sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Apenas 1% dos mais ricos detém 40% dos bens globais

Apenas 1% dos mais ricos detém 40% dos bens globais, alerta relatório da ONU
A metade mais pobre da população, em contrapartida, detém apenas 1% dos bens. Relatório do PNUD, que pede adoção de padrões de crescimento inclusivo, aponta que desigualdade de renda aumentou entre 1990 e 2010, elogiando o Brasil pelo aumento sucessivo do salário mínimo.

Moradores de rua no Distrito Federal.
A redução sustentada da desigualdade requer uma mudança para padrões de crescimento mais inclusivos – apoiados por políticas redistributivas e mudanças nas normas sociais – afirma o relatório lançado em 29/01/14 pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
O 1% mais rico da população mundial detém cerca de 40% dos bens globais, enquanto a metade mais pobre é dona de apenas 1%. O relatório – intitulado “Humanidade dividida: Confrontando a desigualdade nos países em desenvolvimento” – mostra que, se não for controlada, a desigualdade pode minar as bases para o desenvolvimento e para a paz social e doméstica.
“As desigualdades nos níveis atuais são injustas e, como demonstrado neste relatório, elas também podem impedir o progresso humano”, disse a administradora do PNUD, Helen Clark. “O relatório explora as causas e consequências das desigualdades que nos dividem – dentro e entre países – e argumenta que não há nada inevitável sobre a desigualdade crescente.”
O estudo mostra que a desigualdade de renda aumentou em 11% nos países em desenvolvimento entre 1990 e 2010.
Uma maioria significativa das famílias nos países em desenvolvimento – mais de 75% da população – vivem atualmente em sociedades onde a renda é mais desigualmente distribuída do que era na década de 1990.
Brasil é elogiado por aumento real do salário mínimo
O estudo destaca que a crescente desigualdade não parece ser um resultado inevitável do crescimento. Apesar de um crescimento contínuo na década de 2000, alguns países foram capazes de reverter a mudança na desigualdade, com uma queda na desigualdade de renda.
Na Argentina e no Brasil, o índice de Gini – que mede a concentração de renda – caiu substancialmente 46,5 para 38,8 e 54,2 para 45,9, respectivamente, enquanto na Bolívia e no México de 46,5 para 42,5 e 53,2 para 48,2, respectivamente.
O efeito do salário mínimo sobre a desigualdade no Brasil é outro exemplo considerado interessante pela ONU. Entre 2003 e 2010, o salário mínimo real aumentou 80% no Brasil.
Um estudo que analisou a desigualdade de renda entre 1995 e 2009 descobriu que dois terços dessa redução foram devido a melhorias nos ganhos no mercado de trabalho, enquanto que um terço foi devido a transferências de dinheiro.
Aumentos do salário mínimo foram, segundo as Nações Unidas, os responsáveis por um quarto do efeito no mercado de trabalho e, por extensão, por 16% da redução total da desigualdade.
Esse aumento no salário mínimo também pode ter outras externalidades positivas. Segundo o estudo, há evidências de que, servindo como um ponto de referência para as negociações salariais individuais, o salário mínimo pode ajudar a aumentar inclusive a renda dos trabalhadores informais.
Os controles de capital e outras medidas mais amplas também se tornaram mais populares nos últimos anos. Brasil, Indonésia, Coreia do Sul e Tailândia, por exemplo, introduziram medidas defensivas contra os fluxos de capital, reduzindo a fragilidade financeira, o risco cambial e as pressões especulativas.
O documento ainda vê como “especialmente importante” a criação de espaços políticos para a redução da desigualdade, “mecanismos que garantam a participação da sociedade civil nos debates políticos sobre os planos nacionais de desenvolvimento e na definição das prioridades do orçamento”.
Em particular, mais de 20 anos após a primeira experiência em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, o chamado ‘orçamento participativo’ continua a ser uma experiência “extremamente vital” – diz a publicação – e com “um grande potencial para oferecer opções orçamentárias de redução de desigualdade”.
Alta e persistente desigualdade vai além da renda
Apesar da queda geral nas taxas de mortalidade materna na maioria dos países em desenvolvimento, as mulheres nas áreas rurais ainda têm até três vezes mais probabilidades de morrer durante o parto do que as mulheres que vivem em centros urbanos.
As mulheres também estão participando mais na força de trabalho, mas permanecem desproporcionalmente representadas no emprego vulnerável e sub-representadas entre os decisores políticos, continuando a ganhar muito menos do que os homens.
Evidências de países em desenvolvimento mostram que, em algumas regiões, crianças mais pobres têm até três vezes mais probabilidade de morrer antes do quinto aniversário do que crianças mais ricas.
A proteção social foi estendida, mas as pessoas com deficiência são até cinco vezes mais propensas do que a média a terem despesas de saúde catastróficas.
A alta desigualdade prejudica o desenvolvimento impedindo o progresso econômico, enfraquecendo a vida democrática e ameaçando a coesão social.
Apesar da redistribuição continuar muito importante para a redução da desigualdade, uma mudança é necessária para um padrão de crescimento mais inclusivo, que aumenta os rendimentos das famílias pobres e de baixa renda mais rápido do que a média, a fim de reduzir de forma sustentável a desigualdade.
Em uma conversa global sem precedentes facilitada pelas Nações Unidas, que envolveu quase 2 milhões de pessoas em todo o mundo, constatou-se que as pessoas estão exigindo uma voz nas decisões que afetam suas vidas.
As pessoas estão indignadas, indicou a pesquisa, com a injustiça que sentem por causa do aumento das desigualdades e inseguranças que existem, especialmente para as pessoas mais pobres e marginalizadas.
O relatório analisa as tendências globais da desigualdade, identificando as suas causas e extensões, o seu impacto e os meios pelos quais eles podem ser reduzidos.
Após ilustrar os resultados de uma investigação do ponto de vista dos formuladores de política sobre a desigualdade, o relatório conclui com um quadro político global abrangente para enfrentar a desigualdade nos países em desenvolvimento. (ecodebate)


