quarta-feira, 31 de maio de 2017

Privatização da água na Encíclica Laudato Sí

A questão da privatização da água na Encíclica Laudato Sí
Muitos de nós raramente paramos para pensar, quando estamos bebendo um copo com água, que este líquido é essencial para nos manter vivos. Humanos podem morrer após três dias sem ingerir líquidos. A água é tão central para manter a vida no planeta que ela vem sendo a causa de guerras por milhares de anos entre sociedades que muito cedo aprenderam que a sua posse resulta em poder.
Sede não tem um competidor a altura. Bastariam estes motivos para impedir que ela seja controlada por grupos econômicos.
Não é sem motivo que a palavra água foi citada quarenta e sete vezes pelo Papa Francisco na sua encíclica Laudato Si´(*). Isso mostra a preocupação do Papa e a importância dada por ele a água como elemento sagrado e essencial para manter a vida. Nesta que é a sua mais famosa encíclica, ele afirma que “Uma maior escassez de água provocará o aumento do custo dos alimentos e de vários produtos que dependem do seu uso. Alguns estudos assinalaram o risco de sofrer uma aguda escassez de água dentro de poucas décadas, se não forem tomadas medidas urgentes. Os impactos ambientais poderiam afetar milhares de milhões de pessoas, sendo previsível que o controle da água por grandes empresas mundiais se transforme numa das principais fontes de conflitos deste século.” Sem dúvida, a escalada inflacionária de alguns alimentos tem, muitas vezes, a falta de acesso a água como causa e, em alguns casos, o agronegócio aproveita-se da situação para lucrar ainda mais, mesmo sendo ele o setor produtivo que gasta 70% da água doce no planeta. O Brasil conhece bem esta situação.
Ao comentar sobre a poluição das águas no planeta, o Papa Francisco afirma que “Em muitos lugares, os lençóis freáticos estão ameaçados pela poluição produzida por algumas atividades extrativas, agrícolas e industriais, sobretudo em países desprovidos de regulamentação e controles suficientes. Não pensamos apenas nas descargas provenientes das fábricas; os detergentes e produtos químicos que a população utiliza em muitas partes do mundo continuam a ser derramados em rios, lagos e mares.” Não há quem duvide que esta poluição é a causa de muitas enfermidades no planeta. Se a poluição e a falta de saneamento básico ceifa milhões de vidas todos os anos vítimas de doenças que poderiam ser evitadas, especialmente de crianças, as soluções apontadas pelo pensamento Neoliberal, inclusive no Brasil, é a privatização do saneamento básico, como alerta o documento papal ao ressaltar que, “Enquanto a qualidade da água disponível piora constantemente, em alguns lugares cresce a tendência para se privatizar este recurso escasso, tornando-se uma mercadoria sujeita às leis do mercado.” Ressaltemos que muitas distribuidoras de água estaduais do nosso país estão em processo de estudo para a sua privatização, ou concessão para a iniciativa privada como o governo eufemisticamente a chama, neste momento. É a confirmação da tendência que Laudato Si´ nos alerta.
Em um mundo onde mais de 50% das pessoas vivem em grandes cidades, o resultado é que muitos dos seres humanos estão perdendo o contato com os ciclos da natureza ou tem uma relação de distância com o que podemos chamar de velocidade natural da Terra. Este fato afeta profundamente a percepção de como se deve lidar com a água no cotidiano. Reflitamos sobre o seguinte exemplo: uma família está visitando a cidade de do Rio de Janeiro em um daqueles verões escaldantes e decide parar em um restaurante para o almoço. O garçom vem com o cardápio e pergunta se querem uma bebida. Depois de andar sob o sol do verão carioca por horas, a única coisa que os integrantes desta família desejam é beber um pouco de água gelada que logo será trazida engarrafada e servida pelo garçom para todos os que estão sentados à mesa. Quando ao final da refeição a conta chega, a família será cobrada pela água que, a depender do restaurante, muitas vezes é mais cara do que gasolina na mesma quantidade. Isso não aconteceria em países como os Estados Unidos, já que é uma tradição nos restaurantes de lá ter água servida de forma gratuita. Na cidade de Nova York, por exemplo, você pode até mesmo tomar água vinda da torneira, pois aquela cidade é famosa por pagar aos proprietários das terras de onde vem as águas para abastecer as casas de seus residentes para que eles preservem os rios e assim a cidade não precise utilizar agentes químicos para trata-la.
