveitaram a aprovação do código e meteram fogo.
Hoje 80% da madeira que sai do Brasil é ilegal. Continua uma barbárie sem nenhum controle. Desde 1973, não conheço momento que foi pior para o meio ambiente. Este governo riscou o setor ambiental do mapa. Ele reduziu o meio ambiente a licenciamento (etapa para autorização de obras), jogando nele a culpa por sua incompetência em realizar transposições, Belo Monte etc.
Na ditadura acompanhei a construção das usinas de Balbina, Tucuruí, a rodovia Transamazônica. Eram projetos dos militares. Estamos vendo o mesmo filme, só que agora é mais perverso, porque naquela época não havia mecanismos para reduzir impactos.
O Brasil deixou de buscar as alternativas em energia. Todos os parques eólicos do Brasil em 2014 estão desligados, não estão interligados na rede.
BBC Brasil – A crise hídrica tem recebido espaço adequado no debate eleitoral?
Mário Mantovani: Nenhum candidato (à Presidência) tem dado à questão a atenção que ela merece, o que diz muito sobre o forte retrocesso que tem havido na agenda ambiental brasileira. Fico preocupado quando falamos de crise da água pensando só no abastecimento. Hoje 80% dos rios no Brasil recebem esgoto, como na época medieval.
O cocô da casa cai no primeiro córrego e vai para outro, que contamina rios e tudo. No Brasil 80% das doenças são de origem hídrica, como na África. Você vê um candidato falando em construir hospitais, mas não em evitar doenças.
Nossa relação com a floresta era de usurpá-la. Durante muitos anos só se regularizava terra se derrubasse a floresta. Nossa relação com a água é igual. Quando se fala em cobrar pelo uso de água na agricultura, a bancada ruralista é contra. Isso sabota qualquer política de água que o Brasil pudesse ter.
BBC Brasil – Os principais candidatos à Presidência dizem ter como prioridade o desenvolvimento e o crescimento do PIB. A preservação ambiental é compatível com essa lógica?
Mário Mantovani: Claro. Veja as melhores empresas. O Wal Mart disse a todos os fornecedores que só aceitará os que tiverem sustentabilidade. A Souza Cruz (fabricante de cigarros) tem o menor uso de veneno do mundo, porque sabe que custa caro.
As empresas de celulose no Brasil são as melhores do mundo, porque têm mais do que 20% da Reserva Legal, proteção maior do que 30 metros de cada lado do rio. Passou a ser um ativo estar acima da legislação ambiental.
Veja abaixo os principais trechos da resposta do secretário executivo do Meio Ambiente, Francisco Gaetani:
– A energia hidrelétrica é uma opção estratégica do país e a ecologicamente mais adequada. O foco nos gargalos de infraestrutura é fundamental para o desenvolvimento nacional. O licenciamento ambiental vem se especializando e modernizando. As decisões do Ibama têm sido fundamentadas e validadas pela Justiça;
– O desmatamento na Amazônia teve as taxas de expansão mais baixas das últimas décadas. A Política Nacional de Resíduos Sólidos foi criada e está sendo implementada. A Política Nacional de Mudança Climática é uma realidade. Um novo Código Florestal – equilibrado e aderente à realidade brasileira – foi aprovado e se encontra em processo de implementação. Este é um excepcional momento da agenda ambiental no país;
– É preciso distinguir o desmatamento legal do ilegal. A Mata Atlântica abrange um vasto conjunto de Estados brasileiros. O combate ao desmatamento ilegal depende não apenas do governo federal mas também dos órgãos estaduais. O Governo prepara um Plano Nacional de Recuperação de Vegetação Nativa para ser implementado após a implementação do Cadastro Ambiental Rural;
– A agenda de saneamento básico é um dos maiores desafios nacionais, embora dependa fundamentalmente da ação de Estados e municípios. O Ministério das Cidades tem mudado o patamar dos investimentos destinados a enfrentar o problema;
– O Conselho Nacional de Recursos Hídricos conta com a ativa participação da sociedade civil. Os comitês federais de bacias são muitos e todos contam a participação da sociedade civil, conforme previsto em lei. (ecodebate)

Cantareira volta a cair e chega a 7,1%

Reservatórios do Alto Tietê, Alto Cotia e Guarapiranga foram beneficiados por chuvas.
Após um dia de estabilidade, o reservatório do Sistema Cantareira voltou a cair e agora opera com 7,1% neste domingo (28). A marca é a mais baixa em toda a história das medições da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo). Já as outras represas também tiveram seus respectivos volumes alterados. O Sistema Alto Tietê aumentou 0,2% e chegou aos 12,5% de capacidade. A represa do Guarapiranga recuperou 0,1% e agora opera com 52,2%. O Sistema Alto Cotia também cresceu 0,4% e agora totaliza 35,9%.
Reservatório chega a 7,1% da capacidade mesmo após chuva moderada; para especialistas, reversão de quadro depende de meses de chuva.
Chuvas não atingiram o Sistema Cantareira que segue caindo
O secretário de Estado de Recursos Hídricos, Mauro Arce, afirmou em 25/09/14 que a primeira cota do volume morto da Cantareira deve terminar em 57 dias, caso o nível siga recuando no ritmo atual.
— [A capacidade de abastecimento da atual cota da reserva técnica] vai até 21 de novembro com o volume que eu tenho.
A reserva estratégica começou a ser utilizada no dia 16 de maio deste ano, quando o nível do Cantareira estava em 8,2%. Com a adição do volume morto [que incorporou 18,5% sobre o volume total do sistema de 982,07 bilhões de litros], a quantidade de água do reservatório havia subido para 26,7%. (r7)

Chuva que atinge São Paulo não chega ao Sistema Cantareira

O maior dos mananciais passa pela pior seca na sua história, foi o que menos recebeu chuva.
A chuva que atingiu de forma moderada toda a cidade de São Paulo na tarde de 26/09/14 não chegou com força à região do sistema Cantareira.
Chuva provoca alagamento no Elevado Costa e Silva, em Santa Cecília, região central de São Paulo.
A informação é do CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências), da Prefeitura de São Paulo e da Somar Meteorologia.3
Em São Paulo, mesmo com chuva moderada, houve alagamento do elevado Costa e Silva, na região central da cidade.
Segundo o CGE, a chuva também atingiu de maneira moderada os mananciais do Alto Tietê, Guarapiranga, Alto Cotia, Rio Grande e Rio Claro, que abastecem a grande de São Paulo. O sistema Cantareira, o maior dos mananciais e que passa pela pior seca na sua história, foi o que menos recebeu chuva nesta tarde.
De acordo com a Somar, não há previsão de que a chuva aumente sobre o manancial nesta tarde.
Segundo especialistas, para reverter o estado crítico de estiagem no Cantareira, serão necessários meses de chuvas constantes na região. Nesta sexta, o Cantareira registra 7,2% de sua capacidade. Há um ano, esse índice era de 41,3%.
O secretário de Recursos Hídricos de São Paulo, Mauro Arce, avaliou em 25/09/14 que se o volume de chuvas em São Paulo se mantiver no atual patamar nos próximos meses a expectativa é de que a segunda cota do volume morto do Sistema Cantareira comece a ser usada a partir de 21 de novembro. (tnonline)

Água do sistema Cantareira pode acabar?