Futebol: esporte ou ópio do povo

Futebol: esporte ou ópio do povo na sociedade do espetáculo?
A ideia da realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil foi apoiada pelos políticos e pelas grandes empresas – de olho nos grandes negócios – e pelas mídias que adoram os retornos econômicos do espetáculo futebolístico. Mas depois da “Copa das Mobilizações”, de 2013, o uso do futebol como “circo romano” foi colocado em xeque e os jogos têm funcionado como catalisadores das manifestações populares.
Na verdade, no Brasil, o futebol já foi uma brincadeira ingênua e democrática. Os meninos aprendiam, e ainda aprendem, a jogar futebol desde muito cedo (as meninas nem tanto). O futebol brasileiro, depois da vitória na copa de 1958, ajudou “os tupiniquins” a vencer o “complexo de vira-lata”, como dizia Nelson Rodrigues. Os brasileiros mostram orgulho de ter o melhor futebol do mundo. Nossos jogadores são conhecidos e respeitados em todo o planeta. Em pelo menos uma coisa nós somos reconhecidamente bons, para o delírio nacional. Além disto, o Brasil consegue exportar jogadores e trazer divisas estrangeiras que ajudam a fechar as contas cambiais do país (isto quando não há evasão de divisas e valores menores declarados na venda dos craques).
Portanto, o futebol não pode ser considerado apenas como uma brincadeira democrática e um jogo inocente que reúne crianças saudáveis e felizes em uma confraternização esportiva despretensiosa e sem fins lucrativos. O futebol se tornou um dos elementos-chave da sociedade do espetáculo, sendo um dos eventos de maior audiência televisiva do mundo.
O conceito de “sociedade do espetáculo” tem como base os trabalhos do francês Guy Debord (1931-1994) e sua crítica radical ao processo que transforma todo e qualquer tipo de imagem e induz o ser humano à passividade e à aceitação dos valores preestabelecidos pela sociedade de consumo, tornando mais fácil vivificar os fatos no reino das imagens do que no plano da própria realidade: “toda a vida das sociedades nas quais reinam as modernas condições de produção se apresenta como uma imensa acumulação de espetáculos. Tudo o que era vivido diretamente tornou-se uma representação”.
A sociedade do espetáculo manipula tão bem as imagens que se torna a própria uma realidade, mesmo que virtual para a maioria das pessoas, que passam a viver num mundo movido pelas aparências e pelo consumo permanente de fatos, notícias, produtos e mercadorias. A FIFA se tornou um agente deste processo e já é comparada com o FMI em seus piores momentos. Segundo Marcos de Azambuja: “Em estranha reviravolta, entidade que deveria se dedicar a esporte converteu-se em monstro comercial, pronto a impor obrigações aos povos”.
Por exemplo, as grandes multinacionais da cerveja há muito descobriram os bons lucros derivados dos investimentos no futebol. Com propagandas, geralmente sexistas, contratam os principais técnicos e jogadores para defender “as cores” da cerveja de ocasião e promovem o culto da “cerveja, churrasco e futebol”, que as estatísticas mostram ser uma combinação extremamente danosa para o meio ambiente, assim como para o aumento das taxas de mortalidade masculina (quer seja por homicídios ou acidentes de trânsito).
A ideia de que o futebol promove a ascensão social ascendente só é realidade para o futebol masculino e para uma fração minúscula dos meninos que se envolvem profissionalmente com o esporte espetáculo. A maioria dos rapazes e suas famílias ficam apenas no sonho do enriquecimento e da fama. Outros até chegam perto, mas alguns acabam em tragédia, como no caso do ex-goleiro Bruno do Flamengo.
Portanto, não é de se estranhar a declaração do sociólogo Immanuel Wallertein de que “o futebol é o ópio do povo”. Fora e dentro de campo os símbolos proliferam. O cabelo do craque do time, as camisas oficiais (com suas propagandas incorporadas) e a fidelidade a um time acima de outras fidelidades éticas ajudam a tornar o futebol um instrumento de diversão, manipulação e autoengano das massas. Em geral, em vez de promover o amadurecimento dos jovens, provoca a infantilização dos adultos.
Mas a situação está mudando e o povo já não aceita pacificamente a manipulação e a exploração da imagem da seleção, pois as multidões estão indo para as ruas exigir qualidade na saúde e na educação. Enquanto isso, existem estádios inacabados e as obras de mobilidade urbana não avançaram nas cidades brasileiras, enquanto os trens do Rio de Janeiro criam um pesadelo permanente para a população dos subúrbios cariocas.
Na primeira manifestação contra a realização da Copa do Mundo no Brasil em 2014, cerca de 1,5 mil manifestantes liderados pelo Bloco de Lutas pelo Transporte Público foram as ruas de Porto Alegre no dia 23/01 para protestar contra a corrupção, a falta de “padrão Fifa” na educação, saúde, transporte, etc. No dia 25 de janeiro, aniversário da cidade de São Paulo, a manifestação contra a Copa do Mundo começou pacífica na Avenida Paulista e chegou a reunir 2,5 mil pessoas, mas terminou em violência. Pelo menos outras 13 capitais tiveram protestos neste mesmo dia, onde predominou a seguinte palavra de ordem: “Se o povo se unir, essa Copa vai cair”.
Num quadro de redução do crescimento econômico e agravamento dos problemas sociais, há grande possibilidade de haver sinergia entre as manifestações de rua e os rolezinhos nos shoppings. Porém, ninguém sabe com precisão o que vai acontecer, embora todo mundo queira saber como será o espetáculo da Copa do Mundo de Futebol de 2014. Façam suas apostas! (ecodebate)