No Brasil, seja porque a água não é tratada adequadamente para o consumo humano ou porque os restaurantes lucrarão mais vendendo água engarrafada para os seus clientes, esta família deve estar preparada para gastar entre 10 e 20 Reais pelo dia de passeio apenas com a compra de água para se manter hidratada. Isso sem contar com a incerteza se a água comprada é mesmo tratado ou não. A outra opção seria levar a própria água de sua casa, um hábito que deve começar a aumentar cada vez mais entre os brasileiros.
O preço da água tem aumentado em várias partes do mundo depois de sua privatização. A história da relação entre a iniciativa privada e a água não é nova. Em décadas recentes a sua privatização tem sido causa de conflito em países como a França, os Estados Unidos, Brasil, Honduras, Argentina, Israel, Palestina, Turquia, Sudão, Sudão do Sul, Egito e muitos outros. Um dos conflitos mais conhecidos aconteceu na Bolívia no ano 2000 quando dezenas de pessoas morreram em um protesto contra a privatização da água na cidade de Cochabamba, no que ficou conhecido como A Guerra da Água. Neste momento, a cidade de Buenaventura, na Colômbia, passa por grandes protestos e novamente a questão da água é uma das razões. Como chegamos a este ponto? Como permitimos que multinacionais tomassem um dos elementos essenciais para manter a vida no nosso planeta sob seu poder? Uma das respostas pode ser encontrada nos documentos do Banco Mundial. Esta organização internacional tem feito lobby para modificar leis relacionadas com a posse da água e para que ela seja classificada como passível de valor econômico, isto é, uma mercadoria, o que facilita a sua comercialização. O fato é que algumas multinacionais veem a água como o novo ouro, ou ouro azul como é agora chamada e a perspectiva de lucro é imensurável para elas.Comunidades ao redor do mundo estão se organizando para resistir a privatização da água.
Bolívia tomou de volta a concessão que deu para a multinacional americana que administrava a água em Cochabamba. Nos Estados Unidos há ONGs nos estados de Michigan, Califórnia e Oregon que estão em batalha contra políticos que apoiam privatização da água e contra multinacionais como a Nestlé, famosa pelo comércio de água mineral. Na França, a cidade de Paris está retomando a administração da distribuição da água após protestos contra os altos preços e denúncias de corrupção no sistema. Em Minas Gerais, comunidades se organizam contra a escalada privatista de suas fontes de águas minerais. No Rio de Janeiro, a privatização da CEDAE levou milhares para as ruas este ano. Na Paraíba, a pressão dos movimentos organizados fez com que o governador desistisse de privatizar a CAGEPA.
Laudato Si´ nos convoca a proteger a sacralidade da água, tão sagrada que simboliza o sacramento do batismo para católicos e vários outros credos. Esta encíclica nos chama a tomar uma atitude para que a água se torne um direito para todos os seres do planeta. Nós devemos lutar para que água não se torne causa de sofrimento para os mais marginalizados de nossa sociedade e que a situação não piore ainda mais caso a água se torne apenas um produto de mercado como outro qualquer. Não é à toa a advertência que Francisco nos faz ao lembrar que “Na realidade, o acesso à água potável e segura é um direito humano essencial, fundamental e universal, porque determina a sobrevivência das pessoas e, portanto, é condição para o exercício dos outros direitos humanos. Este mundo tem uma grave dívida social para com os pobres que não têm acesso à água potável, porque isto é negar-lhes o direito à vida radicado na sua dignidade inalienável.” Sem o direito a água, todos os outros direitos sequer podem ser reivindicados. (ecodebate)