Você já deve saber que nossa água está acabando. Assim, quando me deparei com o secretário de recursos hídricos do Estado, Mauro Arce, e o presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu, em um mesmo palco, dispostos a responder perguntas, não resisti: “Se nos próximos 12 meses as chuvas forem semelhantes às que ocorreram nos últimos 12 meses, os 6 milhões de paulistanos que dependem exclusivamente do Sistema Cantareira terão água em 2015?” A pergunta é simples e não exige adivinhação, pois não questiona se vai chover. Simplesmente solicita a construção de um cenário a partir de dados já conhecidos. O sr. Andreu respondeu: “Se nós tivermos um ano parecido com esse, não teremos uma resposta satisfatórias na região metropolitana no ano de 2015”. O sr. Arce divagou sobre o que ocorreria se nunca mais chovesse. Fiquei sem resposta. Afinal, a água do Cantareira pode acabar?
Se os responsáveis pela ANA e pela Sabesp se recusam a nos contar o que pode acontecer em 2015, só me resta uma opção: tentar construir com você, caro leitor, os cenários mais prováveis. Isso é possível porque os dados necessários são atualizados diariamente em uma série de tabelas e gráficos publicados no site da ANA.
Convido a olhar com cuidado o gráfico acima. Ele mostra a quantidade de água estocada no Sistema Cantareira ao longo de cada ano, de 1982 até o presente. No eixo horizontal estão as datas. Cada linha vertical marca o início de um ano. No eixo vertical está o volume de água acumulada nos reservatórios do Cantareira em milhões de metros cúbicos (hm³). Este número vai de zero (reservatório seco) a 1.460, reservatório transbordando, totalmente cheio. Você também pode ver uma linha horizontal no valor 486, que separa o volume “vivo”, que pode ser retirado sem uso de bombas (entre 1.460 e 486) e o volume “morto” (entre 486 e 0), que só pode ser retirado por bombeamento.
É fácil verificar que todos os anos o nível do reservatório sobe e desce. Ele enche logo após o ano-novo (período de chuvas), se estabiliza antes da metade do ano, e esvazia na segunda metade do ano (período de secas). Mas o quanto ele enche e esvazia varia de ano para ano, dependendo de quanto chove e de quanta água é retirada. Veja o ano de 1999: ele iniciou com aproximadamente 1.050 hm³, subiu até 1.430 e desceu para 1.030. Em 1999, a água que entrou foi quase igual a água que saiu. Já em 1987, o reservatório começou com 860, subiu para 1.420 e só baixou para 1.200. Naquele ano entrou mais água do que saiu.
Acompanhe agora o que aconteceu a partir de 2010. Em 2010 o reservatório chegou ao seu máximo, 1.460, e caiu para 1.200, no ano seguinte (2011) ele subiu para 1.400 e terminou em 1.150. Em 2012, ele subiu muito pouco e terminou o ano em 950. O ano de 2013 já foi trágico, a subida foi pequena e a queda foi grande, e acabamos 2013 já com um pouco mais de 700 hm³, um dos menores níveis históricos. Foram quatro anos em que os níveis registrados em dezembro sofreram quedas grandes e sucessivas. E aí veio 2014, um ano em que ocorreu um fenômeno nunca antes observado. O ano de 2014 foi o único em que o reservatório nem sequer encheu, a quantidade de água armazenada caiu continuamente. Iniciou o ano com 700 hm³ e agora em setembro estamos com somente 370 hm³. Veja que em setembro de 2013 estávamos com 870 hm³. A queda nos últimos 12 meses foi de 500 hm³.
Agora, caro leitor, eu pergunto, você é capaz de responder a pergunta que a Sabesp e a ANA se recusaram a responder? Se os próximos 12 meses (setembro de 2014 a setembro de 2015) forem iguais aos 12 meses anteriores (setembro de 2013 a setembro de 2014), qual cenário enfrentaremos em setembro de 2015? É fácil, mas trágico. Se nos próximos 12 meses o nível cair 500 hm³ (como caiu nos últimos 12 meses), chegaremos muito antes de setembro ao nível zero, pois hoje só temos 370 hm³ no Cantareira. Esta é a resposta simples e objetiva. Se tudo se repetir, milhões de pessoas vão ficar sem uma gota de água. Simples assim.
Mas talvez não seja correto ser tão pessimista, vamos imaginar que as chuvas do fim do ano acrescentem 200 hm³ ao reservatório, como aconteceu em 1985, 1988 e 2011. O nível vai passar de 370 para 570. Mas se continuarmos a tirar água como tiramos neste ano, vai cair para quase zero novamente, e as pessoas vão ficar sem água.
Mas o melhor seria se São Pedro ajudasse e repetíssemos em 2015 o que ocorreu em 1987, o reservatório subisse 650 hm³ em um único ano (o recorde). Aí passaríamos de 370 para 920 e se retirássemos os mesmos 500 acabaríamos o ano com 420 hm³, um pouco abaixo do limite do volume morto. Melhor, mas ainda preocupante.
É claro que estes cenários são os mais crus que um leigo educado pode deduzir a partir dos dados disponíveis. Eles assumem que a Sabesp não vai mudar a maneira como está retirando água do Cantareira e assumem que é possível retirar até a última gota do reservatório, o que não é verdade. O fato é que muito antes de o volume acumulado nos reservatórios chegar a zero não haverá água sequer para organizar um rodízio ou racionamento forçado.
Senhor secretário, senhor presidente da ANA, não fiquem acanhados em mostrar o que está errado nesses cenários criados por um simples biólogo. Todos gostaríamos de saber com que cenários a Sabesp e a ANA trabalham. Quais são seus cenários? Sei que devo estar errado nos detalhes, mas todos gostaríamos de saber o que teremos de enfrentar em 2015. Afirmar que teremos água até março não é suficiente. Afinal, é a vida cotidiana de milhões de pessoas que está em jogo.
Se outros cenários não forem descritos e justificados, só me resta acreditar que estes cenários, simples, mas lógicos, representam em grande parte o que nos espera em 2015. (OESP)

Governo diz que 1ª reserva do Cantareira pode zerar em 57 dias

Governo diz que 1ª reserva do Cantareira pode zerar em 57 dias
Cálculo de secretario de Alckmin aponta que a segunda cota do volume morto do manancial deve ser captada a partir de 21 de novembro pela Sabesp.
O secretário paulista de Saneamento e Recursos Hídricos, Mauro Arce, previu nesta quinta-feira, 25, que a primeira cota do volume morto do Sistema Cantareira deve durar até o dia 21 de novembro, ou seja, 56 dias, se a quantidade de água que chega aos reservatórios continuar como estão, 30% da média histórica. Restam hoje nas represas apenas 72,3 bilhões de litros da reserva profunda do manancial, que começou a ser bombeada no dia 31 de maio, para atender cerca de 6,5 milhões de pessoas só na Grande São Paulo. 
“Continuando sem chover, o atual volume do Cantareira nos garantiria (...) até o dia 21 de novembro, com o volume que eu tenho hoje”, disse Arce, durante visita ao Parque Várzeas do Tietê, na zona leste de São Paulo, ao lado do governador Geraldo Alckmin (PSDB). Segundo ele, assim que a primeira reserva esgotar-se, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) iniciará a retirada da segunda cota, de 106 bilhões de litros.
Em 25/09/14 o nível do Cantareira chegou a 7,4% da capacidade, o mais baixo da história.
A concessionária está finalizando as obras na Represa Jacareí, em Joanópolis, para poder retirar água das profundezas do reservatório. O uso dessa segunda cota, contudo, ainda não foi liberado pelos órgãos gestores do manancial, e é alvo de discórdia entre o presidente da Agência Nacional das Águas (ANA), Vicente Andreu, e Arce. O dirigente do órgão federal cobra um plano de contingência da Sabesp e a preservação de uma parte da reserva para o fim deste ano. O governo Alckmin, contudo, conta com esse volume para garantir o abastecimento da Grande São Paulo até março de 2015 sem decretar racionamento oficial de água.
“Nós estamos preparados (para captar). Mas talvez nem precise da chamada segunda reserva técnica”, disse Alckmin, que acredita que a chegada da temporada de chuvas, que vai de outubro a março, amenize a crise do Cantareira e ajude a recompor o nível das represas. Há três meses, o tucano havia descartado o uso da segunda cota do volume morto.
Nas agendas públicas, Alckmin repetia aos jornalistas que aprendera com seu pai que “chove em mês com ‘r’”, sugerindo que começaria a chover a partir de setembro. Passados 25 dias deste mês, porém, choveu no Cantareira apenas 40 milímetros, menos da metade da média histórica, de 91,9 milímetros, conforme dados divulgados pela Sabesp.
De acordo com diário da ANA e do Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE), o volume de água que tem chegado às cinco represas que formam o Cantareira corresponde a apenas 30,7% da média histórica de setembro. Pelo nono mês seguido, a vazão afluente ao sistema bate recorde negativo, ficando abaixo do pior índice para o período em 84 anos de levantamento. 
Enquanto tem chegado ao sistema 6,86 mil litros por segundo, 23 mil litros por segundo têm sido retirados das represas para abastecer 6,5 milhões de pessoas na Grande São Paulo e cerca de 5 milhões na região de Campinas. Diante desse cenário, o Cantareira deve encerrar setembro com um déficit de aproximadamente 40 bilhões de litros. Neste mês, a ANA divulgou um acordo com o governo paulista para reduzir a retirada do Cantareira em 2,6 mil litros por segundo até novembro, mas Arce negou. O impasse causou troca de acusações entre os dirigentes e a saída da agência federal do comitê anticrise do sistema.
Esgoto
Mauro Arce disse nesta quinta que o governo Alckmin está isentando da cobrança da taxa de esgoto quem substituir o uso de água superficial por captação em poços artesianos. Como o valor cobrado pelo esgoto corresponde ao valor gasto com água, a Sabesp costuma calcular uma taxa de esgoto para quem capta água subterrânea. Agora, eles ficarão isentos dessa cobrança durante a crise de estiagem em São Paulo.
Nesta semana, o Estado revelou que a gestão Fernando Haddad (PT) vai contratar uma empresa para perfurar poços semiartesianos na capital, na região das 32 subprefeituras, para suprir uma possível falta de água em escolas e hospitais. (OESP)