Renda dos negros cresce, mas não tanto

Renda dos negros cresce, mas não chega a 60% da dos brancos
De 2003 a 2013, a renda da população preta e parda cresceu 51,4%, enquanto a da população branca aumentou 27,8%, divulgou em 30/01/14 o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar disso, a renda dos negros ainda corresponde a apenas 57,4% da dos brancos, percentual maior que os 48,4% de 2003. Nesse período, a renda média geral da pesquisa subiu 29,6%.
Enquanto a população de cor branca teve rendimento médio de R$ 2.396,74 em 2013, a população preta e parda recebeu em média R$ 1.374,79 por mês. O valor médio para toda a população das seis regiões metropolitanas pesquisadas no ano passado foi de R$ 1.929,03. Para a técnica da Coordenação de Emprego e Renda do IBGE, Adriana Araújo Beringuy, que apresentou a pesquisa, a retrospectiva dos 11 anos da Pesquisa Mensal do Emprego mostra que houve ganhos importantes para grupos historicamente mais vulneráveis:
“De fato melhorias têm ocorrido, mas a diferença ainda é muito importante. A melhoria pode ser atribuída a questões como escolaridade da população como um todo que vem aumentando, permitindo que as pessoas obtenham empregos com maiores rendimentos, assim como também ao aumento do poder aquisitivo da população, que gera um aumento de vagas no comércio, por exemplo”, explicou.
Em 2013, a taxa de desocupação se mantinha maior para a população preta e parda do que para a população branca. Enquanto o primeiro grupo partiu de uma taxa de 14,7% em 2003 para uma de 6,4% em 2013, a do segundo grupo saiu de 10,6% para 4,5%. De 2012 para 2013, o desemprego se manteve no mesmo valor para os pretos e pardos, e caiu de 4,7% para 4,5% para os brancos. Apesar disso, nos dez anos, a queda foi de 8,3 pontos percentuais para a população preta e parda e de 6,1 pontos percentuais para a população branca.
A diferença entre a renda de homens e mulheres também foi reduzida, mas persiste. Trabalhadores do sexo feminino ganharam, em média, o equivalente a 73,6% do que os do sexo masculino receberam em 2013. Em 2003, o percentual era de 70,8%, mas chegou a ser de 70,5% em 2007. O rendimento real mensal médio das mulheres em 2013 foi de R$ 1.614,95, enquanto o dos homens foi de R$ 2.195,30.
A taxa de desocupação também é maior entre as mulheres do que entre os homens, com 6,6% contra 4,4%. Em 2003, a taxa para as mulheres era de 15,2%, e, a para os homens, de 10,1%. A maior taxa de desemprego é verificada entre as mulheres negras, para quem o índice chega a 7,9% em 2013 e foi de 18,2% em 2003. As mulheres brancas têm a segunda maior, de 5,4%, e os homens negros, de 5,1%. A dos homens brancos, que era de 8,6% em 2003, caiu para 3,8% em 2013.
São Paulo continua sendo a região metropolitana com a maior renda média, de R$ 2.051,07, seguida pela do Rio de Janeiro, de R$ 2.049,07, de Porto Alegre, de R$ 1.892,83, e pela de Belo Horizonte, de R$ 1.877,99. Salvador, com R$ 1.460,68, e Recife, com R$ 1.414,40, possuem os menores valores médios.
O uso dos termos preto e pardo, empregados pela matéria, respeita as categorias originais usadas na pesquisa pelo IBGE. (ecodebate)


‘Agequake’

‘Agequake’: um bilhão de idosos até 2020 e 3 bilhões até 2100
O mundo está passando por um terremoto na estrutura etária (agequake) que vai provocar o surgimento de um tsunami de pessoas grisalhas (grey tsunami ou tsunami gris).
Em 1950 existiam 204 milhões de pessoas com 60 anos e mais de idade, representando 8,1% da população mundial, de 2,532 bilhões de habitantes. Em 2000 eram 610 milhões (10% do total populacional). Segundo as novas projeções divulgadas pela Divisão de População da ONU, o mundo vai atingir a marca recorde de 1 bilhão de habitantes com 60 anos ou mais de idade, em 2019. A população mundial estimada para 2019 é de 7,6 bilhões de habitantes. Isto quer dizer que deverá haver 13,5% de idosos no globo, no final da atual década.
O século XXI vai ser o século do envelhecimento populacional. Enquanto a população mundial deve passar de 6 para 11 bilhões de habitantes (não chegando a multiplicar por 2 vezes), a população com 60 anos e mais vai passar de 610 milhões de pessoas para 3 bilhões, multiplicando por 5 vezes. Os idosos eram 10% em 2000 e vão chegar a mais de 25% em 2100. Em nenhum outro século do passado ou do futuro houve ou haverá uma mudança tão significativa da estrutura etária. Assim com a transição demográfica, o agequake só acontece uma vez na história.
Esta transformação da estrutura etária ocorre em primeiro lugar por conta da queda das taxas de fecundidade que reduzem a base da pirâmide de sexo e idade e, em segundo lugar, ao aumento da esperança de vida e da longevidade. Hoje em dia morremos menos nas idades iniciais e sobrevivemos crescentemente em idades mais avançadas, ou seja, longevivemos mais.
Segundo Angus Maddison, a esperança de vida ao nascer do mundo era de apenas 24 anos no ano 1000 da Era Cristã. Nos países ocidentais (Europa Ocidental e Estados Unidos) a esperança de vida passou para 36 anos em 1820, 46 anos em 1900 e 79 anos em 2006. No resto do mundo a esperança de vida ao nascer chegou a 26 anos em 1900, 44 anos em 1950 e 64 anos em 2006.
From 1000 to 1820, life expectation in the West rose from 24 years at birth to 36; it rose to 46 by 1900, to 67 by 1950, and to 79 in 2006. In the Rest it lagged behind, remaining at 24 from 1000 to 1820, rising to 26 by 1900, 44 by 1950 and 64 in 2006” (Maddison, p. 88).
No quinquênio 2010-15, segundo a Divisão de população da ONU, países como Japão, Coreia do Sul e Singapura já tinham esperança de vida ao nascer acima de 81 nos, ultrapassando os Estados Unidos com 79 anos. O conjunto da América Latina e Caribe tem 75 anos de esperança de vida atualmente e deve ultrapassar 80 anos a partir de 2035. Ou seja, a alta expectativa de vida é um fenômeno que está se espalhando por quase todas as regiões do mundo (a África Subsaariana é uma região que ainda está atrasada neste processo).
Devido à alta fecundidade do passado e ao atual prolongamento da vida média, a quantidade de pessoas com mais de 60 anos vai crescer muito rapidamente durante o atual século. O número de 1 bilhão de idosos deve ser atingido até 2020 e é uma marca histórica, sendo uma cifra maior do que toda a população humana de 1800. Mas o próximo 1 bilhão vai demorar somente 30 anos, pois em 2050 haverá mais de 2 bilhões de habitantes com 60 anos e mais de idade no globo. Em 2100 haverá outro bilhão, chegando a 3 bilhões de pessoas grisalhas, mais do que toda a população mundial de 1950.
Os analistas mais pessimistas consideram que este fenômeno do envelhecimento vai prejudicar a economia – ao reduzir o percentual de pessoas consideradas em idade ativa – e vai sobrecarregar os gastos do sistema de saúde e da previdência. Em geral, quanto mais longevo é um país, maior é a carga de doenças e a demanda sobre as famílias e a sociedade. O aumento da proporção de idosos está associado ao fim do primeiro bônus demográfico e ao aumento da razão de dependência.
Mas o mundo pode colher um segundo bônus demográfico se esta grande onda de pessoas idosas vier acompanhada de maiores níveis de educação, uma vida com energia, uma maior capacidade de manutenção do patrimônio acumulado ao longo dos anos e da experiência incorporada. A questão chave será surfar adequadamente na onda do envelhecimento, evitando a discriminação e avançando na inclusão social. Uma população idosa e saudável pode ser uma bênção para o país e o mundo. (ecodebate)