Contaminação, escassez d'água e terremotos minam ‘credibilidade’ do fracking

Contaminação, escassez da água e terremotos minam ‘credibilidade’ do fraturamento hidráulico (fracking)
Novo estudo qualitativo mostra que as pessoas estão preocupadas com os impactos ambientais e sociais e tendem a apoiar investimentos em energias renováveis.
Berço do fraturamento hidráulico, ou fracking, os Estados Unidos vivem o que parecer ser o ocaso da tecnologia usada há décadas para extrair o petróleo e gás de xisto do subsolo. São incontáveis os sinais de que a fatura da produção de ‘energia barata’ que libertou os americanos da dependência do petróleo do Oriente Médio começa a ser cobrada. A primeira delas é a perda do apoio da população e a desconfiança nas instituições que sempre defenderam a tecnologia e omitiram seus riscos e perigos.
Este é o cenário de destruição no campo de petróleo da Chevorn em Sierra Nevada, na Califórnia.
Basta dar um Google para constatar, quase que diariamente, o surgimento de novos estudos e pesquisas e notícias que comprovam o que desde o princípio já se sabia: O alto custo ambiental e social da utilização dessa tecnologia definitivamente não compensa seus riscos e impactos. Atualmente, o fracking já está relacionado à contaminação de reservas subterrâneas e de superfície de água, à ocorrência de terremotos, à fragmentação dos ecossistemas, ao agravamento da saúde das pessoas e animais e, para piorar, ao agravamento do aquecimento global pela emissão sistemática do metano e outros gases de efeito estufa.
Num recente estudo de pesquisadores da UC Santa Barbara foram incluídas questões-chave como o risco de contaminação da água, bem como preferências para as fontes de energia renováveis sobre os combustíveis fósseis para atender às necessidades energéticas nacionais. A pesquisa contou com a participação do Reino Unido, onde o fracking é tido pelo governo como uma ‘solução’ para alcançar a eficiência energética, o que é contestado pela maior parte da população.
Com base em mais de uma década de pesquisas desenvolvidas pelo Centro de Nanotecnologia na Sociedade da UCSB (CNS) e pela Universidade de Cardiff no País de Gales, o estudo demonstrou como os métodos deliberativos de engajamento público podem ser aplicados a esses objetivos. Este é o primeiro estudo qualitativo, interdisciplinar, transnacional de percepções públicas dos EUA e da U.K sobre a extração de xisto. Os resultados foram publicados na Revista Nature Energy.
“Este estudo encontrou surpreendentemente altos níveis de preocupação ambiental e social sobre fraturamento hidráulico em áreas sem experiência direta com a tecnologia”, disse a co-autora Barbara Harthorn, diretora do CNS e professora do Departamento de Antropologia da UCSB. “Esse método fornece fortes evidências de que diversos membros do público são capazes de pesar de forma crítica e refletir sobre as decisões locais e coletivas do sistema de energia e seus impactos”.
Metodologia
Os pesquisadores dos EUA e Reino Unido realizaram uma série de oficinas de deliberações cuidadosamente planejadas, com vários membros do público em quatro cidades: Los Angeles, Santa Barbara, Londres e Cardiff. Essas discussões aprofundadas permitiram aos pesquisadores olhar além das evidências existentes sobre opiniões públicas a respeito do fraturamento hidráulico baseadas principalmente em áreas já impactadas.
Os resultados mostraram que o desenvolvimento de xisto foi amplamente visto como uma correção de curto prazo, levando a uma dependência indesejada de combustíveis fósseis finitos em detrimento do desenvolvimento de energias renováveis. Os participantes em ambos os países observaram que a maioria dos benefícios propostos seria relativamente de curto prazo (empregos especializados de duração limitada), ao passo que os riscos seriam quase certamente de longo prazo (degradação ambiental).
Os impactos da exploração do petróleo e gás de xisto por fracking são irreversíveis.
O estudo concluiu que os entrevistados consideravam os impactos potenciais distribuídos de forma desigual, argumentando que os benefícios econômicos e de emprego atribuídos ao desenvolvimento do xisto não eram exclusivos e se aplicariam igualmente a investimentos significativos e a ampliação de tecnologias renováveis.