Sem chuva, 1ª reserva do Cantareira só dura 56 dias

Sem chuva, cota do Cantareira acaba em 21 de novembro, diz secretário
Arce afirmou que captação de nova cota  só ocorre após nível atuar zerar.
Sistema atende, atualmente, 6,5 milhões de pessoas só na grande SP.
O secretário de estadual de Recursos Hídricos de São Paulo, Mauro Arce, afirmou em 25/09/14 que o atual volume de água do Sistema Cantareira abastece a população até novembro. “Continuando sem chover, o atual volume do Cantareira nos garantiria (...) até o dia 21 de novembro com o volume que eu tenho hoje”, disse. O sistema atende, atualmente, 6,5 milhões de pessoas só na Grande São Paulo.
Apesar de o secretário ter citado especificamente a contagem regressiva de 52 dias, o total é diferente. Se contado o intervalo entre esta quinta e o dia 20 de novembro, seriam 57 dias ainda com abastecimento da atual cota do volume morto.
Durante visita às obras do Parque Várzeas do Tietê, na Zona Leste da capital paulista, Mauro Arce também informou que a segunda cota da reserva técnica (volume morto) do Cantareira deve ser usada apenas quando a cota atualmente em uso se esgotar.
Segundo a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), as bombas estão prontas para iniciar a captação de outra parte do volume abaixo das comportas na represa Jaguari-Jacareí.
“É quando zerar”, disse Arce, ao ser questionado sobre um possível limite ou  marca de emergência para início da exploração.
Em 25/09/14 o nível dos reservatórios do Cantareira era de 7,4%, já com o uso da primeira cota do volume morto, retirada desde maio. O plano do governo é “adiar o máximo” o início do bombeamento para que não sejam gastos esforços necessários.
Mauro Arce disse que só vai utilizar a reserva técnica “se realmente houver necessidade”. “Mês de setembro, outubro e novembro, não existe nenhum mês que não choveu durante 84 anos, alguma chuva vem”, disse.
Três ações fazem parte da estratégia estadual em curto prazo para amenizar a crise: bônus na conta de água, uso de outras represas como alternativa ao Cantareira para o abastecimento de determinados bairros e a redução na pressão da água distribuída à noite.
O secretário também fez previsão para o uso do volume morto do Alto Tietê. "Na realidade, dura mais (que o Cantareira). È a mesma média (de queda) que está havendo (no Cantareira) e daria 88 dias", disse Arce.
Criticas
Segundo o diretor-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu, o governo paulista não tem alertado a população sobre a real crise hídrica no estado.
“Eu penso que é o problema é não apontar a gravidade da situação concretamente para a população. Se nós tivermos um ano parecido com esse, nós não teremos uma resposta satisfatórias na região metropolitana no ano de 2015”, afirmou.
O secretário estadual de Recursos Hídricos de São Paulo, Mauro Arce, reagiu à declaração e disse que há planejamento. “Não estamos escondendo nada de ninguém. Está na cara que existe um problema”, completou. Segundo Arce, a adoção de um rodízio no abastecimento da Grande SP seria uma alternativa pior às medidas já adotadas.
A ANA também anunciou na semana passada sua saída do grupo técnico formado por órgãos reguladores para auxiliar o governo paulista em sua gestão do Sistema Cantareira, o GTAG. Segundo o diretor-presidente da agência, o secretário estadual de Recursos Hídricos tem descumprido o acordo sobre a redução da vazão captada do Sistema Cantareira.
Durante o evento em São Paulo, Vicente Andreu apresentou um e-mail no qual Mauro Arce se comprometia a diminuir o volume de água retirado das represas a partir de junho. Em nota, a Secretaria de Recursos Hídricos lamentou o vazamento de um documento de comunicação interna e disse que espera o retorno da agência ao GTAG.
Reservatórios do Sistema Cantareira tiveram queda no nível com a crise hídrica (g1)