Morar no Brasil é ‘sonho’ internacional

País está entre os 12 mais cobiçados para se mudar em pesquisa feita com 65 e foi citado em dois terços das nacionalidades estudadas.
O Brasil é um dos 12 países mais cobiçados para se morar, segundo uma série de pesquisas feitas em 65 nações pelo WIN - coletivo dos principais institutos de pesquisa do mundo - e tabulada pelo Estadão Dados. O crescimento econômico na última década, aliado à boa imagem cultural do País no exterior, fizeram com que o Brasil fosse citado como destino dos sonhos por moradores de dois em cada três países onde foi feito o estudo.
Brasil é o único da América Latina, o único Bric e a única nação ocidental em desenvolvimento.
Na lista dos destinos mais cobiçados por quem não está feliz na terra natal, o Brasil é o único da América Latina, o único Bric (grupo formado por Brasil, Rússia, China e Índia) e a única nação ocidental em desenvolvimento. As pesquisas foram feitas no fim do ano passado e ouviram mais de 66 mil pessoas ao redor do globo. Elas foram questionadas se gostariam de morar no exterior se, hipoteticamente, não tivessem problemas como mudanças ou vistos e qual local elas escolheriam. Por isso, os resultados dizem mais sobre a imagem dos destinos mencionados do que com imigrantes em potencial.
Se esse desejo virasse realidade, o Brasil receberia em torno de 78 milhões de imigrantes nesse cenário hipotético. Mas, em um mundo sem fronteiras, a população do País diminuiria - 94 milhões de brasileiros se mudariam para outras nações, se pudessem. Ainda assim, 53% dos brasileiros não desejam emigrar, porcentual acima da media mundial.
Quem mais tem vontade de vir para o Brasil são os argentinos: 6% se mudariam para cá se tivessem a chance. O Brasil também está entre os cinco mais cobiçados por peruanos e mexicanos. Mas não são apenas latinos que gostariam de viver aqui. Os portugueses acham o Brasil mais atrativo do que a Alemanha, os italianos o preferem à França, os australianos o consideram o segundo país mais desejável, os libaneses o colocam em posição tão alta quanto a Suíça e até no longínquo Azerbaijão o Brasil aparece entre os quatro destinos mais sonhados, na frente até dos Estados Unidos.
Liderança
Os EUA são, previsivelmente, o destino mais desejado por quem quer imigrar no mundo. O ranking segue com outros países ricos, como Canadá, Austrália e nações da Europa ocidental. Quebram a hegemonia das grandes potências apenas Brasil, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos - os dois últimos, não por acaso, países de renda alta por causa do petróleo e destino desejado principalmente por muçulmanos. De todos esses países, o único que não tem histórico recente de imigração considerável é justamente o Brasil.
Para Alberto Pfeifer, professor de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (USP), os entrevistados possivelmente deram respostas utópicas. "Em um mundo em que não houver barreiras, lógico que muita gente gostaria de morar na zona sul do Rio." Ainda assim, ele defende que o crescimento econômico dos anos 2000 foi crucial para "colocar o País no mapa da imigração".
A diplomata Liliam Chagas de Moura estuda o chamado "soft power" brasileiro - a capacidade de um país de exercer influência por meio de sua cultura e hábitos políticos. "Temos uma cultura diversa e riquíssima, somos uma democracia e somos reconhecidos em nossa política externa por ser um país pacífico", diz, acrescentando que essas características definem a "marca Brasil" no exterior. "Já morei em diversos países e, ao nos apresentarmos como brasileiros, recebemos uma empatia imediata."
Foi essa empatia que atraiu a portuguesa Sara Mendonça, de 26 anos. Ela é gerente de marcas e se identificou com o País ao fazer intercâmbio no Rio. Há seis meses, ela se mudou definitivamente para Campinas.
"No momento, aqui tem muito mais oportunidades do que a Europa. Ganha-se melhor", diz Sara, que antes morava na Espanha. Ela conta que perdeu um pouco da qualidade de vida, mas pensa em ficar alguns anos mais. "Não penso em ficar para sempre. Quero ficar até a situação na Europa melhorar ou a do Brasil piorar." (OESP)

Mapa- mundi mostra o melhor de cada país


Mapa- mundi mostra o que cada país faz de melhor
O site DogHouseDiares fez um mapa em que mostra o que cada país faz de melhor, em comparação a todos os outros.
Sem surpresas, o Brasil foi lembrado pelos títulos da Copa do Mundo. Mas o mapa também traz curiosidades de outros países, como o que tem a população que mais permanece casada, o país menos seguro para os jornalistas, o mais feliz, o que mais consome carnes e o que tem mais “workaholics” (viciados em trabalho).
Para fazer o mapa, o site coletou informações de diversas fontes, como rankings e estudos. Confira abaixo o que alguns países fazem melhor que os demais. (yahoo)

As terras vermelhas em Yunnan

Lexiago: As terras vermelhas em Yunnan, na China
Lexiaguo fica a sudoeste de Kunming em Yunnan, na China, a 900 metros de altitude, em uma zona remota.

Sem infraestrutura, transportes e alojamento adequados, a maior parte das agências de viagem evitam esse destino turístico.
Mas quem observar as fotografias da terra vermelha não pode resistir à atração de cenários tão magníficos.
O solo, de um castanho vermelho extraordinário, resulta de ferro oxidado (e outros minerais metálicos oxidados).
Nestas montanhas e colinas, cada porção de terra é cultivada ao máximo, provocando danos involuntários através da erosão.
Por isso, tem sido defendida a reflorestação.
Na Red Land cultivam-se batatas, aveia, milho, plantas para óleo vegetal.
Vistas de longe, estas plantações de cores variadas parecem um tecido deslumbrante pintado por Deus.
Veja incríveis imagens dessa região da China.