Ou seja, os participantes do estudo questionaram por que investir numa tecnologia altamente poluente, que pode causar danos permanentes e irreversíveis, ao invés de priorizar o desenvolvimento de uma matriz a partir de energias renováveis? Todos os olhares recaem sobre os gestores públicos.
Diferentes preocupações nos dois países refletiram diferentes modelos de governança das indústrias extrativas. Nos EUA, alguns participantes queriam mais diretrizes federais padronizadas e responsabilidade de longo prazo. Por outro lado, no Reino Unido, onde a regulamentação é predominantemente a nível nacional, houve pedidos de maior controle local. Independentemente da localização, os participantes expressaram profunda desconfiança do governo e das instituições.
Risco iminente
“Na Califórnia, experiências passadas e atuais com a indústria petrolífera regional minimizaram a preocupação com alguns sobre o futuro desenvolvimento do xisto”, disse o coautor Tristan Partridge, um pós-doutorado do CNS e do Departamento de Antropologia da UCSB. “No entanto, para outros, as experiências pessoais de escassez de água e terremotos amplificaram esse senso de risco”.
Na Inglaterra, onde a extração de petróleo e gás em terra é menos comum, os participantes se basearam em experiências tangenciais do carvão e das indústrias pesadas ao fazer sentido do que o desenvolvimento de xisto pode significar para eles no futuro.
“Isto – e outras pesquisas que temos realizado – mostra que o público em ambos os países claramente quer um movimento em direção a um sistema de energia mais limpo e mais sustentável no futuro”, disse o autor correspondente Nick Pidgeon, professor de psicologia ambiental na Universidade de Cardiff. “Os resultados confirmam que o desenvolvimento do xisto não é compatível com essa visão”.
O financiamento principal desta investigação foi fornecido pela National Science Foundation com apoio suplementar do programa de investigação e inovação Horizon 2020 da União Europeia.
Brasil contra o fracking
“Muito interessante essa percepção, pois no Brasil vivenciamos exatamente essa desconfiança da população em relação ao fracking, seja pelos impactos ambientais, econômicos e sociais omitidos por governantes e empresas, seja pela certeza de que essa indústria fóssil irá reproduzir aqui a mesma dinâmica perversa e devastadora de outros países”, diz Nicole Figueiredo de Oliveira, diretora da 350.org Brasil e América Latina e coordenadora nacional da COESUS – Coalizão Não Fracking Brasil pelo Clima, Água e Vida.
Campanha Não Fracking Brasil avança em todo o Brasil com centenas de cidades provando legislação proibindo operações para exploração do gás de xisto.
Desde 2013, a COESUS, 350.org Brasil e centenas de parceiros desenvolvem a campanha Não Fracking Brasil com o objetivo de impedir que o fraturamento hidráulico chegue ao país. Aproximadamente 300 cidades já aprovaram leis municipais para banir operações de fraturamento hidráulico para exploração de gás de xisto. O Estado do Paraná aprovou em dezembro da Lei 18.947/2016 que suspende por 10 anos o licenciamento para essa exploração, inclusive com a proibição dos testes sísmicos nesse período.
“As justificativas são os riscos que a tecnologia traz para a agricultura, para a saúde e para as reservas de água, a falta de transparência dos governantes e o simples fato de que a indústria do fracking mente sobre os impactos, especialmente para o clima, e está intimamente ligada aos casos de corrupção”, completa Nicole.
Para a diretora da 350.org Brasil e América Latina, “vivemos a insegurança das mudanças climáticas que já fazem milhões de vítimas no mundo e nos colocam como imperativo o desinvestimento em novos projetos fósseis e o cancelamento dos atuais.
A única alternativa para garantirmos as condições necessárias para a existência humana e de todas as formas de vida neste planeta é investirmos em energias renováveis”.
O objetivo é alertar as pessoas e os líderes mundiais sobre os efeitos destruidores das mudanças climáticas e a urgência do rompimento com a indústria dos combustíveis fósseis. (ecodebate)