sábado, 27 de setembro de 2014

Mudança do clima e a ação humana alteram o litoral brasileiro

Barreira de proteção para proteger a praia da força das ondas. Estudo realizado por pesquisadores de São Paulo e de Pernambuco detalhou a vulnerabilidade da costa nos dois estados.
As zonas costeiras costumam sofrer alterações provocadas por elementos naturais, como elevação do nível do mar e o regime de ondas a que são submetidas. Com as mudanças climáticas, os elementos naturais que influenciam nas alterações das praias, chamados de condições forçantes, devem se intensificar e modificar o desenho das terras costeiras.
Pesquisa conduzida em São Paulo e Pernambuco, que investigou os impactos sofridos por quatro praias nos dois estados, concluiu, no entanto, que os efeitos da ação humana podem ser ainda mais fortes do que os da natureza.
Executado com apoio da FAPESP e da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (Facepe), o trabalho é resultado de uma chamada de propostas lançada no âmbito de um acordo de cooperação entre as instituições.
A pesquisa “Vulnerabilidade da zona costeira dos estados de São Paulo e Pernambuco: situação atual e projeções para cenários de mudanças climáticas” durou três anos, período em que foram estudadas as praias paulistas de Ilha Comprida, no município de mesmo nome, e de Massaguaçu, em Caraguatatuba, e as pernambucanas praia da Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, e praia do Paiva, em Cabo de Santo Agostinho.
“Escolhemos praias com características diferentes para fazer as comparações. Massaguaçu, no litoral norte paulista, e Jaboatão, na região metropolitana do Recife, são praias urbanas, enquanto Ilha Comprida e Paiva ficam em regiões menos habitadas”, disse o coordenador do projeto, Eduardo Siegle, professor do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IO/USP), que dividiu a liderança dos trabalhos com a professora Tereza Araújo, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
A pesquisa analisou como as mudanças climáticas globais provocam alterações na costa. Uma das condições forçantes é o clima de ondas. Segundo Siegle, as mudanças climáticas provocam alterações nos regimes de ventos, principais influenciadores na formação das ondas. Com direção e força alteradas, as ondas podem redesenhar o contorno das praias, refazendo sua morfologia.
“As ondas redefinem os depósitos de sedimentos e as praias atingem um equilíbrio dinâmico mediante as condições a que estão sujeitas; pode ocorrer erosão em alguns pontos e deposição de material em outros”, disse Siegle, acrescentando que uma praia pode encolher, mudar de formato e até aumentar de tamanho.
Outro fator decorrente das mudanças climáticas é a elevação do nível do mar, que leva as ondas a ter maior alcance e atingir novos pontos da costa. Essa condição costuma aumentar erosões e provocar inundações de áreas próximas à costa.
Um ponto confirmado pelos resultados obtidos foi o fato de que, em algumas regiões, as ações antrópicas no litoral exerceram mais influência nessas alterações que as forças da natureza. “Acompanhamos imagens de décadas. Nesse período, os impactos de uma ocupação mal feita do litoral podem ser muito maiores do que aqueles provocados por mudanças climáticas”, disse.
Processos de urbanização que impermeabilizam áreas praianas necessárias ao movimento de sedimentos, por exemplo, costumam provocar erosões de forma mais acentuada. No estudo, a ação humana figurou entre os principais influenciadores da vulnerabilidade costeira.
Observação dos processos costeiros
O trabalho também se debruçou sobre as mudanças históricas nas condições forçantes naturais. Para isso, a equipe lançou mão de modelos computacionais que simularam essas forças e seus efeitos ao longo das últimas décadas. Outro método de investigação foi a coleta de dados em campo. Os pesquisadores fizeram levantamentos morfológicos, que analisam o formato das praias e mediram parâmetros de suas ondas.
A medição de variáveis físicas na região costeira exigiu a aplicação de métodos inovadores para colocar instrumentos nas zonas de arrebentação, relatou Siegle. A equipe acoplou um perfilador acústico de correntes marinhas Doppler (ADCP) em uma moto aquática com um trenó.
O equipamento fornece parâmetros como velocidade das correntes na coluna d’água, altura, direção e período das ondas. A moto aquática foi usada para levantamentos batimétricos e hidrodinâmicos em áreas rasas sujeitas à arrebentação de ondas, nas quais embarcações convencionais não conseguem navegar.
Uma série de imagens aéreas registradas ao longo de aproximadamente 40 anos foi outra importante fonte de dados para a pesquisa. Foram acessados arquivos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e do próprio Instituto Oceanográfico da USP. Por meio de pontos georreferenciados marcados sobre as imagens, foi possível acompanhar as alterações na faixa costeira ao longo do tempo.
Com os dados coletados pelos diferentes métodos, o grupo estabeleceu nove indicadores de vulnerabilidade: posição da linha de costa, largura da praia, elevação do terreno, obras de engenharia costeira, permeabilidade do solo, vegetação, presença de rios ou desembocaduras, taxa de ocupação e configurações ao largo. Este último diz respeito à área de mar aberto adjacente à região costeira em estudo.
Sistemas praiais mais largos tendem a ser mais estáveis que faixas estreitas, portanto menos vulneráveis. A presença de vegetação bem desenvolvida na zona pós-praia sugere um cenário de baixa erosão e rara intrusão de água salina.
A vulnerabilidade à inundação pode ser estimada, entre outros fatores, pela permeabilidade do solo. Quanto menos permeável for o solo, mais sujeita à inundação será a área. E por alterar simultaneamente vários desses fatores, a taxa de ocupação da costa é um dos mais preponderantes indicadores de vulnerabilidade de uma área costeira.
Os indicadores foram depois tabulados e classificados de acordo com três graus de vulnerabilidade: alta, média ou baixa, para cada ano analisado. Registrou-se a evolução da vulnerabilidade de cada praia estudada e os pesquisadores chegaram a várias conclusões.
“Entre elas eu destacaria a importância da ocupação humana no litoral na elevação da vulnerabilidade da praia”, disse Siegle. As praias urbanas nos dois estados apresentaram situação de vulnerabilidade maior que aquelas com taxa de ocupação menor.
A aplicação desse método foi detalhada na tese de doutorado de Paulo Henrique Gomes de Oliveira Sousa, intitulada “Vulnerabilidade à erosão costeira no litoral de São Paulo: interação entre processos costeiros e atividades antrópicas”, defendida em 2013 no Programa de Pós-Graduação em Oceanografia do IOUSP.
O projeto de pesquisa resultou em cinco trabalhos de iniciação científica, quatro dissertações de mestrado e duas teses de doutorado, uma com bolsa FAPESP – Cássia Pianca Barroso desenvolveu o trabalho “Uso de imagens de vídeo para a extração de variáveis costeiras: processos de curto a médio termo”.
De acordo com Siegle, vários artigos estão em fase de redação e quatro já foram publicados, entre eles Evolução da vulnerabilidade à erosão costeira na Praia de Massaguaçú (SP), Brasil no Journal of Integrated Coastal Management e Vulnerability assessment of Massaguaçú Beach (SP Brazil) na Ocean & Coastal Management.
Parceria São Paulo-Pernambuco
Além dos resultados científicos, o projeto apresentou como fruto a aproximação entre instituições de pesquisa paulistas e pernambucanas. “A interação foi muito grande e pesquisadores pernambucanos participaram das pesquisas em campo em São Paulo e vice-versa”, contou Siegle.
A aproximação dos grupos levou a outro trabalho conjunto FAPESP-FACEPE, o projeto “Suscetibilidade e resistência de sistemas estuarinos urbanos a mudanças globais; balanço hidro sedimentar, elevação do nível do mar, resposta a eventos extremos”, coordenado pelos professores Carlos Schettini (UFPE) e Rubens Cesar Lopes Ferreira (IO/USP).
A execução do projeto coordenado por Siegle e Tereza Araújo ainda levou à formação do Grupo de Trabalho “Respostas da Linha de Costa” que incorpora o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Ambientes Tropicais Marinhos (AmbTropic) , sediado no Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia e apoiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb). (ecodebate)

Comer carne contribui para a mudança climática

Comer carne contribui para a mudança climática, devido aos gases de efeito estufa emitidos pelo gado
Nova pesquisa [Global and regional trends in greenhouse gas emissions from livestock] constata que as emissões de gado estão em ascensão e que gado de corte é responsável por muito mais emissões de gases de efeito estufa do que outros tipos de animais. A pesquisa foi publicada pela Climactic Change.
O dióxido de carbono é o gás mais comum quando se trata de mudanças climáticas. Ele é liberado por veículos, indústrias e remoção da floresta e compreende a maior parte dos totais de gases de efeito estufa.
O metano e o óxido nitroso são liberados, em parte, pela pecuária. Animais emitem metano como um resultado de microrganismos que estão envolvidos nos processos de digestão e o óxido nitroso é emitido pela decomposição do estrume. Estes dois gases são responsáveis por um quarto das emissões de gases não-carbono e de 9% do total das emissões globais de gases de efeito estufa.
A equipe de pesquisa, incluindo Dario Caro, ex-Carnegie e agora na Universidade de Siena, na Itália, e Ken Caldeira, da Carnegie, estimou as emissões de gases de efeito estufa associados à pecuária em 237 países ao longo de quase meio século e descobriu que as emissões de gado aumentaram 51% durante este período.
Eles encontraram uma diferença gritante entre as emissões relacionadas com a pecuária no mundo em desenvolvimento, que representa a maior parte desse aumento, e as emissões pelos países desenvolvidos.
É esperado que aumente ainda mais daqui para frente nos países em desenvolvimento, como resultado do crescimento da demanda por carne, produtos lácteos e ovos, que alguns cientistas estimam que atinja dobro em 2050. Pelo contrário, os países desenvolvidos atingiram emissões máximas de gado na década de 1970 e tem reduzido desde então.
“O mundo em desenvolvimento está reduzindo as emissões de efeito estufa causadas por cada animal, mas esta melhoria não vai manter-se com a crescente demanda por carne”, diz Caro. “Como resultado, as emissões de gases de efeito estufa de gado aumentar em grande parte do mundo em desenvolvimento.”
Das emissões de gases de efeito estufa relacionadas com a pecuária, 54% é gerada pelo gado de corte e de 17% pelo gado leiteiro. Outras emissões são 9% pelas ovelhas, búfalos com 7%, suínos com 5% e caprinos com 4%.
“Esse saboroso hambúrguer é o verdadeiro culpado”, disse Caldeira. “Pode ser melhor para o ambiente, se todos nós nos tornamos vegetarianos, mas já seria uma melhora se reduzíssemos o consumo e adotássemos carne de porco ou frango em vez de carne.” (ecodebate)

‘É possível crescer e combater a mudança climática’