Confira no link a íntegra da apresentação das fotos em Power Point:>> LEXIAGUO


quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Atletas velejam em meio ao lixo na Baía de Guanabara

A 30 meses da Olimpíada do Rio, apenas 34% do esgoto produzido na região da baía é tratado; governo garante que Olimpíada não terá problemas.
Enquanto brasileiros batalham seus lugares na equipe olímpica na Copa Brasil de Vela, realizada nesta semana em Niterói, velejadores estrangeiros buscam dominar as águas da Baía de Guanabara – e aprender a driblar seus obstáculos.
As equipes olímpicas internacionais estão buscando se acostumar com uma realidade que seus adversários locais já conhecem de longa data: o alto índice de poluição da sede das competições de vela em 2016.
Muitos têm ficado chocados com a quantidade de objetos flutuantes na água – de eletrodomésticos a animais mortos – e temem não só pelas competições, como também por sua saúde.
O britânico Alain Sign ficou doente logo antes do Natal. “Pode ter sido porque o barco virou, ou pode ter sido algo que eu comi. Mas acho que ninguém quer beber dessa água”, diz ele antes de uma das regatas do evento, realizada na Praia de São Fransico, em Niterói.
Ao fundo está o belo cenário das montanhas do Rio, a água da baía refletindo o céu azul. Mas dali a pouco Sign entra com o barco na água até a cintura, que quebra em ondas marrons cheias de sacos plásticos e deixa pedaços de lixo na areia.
Governo diz que tem um compromisso com a população e está ‘mudando o jogo’
O governo do Rio se comprometeu a alcançar 80% de saneamento do esgoto que desagua na baía até 2016. As autoridades prometem entregar ainda obras importantes e garantem que a competição de vela ocorrerá sem problemas na baia durante a Olimpíada.
Mas, a 30 meses do evento, muitos estão céticos quanto à promessa. Hoje, apenas 34% do esgoto produzido na região é tratado.
Esgoto e vitaminas
Dos 18 mil litros de esgoto produzidos por segundo pela população, 12 mil são lançados in natura na baía e no mar.
A medalhista Isabel Swan – que na candidatura do Rio para a Olimpíada falou de seu amor pela baía, onde aprendeu a velejar – vê com bons olhos os esforços implementados, mas considera a meta “bem ousada”.
“A promessa de 80% é difícil de ser alcançada. Mas temos que cobrar agora, porque é a grande chance que temos. Sem a Olimpíada, mudar a situação da baía vai ser impossível.”
Dylan Fletcher, dupla de Alain Sign no 49er, diz que a equipe britânica foi vacinada contra hepatite A e reforçou o consumo de vitaminas para evitar doenças.
“Estamos fazendo o maior esforço possível para não engolir água e não ficar doente. Na dúvida, tomamos uma Coca-Cola depois do treino. Pode ser um mito, mas dizem que ajuda,” diz.
Para ele, o maior problema são objetos flutuantes – os grandes perigam rasgar o casco do barco, e um pequeno saco plástico no leme pode acabar com uma regata.
“Essa é a parte mais frustrante – quando você vê que está realmente perdendo posições. A gente tenta desviar, mas às vezes não consegue.”
Paliativas?
Dos 18 mil litros de esgoto produzidos por segundo pela população, 12 mil são lançados in natura na baía e no mar
Quatro anos após o anúncio da Olimpíada no Rio, o governo estadual anunciou no ano passado o plano Guanabara Limpa. São 12 ações para melhorar a qualidade das águas na baía até 2016.
O plano inclui a instalação de sete unidades de tratamento de rio – para tratar o esgoto e conter o lixo antes de os rios desembocarem na baía –, a ampliação de “ecobarreiras” para bloquear lixo flutuante nos rios e os chamados ecoboats, dez barcos para “pescar” lixo da água, que entraram em operação nesta semana.
Muitos consideram as medidas paliativas e dizem que não atacam a raiz do problema, cobrando a ampliação da rede de coleta e tratamento de esgoto.
O biólogo Mario Moscatelli concorda que as unidades de tratamento de rio podem melhorar a qualidade das águas na baía no curto prazo. Mas se pergunta: por que tanta demora?
“Das sete unidades de tratamento de rio prometidas, só uma foi instalada, e isso a 30 meses dos jogos. O que eu não consigo entender é como as autoridades, sabendo da data dos jogos e conhecendo o passivo ambiental na baía, estão atrasando tanto a implementação de medidas já selecionadas.”
De pé sobre uma montanha de lixo no manguezal que busca recuperar no Canal do Fundão – próximo ao Complexo da Maré, onde milhares de famílias vivem sem saneamento – Moscatelli diz que o cenário resume a situação da baía.
“Todos os rios que chegam à baía estão mortos e foram transformados em grandes valões de lixo e esgoto. A carga poluente é lançada na baía e vem para as áreas de mangue.”
Biólogo Mario Moscatelli questiona demora no processo de limpeza
“Depois de 20 anos e de ter recebido US$ 1,2 bilhão, a baía continua uma grande latrina e uma grande lata de lixo”, lamenta.
O biólogo se refere aos investimentos do Programa de Despoluição da Baía de Guanabara, anunciados durante a ECO-92.
Cronograma
O Rio recebeu recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento e do Japão, mas os investimentos surtiram poucos efeitos, com grandes projetos deixados pela metade.
Gelson Serva, subsecretário de Economia Verde da secretaria estadual do Ambiente, diz que o governo vai concluir obras importantes, como a estação de tratamento de esgoto da Alegria – que hoje opera muito abaixo de sua capacidade pela falta de troncos coletores para levar o esgoto até lá.
Ele diz que o governo precisou de tempo para planejar as ações e recuperar sua capacidade de investimento.
“Agora estamos executando as ações. Temos uma carteira de projetos de R$ 2 bilhões em obras de saneamento, e as licitações estão nas ruas”, diz.
O cronograma de grande parte das obras ainda é incerto. As seis unidades de tratamento de rio previstas até 2016 ainda estão sendo licitadas.
‘Temos que cobrar agora, porque é a grande chance que temos’ de ter a baía limpa para a Olimpíada, diz Swan
Serva diz que o governo tem um compromisso com a população e está “mudando o jogo”.
Mas uma reportagem publicada ontem no jornal O Globo mostrou que o governo do estado gastou apenas 17% dos recursos previstos em seu orçamento para saneamento no ano passado.
De acordo com Serva, as provas olímpicas poderão acontecer sem problemas na baía. Medidas específicas sendo tomadas para reduzir a quantidade de lixo flutuante na água.
Mas impedir que o esgoto da cidade chegue aos rios e desague na Guanabara ainda parece um sonho distante, mesmo com as Olimpíadas se aproximando no horizonte. (ecodebate)