‘É possível crescer e combater a mudança climática’, diz novo relatório elaborado por 19 países
Uma semana antes do início da Cúpula do Clima da ONU, a Comissão Global sobre Economia e Clima, juntamente com a ONU, divulgaram o relatório “Crescimento Melhor, Clima Melhor: A Nova Economia do Clima“. O presidente da Comissão e ex-presidente do México, Felipe Calderón destacou que os novos dados refutam a ideia de que os governos devem escolher entre combater as alterações climáticas e investir para o crescimento da economia.
“Sim, é possível termos um melhor crescimento econômico e um melhor clima. Sim, é possível criar empregos e reduzir a pobreza e, ao mesmo tempo, reduzir as emissões de carbono que ameaçam o nosso futuro. Sim, é possível, mas precisamos fazer algumas mudanças fundamentais e escolhas inteligentes”, disse Calderón, ressaltando que um número crescente de empresas, cidades e países estão mostrando na prática que isto é “perfeitamente possível”.
Com duração de um ano, o estudo foi conduzido por uma Comissão composta de 24 líderes de governo, negócios, finanças e economia de 19 países e realizado pelos principais institutos de pesquisa do Brasil, China, Etiópia, Índia, Coreia do Sul, Reino Unido e Estados Unidos.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que o relatório é oportuno visto que as emissões de gases de efeito estufa estão em níveis recordes e os efeitos da mudança climática estão sendo caros e consequentes. “Temos que gerir o risco climático para o – sustentado e sustentável – progresso econômico. Precisamos de uma transformação estrutural na economia global”, acrescentou.
Previsões do relatório
O relatório estima que ao longo dos próximos 15 anos, 90 trilhões de dólares devem ser investidos na infraestrutura das cidades, agricultura e energia nos sistemas econômicos mundiais, sendo isto uma oportunidade para investir no crescimento do baixo carbono e trazer vários benefícios, como a geração de empregos. A Comissão calcula que, se as recomendações forem totalmente implementadas, é possível atingir até 90% das reduções de emissões necessárias até 2030 e assim evitar os efeitos negativos da mudança climática. Contudo, para atingir essa meta é necessário uma ação decisiva dos governos.
“Hoje estamos dando 600 bilhões de dólares em subsídios para os combustíveis fósseis, mas apenas 100 bilhões de dólares para apoiar as energias limpas a cada ano. Estamos pagando para poluir. Isso não pode continuar”, insistiu Calderón. (ecodebate)

Como as mudanças climáticas mudarão nossas vidas em 2050?

Se as emissões de gases de efeito estufa continuarem aumentado, a temperatura média da atmosfera da Terra pode subir mais de 4° C até o final do século 21. Mas o que realmente significa um aumento da temperatura média global? Como isto vai nos afetar no dia a dia?
Para descobrir o que poderá acontecer, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) convidou diversos apresentadores da previsão do tempo de TVs de todo o mundo a imaginarem um boletim meteorológico do ano 2050.
O que eles criaram são apenas cenários possíveis, é claro, e as previsões não são verdadeiras. Mas tudo o que eles dizem está baseado nos relatórios mais recentes da ciência do clima, mostrando um retrato convincente de como a vida poderia ser em um planeta mais quente.
Estes cenários sombrios de futuro não precisam se tornar realidade. A OMM lançou em 03/09/14 esta série de vídeos para apoiar a Cúpula do Clima, uma iniciativa do secretário-geral das Nações Unidas que acontece em 23 de setembro na sede da ONU, em Nova York. (ecodebate)

Carne bovina custa 10 vezes mais para o meio ambiente

Estudo revela que gado emite 5 vezes mais gases prejudiciais que outros animais.
Consumo de carne bovina é 10 vezes mais custoso para o ambiente, diz estudo.
A Arábia Saudita e outras monarquias petrolíferas do Golfo são grandes importadoras de carne bovina
O gado bovino demanda 28 vezes mais terra e 11 vezes mais irrigação que os suínos e as aves, e uma dieta com sua carne é dez vezes mais custosa para o meio ambiente, segundo um estudo publicado pela revista "Proceedings" da National Academy of Sciences.
O estudo foi conduzido por Ron Milo do Instituto Weizmann de Ciência, em Rehovot (Israel), com a colaboração de pesquisadores do Centro Canadense de Pesquisa de Energias Alternativas, do Conselho Europeu de Pesquisa, e Charles Rotschild e Selmo Nissenbaum, do Brasil.
A equipe observou as cinco fontes principais de proteínas na dieta dos americanos: produtos lácteos, carne bovina, carne de aves, carne de suínos e ovos. O propósito era calcular os custos ambientais por unidade nutritiva, isto é uma caloria ou grama de proteína.
A composição do índice encontrou dificuldades dada à complexidade e variações na produção dos alimentos derivados de animais.
Por exemplo, o gado pastoreado na metade ocidental dos Estados Unidos emprega enormes superfícies de terra, mas muita menos água de irrigação que em outras regiões, enquanto o gado em currais e alimentado com ração consome, principalmente, milho, que requer menos terra, mas muito mais água e adubos nitrogenados.
A informação que os pesquisadores usaram como base para seu estudo proveio, majoritariamente, dos bancos de dados do Departamento de Agricultura.
Os insumos agropecuários levados em consideração incluíram o uso da terra, da água de irrigação, das emissões dos gases que contribuem ao aquecimento atmosférico, e do uso de adubos nitrogenados.
Os cálculos mostraram que o alimento humano de origem animal com o custo ambiental mais elevado é a carne bovina: dez vezes mais alto que todos os outros produtos alimentícios de origem animal, inclusive carne suína e de aves.
"O gado requer, na média, 28 vezes mais terra e 11 vezes mais água de irrigação, emite cinco vezes mais gases e consome seis vezes mais nitrogênio que a produção de ovos ou carne de aves", indica o estudo.
Por seu lado, a produção de carne suína ou de aves, os ovos e os lácteos mostraram custos ambientais similares.
Os autores se mostraram surpreendidos pelo custo ambiental da produção de lácteos, considerada em geral menos onerosa para o ambiente.
Se for levado em conta o preço de irrigação e os adubos que se aplicam na produção da ração que alimenta o gado bovino para ordenha assim como a ineficiência relativa das vacas comparadas com outros bovinos, o custo ambiental dos lácteos sobe substancialmente. (yahoo)

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

População mundial passará dos 12 bilhões em 2100?

População mundial pode superar os 12 bilhões no final do século
Estudo indica crescimento populacional bem acima do máximo de 9 bilhões estimados anteriormente. África deve quadruplicar número de habitantes até 2100.
Ao contrário das expectativas, a população mundial deve continuar crescendo pelo menos até o final deste século. Em 2100, a população da Terra pode chegar a 12,3 bilhões de pessoas, segundo um estudo da Universidade de Washington e da ONU divulgado em 18/09/14 na revista científica Science.
O prognóstico, feito com base na análise estatística de dados da ONU de 2012, indica um aumento de quase 2 bilhões de pessoas em relação a cálculos anteriores. Segundo o pesquisador Adrian Raftery, que participou do estudo, foi consenso nos últimos 20 anos que a população mundial – atualmente em 7,2 bilhões – chegaria até os 9 bilhões de pessoas e então se estabilizaria ou começaria a diminuir.
População deve quadruplicar na África
Mas a nova análise mostra que há uma probabilidade de 80% de a população global atingir um número entre 9,6 bilhões e 12,3 bilhões de pessoas em 2100. Para o diretor do estudo, Patrick Gerland, as elevadas taxas de natalidade na África são o principal responsável por esse impulso. A população africana deve quadruplicar até o final do século – a taxa atual é de cerca de 4,6 filhos por mulher.
Para chegar ao novo resultado, os pesquisadores usaram novos métodos de cálculos de probabilidade, além de incluir os indicadores recentes sobre o vírus da aids no sul da África. Dessa maneira, eles podem afirmar, com 95% de certeza, que em 2100 pelo menos 9 bilhões de pessoas habitarão a Terra.
Se o continente africano deve ter um crescimento exponencial, passando dos atuais 1 bilhão para 4 bilhões de habitantes, na Ásia, por exemplo, o pico de crescimento populacional deverá ser atingindo já na metade deste século.
“O rápido crescimento populacional em países com elevadas taxas de natalidade pode trazer uma série de desafios”, escrevem os pesquisadores. Esse fenômeno pode causar impactos ambientais, nas condições de trabalho e contribuir para o aumento da pobreza, da taxa de mortalidade materna e infantil, além da criminalidade.
Menos trabalhadores para cada aposentado
O estudo aponta também, que em muitos países, a proporção entre trabalhadores e aposentados vai diminuir drasticamente. No Brasil, atualmente para cada aposentado há 8,6 trabalhadores, mas a proporção deve cair para 1,5 trabalhador por aposentado até o final do século.
Redução grande também é esperada nos Estados Unidos: dos atuais 4,6 trabalhadores por aposentado para 1,9 em 2100; na China, de 7,8 para 1,8; na Índia, de 10,9 para 2,3 e na Nigéria, de 15,8 para 5,4. (ecodebate)

O Dividendo Demográfico do Brasil

O fenômeno da transição demográfica é um dos fatos sociais mais importantes de toda a história humana. Até recentemente, prevalecia no mundo em todos os tempos, altas taxas de mortalidade que ceifavam precocemente as vidas, especialmente das crianças. Para se contrapor a esta tragédia, as taxas de fecundidade também tinham de ser altas. Porém, esta realidade começou a mudar a partir do século XIX na Europa, Estados Unidos e Oceania. O restante do mundo seguiu na transição no século XX.
No Brasil, as taxas de mortalidade infantil começaram a cair de forma rápida e consistente a partir do fim da Segunda Guerra Mundial. Vinte anos depois teve início a transição da fecundidade. A taxa de mortalidade infantil caiu de 135 por mil em 1950 para 15 por mil em 2010, enquanto a esperança de vida ao nascer passou de 50 anos em 1950 para 73 anos em 2010. O número de nascimentos nas famílias permaneceu elevado e acima de 6 filhos por mulher até meados da década de 1960, iniciando a partir daí um expressivo movimento de declínio, atingindo a taxa de 1,9 filho por mulher, segundo o censo demográfico de 2010.
Todo país que passa pela transição demográfica experimenta, necessariamente, uma transformação da sua estrutura etária. Num primeiro momento, a base da pirâmide populacional se estreita, enquanto aumenta o peso relativo da população adulta. Num segundo momento, após décadas de transformação da estrutura de idade, há um crescimento, absoluto e relativo, da população idosa. As mudanças no formato da pirâmide populacional geram alterações na razão de dependência demográfica entre os grupos predominantemente consumidores e os majoritariamente produtores.
Considerando a razão de dependência demográfica para o Brasil no período de 1950 a 2100, nota-se que entre 1950 e 1970 houve aumento da percentagem de crianças (0-14 anos) em relação à população adulta (15-64 anos), elevando também a razão de dependência total. Em 1970, havia cerca de 90 pessoas dependentes para cada 100 pessoas em idade de trabalhar. Mas em função da queda da fecundidade, a razão de dependência total veio caindo consistentemente e deve atingir o seu ponto mais baixo (44 pessoas dependentes para cada 100 pessoas em idade produtiva) no quinquênio 2020-25.
Ou seja, em meados do século passado, havia quase uma pessoa dependente para uma pessoa em idade de trabalhar, mas esta relação caiu pela metade, devendo ficar abaixo de 50% entre 2010 e 2030. Isto quer dizer que a carga econômica da dependência demográfica se reduziu bastante, possibilitando o aumento da renda per capita e a elevação da capacidade de poupança, tanto das famílias como em nível agregado. Maiores taxas de poupança – em termos micro e macroeconômicos – significam a possibilidade de maiores investimentos em capital humano e de incremento da taxa bruta de capital fixo.
Este fenômeno único e fundamental para a decolagem do desenvolvimento é chamado de “dividendo demográfico” ou “bônus demográfico” ou “Janela de Oportunidade Demográfica”.. Trata-se de uma “janela de oportunidade” que requer políticas econômicas adequadas para que a demografia possa ser colocada a serviço do desenvolvimento econômico e social, do bem-estar da população e do cuidado com o meio ambiente.
O Dividendo Demográfico é, portanto, um fenômeno que ocorre em um período de tempo no qual a estrutura etária da população apresenta menores razões de dependência (baixa proporção de crianças, adolescentes e idosos) e maiores percentuais de população em idade economicamente ativa, possibilitando que as condições demográficas atuem no sentido de incrementar a qualidade de vida e reduzir os níveis de pobreza e desigualdade.
Todavia, o dividendo demográfico é um fenômeno temporário e requer condições macroeconômicas adequadas, especialmente investimentos em educação de qualidade, saúde e trabalho decente. Nos anos 1980 – a chamada década perdida – o Brasil desperdiçou o início do bônus demográfico devido à crise econômica que aumentou o desemprego, reduziu a renda e não criou oportunidades educacionais para os jovens. Nos anos 90, a economia cresceu e as condições sociais melhoraram, mas em ritmo insuficiente para utilizar todo o potencial da estrutura etária. O melhor aproveitamento do bônus demográfico brasileiro aconteceu no quinquênio 2004-2008, quando houve crescimento da renda, redução da pobreza, do desemprego e das desigualdades sociais e regionais. Mas após a recessão de 2009, o desempenho da economia brasileira ficou abaixo do esperado e aquém de suas potencialidades.
Portanto, o Brasil já perdeu o melhor momento para colher o dividendo demográfico, erradicar a pobreza e investir em infraestrutura econômica e social. Uma crise econômica internacional pode ocorrer em um futuro não muito distante, quanto o país vai ter que conviver com a diminuição do número de pessoas economicamente ativas e o aumento da população idosa, especialmente aquela acima de 80 anos, que requer muitos gastos com saúde e cuidado individual.
Vai ser difícil o Brasil conseguir outra condição favorável, antes do envelhecimento populacional e antes da subida da razão de dependência demográfica. (ecodebate)

O envelhecimento da população idosa no Brasil

O título deste artigo pode parecer um pleonasmo, mas não é. O contínuo crescimento do número de idosos no Brasil é um fenômeno conhecido. Mas há pouco conhecimento da mudança que vai ocorrer dentro do grupo do topo da pirâmide populacional.
Na verdade, a distribuição por sexo e idade da população brasileira de 60 anos e mais de idade vai ter uma redução relativa da sua base e um alargamento relativo e absoluto da sua parte superior durante o século XXI. Ou seja, vai haver uma redução relativa dos “novos idosos” (60-80 anos) e um crescimento absoluto e relativo dos idosos (80 anos e +). Portanto, vai haver um envelhecimento dentro do envelhecimento, ou dito em outras palavras, um forte aumento da “quarta idade”.
No ano 2000, havia 2,15 milhões de homens entre 60-64 anos de idade e 2,45 milhões de mulheres, enquanto o grupo das pessoas com 100 anos e + era formado por 5 mil homens e 8 mil mulheres. Um terço (33%) dos idosos brasileiros estavam no grupo 60-64 anos e apenas 0,1% eram centenários.
Segundo as projeções da Divisão de População da ONU, no ano 2030, deverá haver 5,33 milhões de homens entre 60-64 anos de idade e 6,10 milhões de mulheres, enquanto o grupo das pessoas com 100 anos e mais deverá ser formado por 41 mil homens e 80 mil mulheres. Embora a população brasileira idosa do grupo 60-64 anos vá aumentar em temos absolutos entre 2000 e 2030, o seu peso relativo deverá cair para 27,5%. O grupo dos centenários deverá passar para 0,3% da população idosa.
Segundo as mesmas projeções, no ano 2060, deverá haver 7,44 milhões de homens entre 60-64 anos de idade e 7,77 milhões de mulheres, enquanto o grupo das pessoas com 100 anos e + deverá ser formado por 160 mil homens e 404 mil mulheres. Da mesma forma, a população brasileira idosa do grupo 60-64 anos vai continuar a aumentar em temos absolutos entre 2030 e 2060, porém o seu peso relativo deverá cair para 19,1%. O grupo dos centenários deverá passar para 0,7% da população idosa.
No ano de 2100, o número de pessoas com idade entre 60-64 anos deverá cair em relação ao ano de 2060, ficando 5,73 milhões de homens e 5,66 milhões de mulheres, o que vai representar 15,2% da população idosa. Ou seja, a base da pirâmide idosa vai diminuir em termos relativos e absolutos nas últimas décadas do século XXI. Já o número de centenários vai subir, atingindo 464 mil homens e 1,27 milhões de mulheres, o que representará 2,3% da população idosa.
Portanto, o Brasil não vai apenas envelhecer, mas vai ter uma maior população idosa com uma estrutura etária mais envelhecida. Dos 75 milhões de pessoas com 60 anos e mais previstos para 2100, apenas 15% terá entre 60 e 64 anos, enquanto 39% terá 80 anos ou mais. Desta forma, o país precisa se preparar para uma situação em que não apenas vai haver mais idosos, mas também vai haver mais idosos, longevivendo no topo do topo da pirâmide populacional. (ecodebate)