A armadilha do PET

Foi na última semana, quando uma amiga me enviou uma foto de seu quintal de permacultura, e com orgulho ela escreveu: “Olha estou reciclando garrafas de PET, utilizando no viveiro para as minhas plantinhas.” A minha amiga se acha ecologicamente correta e consciente, mas sem querer ela entrou na armadilha da grande indústria do plástico e do petróleo.
Por anos, incontáveis de workshop de reciclagem ensinaram aos brasileiros, criancinhas, adultos, idosos, donas de casa, comunidades carentes e povos indígenas, a maravilha de “reciclar” garrafas PET. As garrafas de PET usadas passam então a servirem para várias coisas. Vasos para plantas, brinquedos, bijuterias, árvores de Natal, móveis ou qualquer coisa inimaginável. Paralelo a isso, foi criado um mercado de roupas com malha PET, identificada como ecologicamente correta. Camisas caríssimas porque salvam o Planeta, diz a propaganda.
Uma mentira que só virou verdade nesta sociedade do século 21, porque foram repetidas milhares vezes. A realidade é essa: O uso de uma garrafa PET velha no seu quintal ou em forma de roupa, ou como um “telhado verde”, não é reciclagem e nem preserva o meio ambiente. Reciclagem é quando uma garrafa PET velha vira uma garrafa PET nova, como é feito com as garrafas de vidro. Só assim o uso da matéria prima, o petróleo, e o gasto de energia estarão reduzidos. Mas o que acontece com a PET, na realidade, é o contrário disso. A garrafa PET na prática mundial não vira uma nova garrafa PET. A garrafa velha vira um outro produto, um processo que internacionalmente recebeu o nome “Downcycling”.
Ao contrário do vidro, a PET não pode ser reutilizada na linha de produção original e o seu processo de reciclagem de verdade é ainda caro e complicado. Por isso a indústria de embalagens prefere utilizar matéria prima para seus produtos e inventou a propaganda da PET-Recicling.
Novos mercados para o lixo de PET foram criados que de fato estão estimulando a produção de novas garrafas PET à base da matéria prima petróleo. Por exemplo, o novo mercado de Eco-Camisas, Eco-Bolsas ou Eco-mochilas de PET, precisa de produção de novas garrafas de PET à base da matéria prima. E isto é um ato contra a sustentabilidade, contra o meu ambiente e contra a nossa própria saúde.
Pior: ao contrário das fadas da propaganda da indústria química, a produção de PET nem é fácil ou limpa. Além do uso de petróleo, também várias substâncias tóxicas são necessárias ou são criadas durante o processo. Por exemplo, a indústria está usando trióxido de antimônio no processo de fazer PET. Mas antimônio é um metal pesado venenoso e pode criar câncer. “A Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC) classifica o trióxido de antimônio no Grupo 2B – possivelmente carcinogênico para o ser humano.”
A substância orgânica Bisfenol-A (BPA) é um outro grande vilão na produção de garrafas de plástico e de outras embalagens. Esta substância de fórmula (CH3)2C(C6H4OH)2 é um estrogênio sintético e pode causar câncer e infertilidade. Já foi provado há anos que o Bisfenol-A pode contaminar os líquidos dentro das garrafas de PET ou de outros plásticos.
Quem compra garrafas de PET e as usam no seu quintal como um viveiro ou quem cria um sofá de PET ou bijuterias, também está responsável pela continuidade do uso do petróleo, pela mineração de antimônio e seus efeitos danificadores e pela contaminação do meio ambiente com substâncias tóxicas e cancerígenas.
O mundo não precisa de garrafas, camisas ou viveiros de PET. Vidro é o melhor material para guardar qualquer bebida, inclusive a água. As garrafas de vidro podem ser reutilizadas centenas de vezes. E o material de vidro pode ser reciclado sem fim. O próprio vidro é a melhor matéria prima para fazer vidro. (ecodebate)


Ecobarcas recolhem lixo flutuante da Baía de Guanabara

Ecobarcas começam trabalho de recolhimento de lixo flutuante da Baía de Guanabara
A Secretaria Estadual do Ambiente começou a operar três ecobarcas especializadas em recolhimento de lixo, para retirar resíduos flutuantes da Baía de Guanabara.
A Secretaria Estadual do Ambiente começou em 03/01/14 a operar três embarcações especializadas em recolhimento de lixo, para retirar resíduos flutuantes da Baía de Guanabara. Nas próximas semanas, uma base de operação será instalada no Clube Jardim Guanabara, na Ilha do Governador, na zona norte, e outra na Escola Naval, na região central do Rio. Ao todo, dez ecobarcos foram contratados para limpar a Baía.
Os resíduos recolhidos serão depositados em contêineres da Companhia de Limpeza Urbana (Comlurb), instalados na Marina da Glória, e encaminhados para indústrias de reciclagem. A iniciativa é financiada pelo Fundo Estadual de Conservação Ambiental (Fecam) e está orçada em R$ 3 milhões. A ação integra o projeto Baía Sem Lixo 2016, uma das 12 ações do plano Guanabara Limpa.
O secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, informou que foram recolhidos resíduos sólidos variados, como bancos, assentos de vaso sanitário e grandes galhos de árvore.
“Hoje a gente pegou a tampa de uma latrina aqui e um galho enorme de uma árvore. Não é só a questão da poluição, é a questão do risco de acidentes com as embarcações. Porque esses grandes resíduos podem quebrar hélices de barcos e causar acidentes”, disse o secretário.
Ainda segundo Minc, além da coleta de lixo flutuante, a campanha visa também à conscientização dos donos e usuários de barcos. “Estamos aqui com o apoio da Marina da Glória. Já tem uma orientação para uma campanha de conscientização dos proprietários de barcos, para coletarem também o lixo flutuante, para tomarem conta dos lixos dos próprios barcos”.
O projeto Baía Sem Lixo 2016 prevê ainda, para fevereiro, o início da construção de oito ecobarreiras às margens da Baía de Guanabara. Atualmente, dez ecobarreiras estão espalhadas pelo estado. Elas recolhem, em média, 15 toneladas de lixo por mês. As ecobarreiras são estruturas feitas de materiais reciclados instaladas próximas à foz de rios para o recolhimento de resíduos sólidos.
O plano Guanabara Limpa espera alcançar o saneamento de 80% da Baía de Guanabara até 2016, quando vai sediar competição de barco a velas durante os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. (ecodebate)


quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Clima, alimentação, saúde e biodiversidade

Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical
Tem sido muito farto, nas últimas semanas, o noticiário sobre vários temas que se inter-relacionam – perdas em várias áreas com mudanças climáticas, inclusive na biodiversidade; valor dessa biodiversidade na alimentação humana, na saúde e em outros setores; perdas de safras brasileiras por causa de “pragas” novas e antigas. Parece estar começando uma discussão que pode ser muito importante e proveitosa para todas as áreas, especialmente neste momento em que várias instituições mostram também que o uso e o consumo de produtos alimentícios e matérias-primas estão afetando toda a Terra, já que em oito meses de um ano consumimos o que ela pode prover em todo o ano – além de reduzirmos a capacidade de retenção de dióxido de carbono, que passa a acumular-se na atmosfera e a acentuar mudanças do clima.
Mais de uma vez, ao longo de 2013, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, ressaltou em seus pronunciamentos o valor das florestas, que abrigam mais de metade das espécies terrestres de animais, principalmente insetos, e plantas. Pesquisa do Nature Climate Change mostrou (Instituto Carbono Brasil, 13/5/2013) que o clima pode levar à extinção de 57% das plantas; 34% dos animais conhecidos sofrerão com perdas de seus habitats – só 4% se beneficiariam com temperaturas mais altas. A Amazônia será uma das áreas mais atingidas.
Os problemas no Brasil são muitos, segundo o Livro Vermelho da Flora Brasileira, editado pelo Centro Nacional de Conservação da Flora, do Jardim Botânico do Rio de Janeiro; 2.118 de 4.617 espécies estudadas estão ameaçadas pela perda e degradação de habitats, pela expansão de monoculturas extensivas e pelas queimadas, principalmente no Cerrado (já afetado em 50% de sua área por incêndios e desmatamentos; e que já perdeu grande parte de seu estoque de água no subsolo, que alimenta todas as grandes bacias nacionais).
Entre as espécies ameaçadas estão numerosas com alto valor medicinal, inclusive no Brasil – como o barbatimão, com propriedade cicatrizantes; a arnica, eficaz no tratamento de traumatismos e contusões; a pata-de-vaca, com propriedades diuréticas e eficaz em casos de diabetes e obesidade; a gabiroba (ou gueroba), útil em diarreias e afecções no sistema urinário; o araticum (marolo), para cólicas menstruais; a catuaba, afrodisíaca, ansiolítica, antibacteriana, expectorante.
Outra área de muita discussão tem sido a da possibilidade de uma dieta de insetos reduzir os problemas que o mundo enfrenta com a fome e a miséria. Insetos constituem mais de 50% dos organismos vivos. E 1.900 espécies já são consumidas por humanos, informa a FAO, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (Eco21, maio de 2013). Com dois quilos de alimentos insetos produzem um quilo de carne, enquanto bovinos precisam de oito quilos de alimentos para gerar um quilo de carne para humanos – além de insetos gerarem muito menos metano e outros gases (um boi gera 58 quilos de metano por ano, segundo a Embrapa Meio Ambiente; com mais de 200 milhões de bovinos, só aí o Brasil gera 1,6 milhão de toneladas anuais de metano).
Quatro áreas no Brasil, no Alto Rio Negro e no Javari – duas delas, terras indígenas -, são consideradas excepcionalmente valiosas para a conservação da biodiversidade, diz a revista Science (no geral, as terras indígenas são apontadas pelos cientistas como o melhor caminho para essa preservação). E na Amazônia foram identificadas 15 novas espécies em áreas como essas, no ano passado. Outros cientistas, da Universidade de Aberdeen, afirmam (mercadoetico, 19/2/2013) que plantas afetadas por problemas são capazes de alertar, por meio de fungos do solo, outras plantas para que estas ativem genes que as protejam. Muitas são capazes de prever a chegada de ventanias e tempestades (Agência Fapesp, novembro de 2013) – e podem ajudar a acionar programas preventivos (que são raros no Brasil).
Também têm estado muito presentes, nos últimos tempos, notícias como as de programas e políticas de valorização da mandioca. Em meio a elas, jornais publicaram a informação de que nossa campeã mundial de natação, Poliana Okimoto, chegou a esse destaque depois de, com o auxílio de uma nutricionista, substituir por mandioca e derivados boa parte de sua dieta alimentar. Fez lembrar o cientista Paulo de Tarso Alvim, para quem, “se a mandioca fosse norte-americana, o mundo todo estaria comendo mandioca flakes e tapioca puffs”. Porque a mandioca é a espécie mais adaptada a solos brasileiros, não precisa nem de fertilizantes nem de agrotóxicos.
E por aí se chega ao noticiário de que parte das consideráveis perdas que estão ocorrendo na agricultura brasileira de exportação se deve à remoção dos defensivos naturais do solo, após a implantação de monoculturas extensivas e uso intensivo de agrotóxicos – consumo em que o Brasil é o líder no mundo. Desprotegido das suas defesas naturais, o solo torna-se muito vulnerável – essa seria uma das causas de termos no momento tantas “epidemias de pragas”, como a que assola as culturas do algodão, e que podem espalhar-se mais.
Com tantas notícias na área de insetos, é inevitável que volte à memória a sentença do respeitado biólogo Edward Wilson de que as formigas dominarão a Terra: elas já são quatrilhões e se reproduzem em velocidade muitas vezes maior que a do ser humano. Também fazem lembrar um catedrático de estruturas de concreto que apontava para um cupinzeiro no Jardim Botânico de São Paulo e dizia: “Essa é uma construção sustentável; ali vivem dezenas de milhares de cupins, em absoluta ordem, trafegando dentro e fora na busca de alimentos e seu armazenamento em câmaras subterrâneas, dotadas de orifícios para liberação de gases da decomposição” – que eles abrem e fecham conforme a temperatura.
Quem porá a biodiversidade no centro das nossas políticas? (ecodebate)

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Temporais no Brasil aumentaram em 50 anos