População mundial e a hipótese de fecundidade constante

Projeções da população mundial e regiões na hipótese de fecundidade constante
A Divisão de População da ONU atualiza periodicamente 4 projeções para os países, as regiões e o mundo. Além da projeção média, existem as projeções alta e baixa que levam em consideração as perspectivas de queda da fecundidade e aumento da esperança de vida. Para os países e regiões também se considera as projeções sobre migração. Ainda são apresentadas as projeções para o caso das taxas de fecundidade permanecerem constantes.
Na última revisão (de 2012 publicada em 2013) as estimativas da ONU para a população mundial em 2100 foram: projeção média: 10,9 bilhões de habitantes; projeção baixa: 6,8 bilhões de habitantes; e projeção alta: 16,6 bilhões de habitantes.
Contudo, a ONU também divulga a projeção caso as taxas de fecundidade permaneçam constantes no nível do quinquênio 2005-2010. Neste caso, a população mundial chegaria a 28,6 bilhões de habitantes em 2100, pois a taxa de fecundidade total estava em torno de 2,53 filhos por mulher.
Para os países desenvolvidos (More developed regions) que tinham uma população de 1,241 bilhão de habitantes em 2010, haveria uma pequena queda para 1,153 bilhão em 2100. Os países menos desenvolvidos (Less developed regions) que tinham uma população de 4,836 bilhões de habitantes em 2010, haveria um aumento para 13,904 bilhões de habitantes. Para os países muito menos desenvolvidos (Least developed countries), que tinham uma população de 839 milhões de habitantes em 2010, haveria um aumento para 13,590 bilhões de habitantes (16 vezes maior).
Projeção feita por demógrafos do International Institute for Applied Systems Analysis (IIASA)mostra que se a taxa de fecundidade permanecer constante em torno de 2,5 filhos por mulher a população mundial chegaria a 71 bilhões de habitantes em 2300. Provavelmente, o mundo nunca irá chegar ao um volume tão grande de população, pois a pressão sobre os recursos naturais e a falta de bases econômicas forçaria uma queda das taxas de fecundidade ou o aumento das taxas de mortalidade.
A hipótese de fecundidade constante é apenas um exercício didático para mostrar qual seria a dinâmica demográfica caso o número médio de filhos ficasse inalterado. Historicamente as taxas de fecundidade do mundo caíram de 5 filhos por mulheres em 1950 para 2,5 filhos por mulher atualmente. A perspectiva é que continuem caindo, mas ninguém tem certeza qual será o ritmo de diminuição. As pesquisas sobre o tamanho ideal do número de filhos que os casais desejam é de 2 (dois), geralmente um menino e uma menina.
Mas existem mais de 200 milhões de mulheres sem acesso aos métodos contraceptivos no mundo, especialmente em países pobres. Além disto, existem diversas forças políticas que são contra a queda da fecundidade, como o fundamentalismo de mercado, o fundamentalismo religioso, o conservadorismo moral e as forças pronatalistas que se amparam em um discurso anti-neomalthusiano.
Desta forma, o que os dados mostram é que se a taxa de fecundidade ficar em torno de 2,5 filhos por mulher, como atualmente, a população chegaria a 71 bilhões de habitantes em 2300. Se a taxa de fecundidade ficar em torno de 2,0 filhos por mulher a população mundial se estabilizaria em torno de 9 bilhões de habitantes em 2300. Mas se a taxa de fecundidade cair para 1,5 filhos por mulher a população mundial entraria em ritmo acelerado de decrescimento e chegaria a 720 milhões de habitantes em 2300.
O fato é que as taxas de fecundidade devem continuar a cair nas próximas décadas, embora ninguém saiba dizer se haverá estabilização e em qual nível. Nos atuais padrões de produção e consumo, a humanidade já ultrapassou as fronteiras planetárias e o mundo vive uma situação de déficit ecológico. Manter um ritmo acelerado de crescimento populacional só serviria para incentivar o ritmo continuo de crescimento econômico, o que dificultaria muito o avanço da qualidade de vida e a preservação dos ecossistemas e da biodiversidade. (ecodebate)