Intensidade dos temporais no Brasil aumentou nos últimos 50 anos
Tendência é que nas próximas décadas chova até 20% mais nas regiões Sul e Sudeste do país, as mais afetadas por enchentes. Sistema de previsão melhorou, mas ocupação urbana desordenada é a maior causa de tragédias.
A frequência de chuvas intensas aumentou nos últimos 50 anos em todo o sudeste da América do Sul, que inclui as regiões Sudeste e Sul do Brasil. “E as previsões e modelos para o futuro mostram que a tendência é seguir aumentando”, aponta José Antônio Marengo Orsini, chefe do Centro de Ciência do Sistema Terrestre do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Mozar de Araújo Salvador, meteorologista da Coordenadoria Geral de Desenvolvimento e Pesquisa do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), observou o mesmo fenômeno a partir de medições feitas na região metropolitana de São Paulo. Segundo ele, o número de dias chuvosos continua o mesmo, mas as chuvas caem com mais força.
Cientistas que pesquisam as mudanças climáticas preveem ainda um leve aumento nas temperaturas das regiões Sul e Sudeste, e calculam que, entre 2041 e 2070, deva chover de 15% a 20% mais nessa área. Até o fim do século, o clima deve estar cerca de três graus mais quente e de 25% a 30% mais chuvoso, apontou em 2013 o primeiro Relatório de Avaliação Nacional do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC).
Dimensões do desastre
Com o início da temporada de chuvas na região Sudeste, o risco de enchentes é iminente. No estado do Espírito Santo, 24 pessoas morreram, duas seguem desaparecidas, e os moradores ainda tentam voltar às suas casas depois que as chuvas bateram recordes históricos. No pico da enchente, 50 mil pessoas tiveram que deixar suas residências.
Na capital Vitória choveu 746 milímetros em dezembro – 720 milímetros a mais do que no último mês de 2012. Dados do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) apontam que foi o mês mais chuvoso desde que começaram a ser feitas medições pluviométricas, em 1924.
No interior, as anomalias registradas pelo sistema de Defesa Civil do Estado foram ainda maiores: em Baixo Guandu, por exemplo, uma das cidades mais afetadas, a média histórica de chuvas para dezembro é 194 milímetros, conforme dados registrados ente 1931 e 2008. A enchente foi provocada pelo acumulo de 760 milímetros de chuva em dezembro de 2013.
Chuva forte não é o problema
Mas o volume de água não é o maior problema, segundo Marengo Orsini. “A chuva não mata ninguém. O clima é apenas um deflagrador dos desastres naturais”, enfatiza. Ele explica que é o fator humano que transforma condições meteorológicas extremas em desastres naturais. Se a mesma condição – como chuvas fortes e alagamentos – ocorresse em uma área não habitada, isso não representaria necessariamente uma catástrofe, lembra.
Essa constatação aponta diretamente para planejamentos urbanos equivocados – ou a total falta dele. “Algumas cidades nem têm plano diretor”, pondera Marengo Orsini. No entanto, ele explica que a ocupação desordenada não está restrita a áreas pobres ou invadidas. A ocupação de encostas onde no passado havia florestas também pode representar um risco. Zonas ribeirinhas também são um problema: “Há casas que foram feitas onde há 20 anos era um leito de rio, e agora o rio volta para reclamar seus direitos”.
Obras malfeitas, ocupações desordenadas e pessoas morando em áreas de risco transformam as cidades em cenários propensos a catástrofes naturais. Para o especialista do Inmet, a forte urbanização ocorrida especialmente a partir da década de 1970 teve influência direta no clima da própria região. “Áreas com cobertura vegetal emitem menos radiação, que é o que aquece o ar”, lembra Mozar de Araújo Salvador. Nas cidades, concreto, asfalto ou mesmo o vidro usado em prédios inteiros podem contribuir para o aquecimento do ar.
O especialista prefere não relacionar as enchentes do Espírito Santo com o aquecimento global, mas assegura que, embora tenha sido uma ocorrência extrema e não sequencial, existe uma conexão lógica. Segundo ele, em um planeta mais quente deve ocorrer mais evaporação e, consequentemente, mais chuvas intensas. No entanto, apesar de o Inmet já ter completado um século de atividades, são poucas as cidades do país que mantêm registros meteorológicos tão antigos. Dessa forma, os cientistas têm dificuldades em fazer comparações ou identificar a ocorrência das mudanças.
Chuvas no Espírito Santo deixaram milhares de desabrigados
Mortes por deslizamentos
O deslizamento de terra é a principal causa de morte em desastres naturais. Chuvas constantes saturam o solo e fazem com que a terra deslize de morros e encostas. E, por conta da formação geológica e da ocupação territorial, o litoral brasileiro é especialmente suscetível aos deslizamentos.
De acordo com o diretor Respostas aos Desastres da Defesa Civil de Santa Catarina, tenente coronel Aldo Baptista Neto, aparelhos de medição telemétrica – que verificam automaticamente o nível dos rios e enviam a informação digital direto a uma central de processamento – ajudam os centros de Defesa Civil a emitir os alertas de enchente.
Os dados da telemetria são cruzados com as medições pluviométricas (do volume de chuvas) e aplicados a um modelo matemático da região. Essa modelagem digital, baseada em mapeamentos de solo, relevo, ocupação e históricos de enchente, assegura a precisão do sistema. As previsões meteorológicas, que podem ter uma precisão de até 90% em 48 horas, completam a base de dados para a geração de alertas.
Mudança de comportamento
Neto avalia de forma positiva as ações brasileiras em Defesa Civil. Ele vê uma mudança de comportamento da população depois da tragédia de 2008 em Santa Catarina e de 2011 na Região Serrana do Rio de Janeiro, com deslizamentos e centenas de vitimas. “Em regiões onde as enchentes são comuns, as pessoas já saem de casa antes de começar a chover”, exemplifica.
Planos de Defesa Civil também são importantes para isso. Se os fenômenos naturais são incontroláveis, a resposta imediata antes que a situação se agrave e o resgate se torne difícil pode salvar vidas. O bombeiro sugere que cada família tenha seu próprio esquema: com documentos importantes, remédios de uso contínuo e mantimentos para 24 horas organizados de forma que possam ser rapidamente localizados caso precisem deixar suas casas.
“As pessoas não podem esperar para sair de casa quando a água estiver na cintura. Elas precisam acreditar e atender ao pedido das autoridades para que deixem suas casas imediatamente e sigam para os abrigos indicados em caso de risco”, alerta Aldo Baptista Neto. (ecodebate)

domingo, 19 de janeiro de 2014

Mapa- mundi com o que cada país faz de melhor

Mapa- mundi mostra o que cada país faz de melhor
O site DogHouseDiares fez um mapa em que mostra o que cada país faz de melhor, em comparação a todos os outros.
Sem surpresas, o Brasil foi lembrado pelos títulos da Copa do Mundo. Mas o mapa também traz curiosidades de outros países, como o que tem a população que mais permanece casada, o país menos seguro para os jornalistas, o mais feliz, o que mais consome carnes e o que tem mais “workaholics” (viciados em trabalho).
Para fazer o mapa, o site coletou informações de diversas fontes, como rankings e estudos.
Confira o que alguns países fazem melhor que os demais. (yahoo)

Aquecimento global é pior para os mais pobres

O aquecimento global reflete a desigualdade institucionalizada, pois, atinge diretamente aqueles que possuem os menores recursos à sobrevivê...