IBGE estima que o Brasil tenha 202,7 milhões de habitantes

IBGE estima que o Brasil tenha 202,7 milhões de habitantes.
Vejam os dados e tabelas
O IBGE divulgou em 28/08/14 as estimativas das populações residentes nos 5.570 municípios brasileiros com data de referência em 1º de julho de 2014. Estima-se que o Brasil tenha 202,7 milhões de habitantes e uma taxa de crescimento de 0,86% de 2013 para 2014. O município de São Paulo continua sendo o mais populoso, com 11,9 milhões de habitantes, seguido por Rio de Janeiro (6,5 milhões), Salvador (2,9 milhões), Brasília (2,9 milhões) e Fortaleza (2,6 milhões). Os 25 municípios mais populosos somam 51,0 milhões de habitantes, representando 25,2% da população total do Brasil.
As estimativas populacionais são fundamentais para o cálculo de indicadores econômicos e sociodemográficos nos períodos intercensitários e são, também, um dos parâmetros utilizados pelo Tribunal de Contas da União na distribuição do Fundo de Participação de Estados e Municípios. Esta divulgação anual obedece à lei complementar nº 59, de 22 de dezembro de 1988, e ao artigo 102 da lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992.
A tabela com a população estimada para cada município foi publicada no Diário Oficial da União (D.O.U.) de hoje, 28 de agosto de 2014. Os resultados das Estimativas de População 2014 também podem ser acessados na página www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/estimativa2014. Uma análise completa das estimativas populacionais pode ser consultada no link http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/pdf/analise_estimativas_2014.pdf.
Os 25 municípios mais populosos
Ordem UF       Município       População 2014
         SP       São Paulo        11.895.893
         RJ        Rio de Janeiro 6.453.682
         BA      Salvador           2.902.927
         DF       Brasília            2.852.372
         CE       Fortaleza          2.571.896
         MG     Belo Horizonte 2.491.109
         AM     Manaus             2.020.301
         PR       Curitiba            1.864.416
         PE       Recife               1.608.488
10º       RS       Porto Alegre    1.472.482
11º       PA       Belém               1.432.844
12º       GO      Goiânia           1.412.364
13º       SP       Guarulhos       1.312.197
14º       SP       Campinas        1.154.617
15º       MA     São Luís          1.064.197
16º       RJ        São Gonçalo   1.031.903
17º       AL      Maceió            1.005.319
18º       RJ        Duque de Caxias 878.402
19º       RN      Natal   862.044
20º       MS      Campo Grande 843.120
21º       PI        Teresina            840.600
22º       SP       São Bernardo do Campo 811.489
23º       RJ        Nova Iguaçu   806.177
24º       PB       João Pessoa     707.613
TOTAL 25 MAIORES      51.077.190
TOTAL BRASIL             202.768.562
% TOTAL BRASIL  25,2%
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas – DPE, Coordenação de População e Indicadores Sociais – Copis.
Quando se excluem as capitais, os municípios mais populosos são Guarulhos (1,3 milhão), Campinas (1,2 milhão), São Gonçalo (1,0 milhão), Duque de Caxias (878,4 mil), São Bernardo do Campo (811,5 mil), Nova Iguaçu (806,2 mil), Santo André (707,6 mil), Osasco (693,3 mil) e São José dos Campos (681,0 mil). Os 25 municípios mais populosos com exceção das capitais somam 17,0 milhões de habitantes, representando 8,4% do total da população do Brasil em 2014.
Os 25 municípios mais populosos exceto Capitais
Ordem UF       Município       População 2014
         SP       Guarulhos       1.312.197
         SP       Campinas        1.154.617
         RJ        São Gonçalo   1.031.903
         RJ        Duque de Caxias        878.402
         SP       São Bernardo do Campo       811.489
         RJ        Nova Iguaçu   806.177
         SP       Santo André   707.613
         SP       Osasco            693.271
         SP       São José dos Campos 681.036
10º       PE       Jaboatão dos Guararapes       680.943
11º       SP       Ribeirão Preto 658.059
12º       MG     Uberlândia      654.681
13º       MG     Contagem       643.476
14º       SP       Sorocaba         637.187
15º       BA      Feira de Santana         612.000
16º       SC       Joinville          554.601
17º       MG     Juiz de Fora    550.710
18º       PR       Londrina         543.003
19º       GO      Aparecida de Goiânia            511.323
20º       PA       Ananindeua    499.776
21º       RJ        Niterói 495.470
22º       RJ        Campos dos Goytacazes 480.648
23º       RJ        Belford Roxo 479.386
24º       ES       Serra    476.428
25º       RS       Caxias do Sul 470.223
TOTAL 25 MAIORES          17.024.619
TOTAL BRASIL       202.768.562
% TOTAL BRASIL  8,4%
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas – DPE, Coordenação de População e Indicadores Sociais – Copis.
Serra da Saudade, no estado das Minas Gerais, é o município brasileiro de menor população, estimada em 822 habitantes em 2014, seguido de Borá, em São Paulo, com 835 habitantes. Atualmente, esses dois municípios são os únicos no país com menos de mil habitantes em 01/07/2014. A população dos 25 municípios menos populosos soma 32.946 habitantes, representando aproximadamente 0,02% da população total do Brasil.
Os 25 municípios menos populosos
Ordem UF       Município       População
         MG     Serra da Saudade 822
         SP       Borá 835
         MT      Araguainha     1.000
         TO       Oliveira de Fátima      1.091
         GO      Anhanguera    1.093
         SP       Nova Castilho 1.206
         MG     Cedro do Abaeté        1.222
         PI        Miguel Leão   1.239
         SP       Uru      1.240
10º       RS       André da Rocha         1.286
11º       SC       Santiago do Sul          1.389
12º       TO       Chapada de Areia      1.391
13º       GO      Lagoa Santa    1.406
14º       MG     Grupiara          1.415
15º       PR       Jardim Olinda 1.416
16º       RS       Engenho Velho          1.428
17º       GO      Cachoeira de Goiás    1.430
18º       RS       União da Serra           1.434
19º       SC       Lajeado Grande         1.479
20º       MT      Serra Nova Dourada  1.492
21º       PR       Nova Aliança do Ivaí 1.509
22º       MG     Doresópolis     1.512
23º       SP       Santa Salete    1.517
24º       TO       São Félix do Tocantins          1.532
25º       RS       Montauri         1.562
TOTAL 25 MAIORES          32.946
TOTAL BRASIL       202.768.562
% TOTAL BRASIL  0,02%
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas – DPE, Coordenação de População e Indicadores Sociais – Copis.
Entre as regiões metropolitanas, a RM de São Paulo continua sendo a mais populosa, com 20,9 milhões de habitantes, seguido da RM do Rio de Janeiro (11,9 milhões de habitantes), da RM de Belo Horizonte (5,8 milhões de habitantes), da RM de Porto Alegre (4,2 milhões de habitantes) e da Região Integrada de Desenvolvimento (RIDE) do Distrito Federal e Entorno (4,1 milhões de habitantes). As 25 regiões metropolitanas mais populosas somam 87,0 milhões de habitantes, representando 42,9% da população total.
População das Regiões Metropolitanas
Ordem Região Metropolitana População 2014          % População Total
         RM SÃO PAULO 20.935.204 10,32%
         RM RIO DE JANEIRO 11.973.505 5,91%
         RM BELO HORIZONTE     5.767.414        2,84%
         RM PORTO ALEGRE         4.161.237        2,05%
         RIDE DF E ENTORNO       4.118.154        2,03%
         RM SALVADOR      3.919.864        1,93%
         RM RECIFE  3.887.261        1,92%
         RM FORTALEZA    3.818.380        1,88%
         RM CURITIBA         3.414.115        1,68%
10º       RM CAMPINAS       3.043.217        1,50%
11º       RM MANAUS          2.478.088        1,22%
12º       RM GOIÂNIA          2.296.678        1,13%
13º       RM BELÉM   2.129.515        1,05%
14º       RM GRANDE VITÓRIA     1.884.096        0,93%
15º       RM BAIXADA SANTISTA            1.781.620        0,88%
16º       RM NATAL   1.462.045        0,72%
17º       RM GRANDE SÃO LUÍS   1.403.111        0,69%
18º       RM MACEIÓ            1.246.421        0,61%
19º       RM JOÃO PESSOA 1.195.904        0,59%
20º       RM NO/NE CATARINENSE          1.191.558        0,59%
21º       RIDE TERESINA     1.180.930        0,58%
22º       RM FLORIANÓPOLIS       1.111.702        0,55%
23º       RM ARACAJU         912.647           0,45%
24º       RM VALE DO RIO CUIABÁ 871.729 0,43%
25º       RM LONDRINA      818.300           0,40%
TOTAL 25 MAIORES RM  87.002.695      42,91%
TOTAL BRASIL       202.768.562    100,00%
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas – DPE, Coordenação de População e Indicadores Sociais – Copis.
Onde: RM = Região Metropolitana e RIDE = Região Integrada de Desenvolvimento
No ranking dos estados, os três mais populosos localizam-se na região Sudeste, enquanto os três estados menos populosos localizam-se na região Norte. O estado de São Paulo é o mais populoso, com 44,0 milhões de habitantes e 21,7% da população total do país, seguido de Minas Gerais, com 20,7 milhões de habitantes (10,2% da população total), e Rio de Janeiro, com 16,5 milhões de habitantes (8,1% da população total). O estado de Roraima é o menos populoso, com 496,9 mil habitantes (0,2% da população total), seguido do Amapá, com 750,9 mil habitantes (0,4% da população total), e Acre com 790,1 mil habitantes (0,4% da população total).
Municípios de médio porte são os que mais crescem no Brasil
As maiores taxas geométricas de crescimento da população verificadas entre 2013 e 2014 estão nos municípios de “médio porte”, que possuem entre 100 mil e 500 mil habitantes em 2014 (1,12%). Esses municípios, em geral, são importantes centros regionais em seus estados, ou integram as principais regiões metropolitanas do país, configurando-se como áreas de atratividade migratória.
O crescimento nos municípios com mais de 500 mil habitantes (0,84%), por outro lado, é menos acentuado, sendo menor que a média nacional (0,86%). Essa tendência é influenciada, sobretudo, pelo ritmo lento de crescimento de algumas das principais capitais e núcleos metropolitanos, como, por exemplo, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Belém, Recife e São Paulo. Atualmente, as taxas de crescimento dessas capitais se encontram abaixo da média nacional.
Os pequenos municípios brasileiros, em média, apresentam as menores taxas de crescimento populacional entre os anos de 2013 e 2014. O baixo crescimento, ou até decréscimo em muitos casos, pode ser explicado pelo componente migratório, influenciado por seu baixo dinamismo econômico. Para os municípios com população de até 100 mil habitantes, a taxa de crescimento estimada foi de 0,72%.
O município com maior taxa de crescimento entre 2013 e 2014 foi Nova Redenção (BA) com 10,87%, que passou de 8.527 para 9.453 habitantes. O de menor crescimento foi Satuba (AL) com taxa de -15,87%, passando de 15.737 para 13.241 pessoas. Já em relação às capitais, a que mais cresceu foi Palmas (2,91%), de 257.903 para 265.409, e a que menos cresceu foi Porto Alegre (0,32%), de 1.467.823 para 1.472.482 habitantes.
Metodologia usada pelo IBGE
Em 2013, o IBGE divulgou a projeção da população para as unidades da federação do país, por sexo e idade, pelo método das componentes demográficas, o que representou um aprimoramento metodológico. Dessa forma, as estimativas da população residente para os municípios brasileiros, com data de referência em 1º de julho de 2014, foram elaboradas a partir dessa projeção para cada estado, incorporando os resultados dos parâmetros demográficos calculados com base nos resultados do Censo Demográfico 2010 e nas informações mais recentes dos registros de nascimentos e óbitos. (ecodebate)

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