segunda-feira, 29 de maio de 2017

Mudança climática nas regiões polares exige resposta global

Rápida mudança climática nas regiões polares exige resposta global, alerta a ONU.
O derretimento de geleiras e a redução das áreas congeladas do mar e as regiões cobertas de neve nos polos provocam alterações climáticas em todo o planeta.
A Organização Mundial de Meteorologia (OMM) das Nações Unidas (ONU), lançou uma campanha para melhorar as previsões das condições do tempo, clima e gelo no Ártico e na Antártica. A iniciativa, que vai durar dois anos (de meados de 2017 a meados de 2019), envolve também o instituto alemão Alfred Wegener e outros parceiros mundiais. As informações são da ONU News.
A iniciativa objetiva minimizar os riscos ambientais e aumentar as oportunidades associadas à rápida mudança do clima nas regiões polares. Além disso, a OMM quer minimizar as lacunas nas capacidades de previsões nos polos.
Para a ONU, a mudança climática nos polos exige uma resposta global. Durante os próximos dois anos, uma grande rede de cientistas e centros de previsões vai realizar uma ação de observação intensiva e catalogar atividades no Ártico e na Antártica. A iniciativa espera obter melhores previsões do tempo e das condições das geleiras, de modo a reduzir riscos futuros e garantir a gestão segura das regiões polares.
Derretimento
O representante do Instituto Alfred Wegener, Thomas Jung, disse que “os efeitos do aquecimento global devido às emissões de gases do efeito estufa são sentidos com mais intensidade nas áreas polares do que em qualquer outro lugar”. Ele explicou que os polos estão aquecendo duas vezes mais rápido do que o resto do mundo, causando o derretimento de geleiras e reduzindo as áreas congeladas do mar e as regiões cobertas de neve.
O chefe da OMM, Petteri Taalas, afirmou que as massas de ar quente do Ártico e a redução das áreas de mar congeladas afetam a circulação nos oceanos e as correntes de ar. Ele disse ainda que as alterações nos polos estão provavelmente ligadas a fenômenos climáticos extremos como intensas frentes frias, ondas de calor e secas no Hemisfério Norte. (ecodebate)

Praia que desaparecida há décadas ressurge

Praia que desapareceu há três décadas ressurge graças a uma mudança nas marés.
Uma praia que foi levada pelo mar 33 anos atrás, reapareceu – praticamente da noite para o dia – graças a uma conjunção de fatores.
A praia, próxima à cidade irlandesa de Dooagh, na ilha de Achill, desapareceu em decorrência de tempestades ocorridas na primavera de 1984, quando as ondas carregaram toda a areia.
No entanto, uma maré esdrúxula fez com que centenas de milhares de toneladas de areia fossem depositadas na praia, ao longo de 10 dias do último mês de abril, restaurando a antiga glória da praia de 300 metros de comprimento.
Os moradores locais estão muito felizes com a novidade, e esperam que a praia tenha chegado para ficar e possa receber o certificado Blue Flag no ano que vem.
A praia ressurgiu em poucos dias, graças à ação das marés.
Sean Molloy, gerente da agência de turismo Achill Tourism, disse: “Antes de desaparecer, a praia sempre esteve por aqui, desde que há memória, quase continuamente, até 1984-85”.
“Durante este período, houve algumas tempestades intensas que destruíram a praia, até que ela foi completamente levada pelo mar. O ano de 1984 foi o último em que ela esteve presente”.
Ele acrescentou: “Em abril, quando tivemos uma frente fria no período da Páscoa, o vento estava vindo do Norte. Era um vento constante e estável, e deve ter transportado o material erodido de outro local”.
Ele disse que os moradores locais estão muito felizes com o retorno da praia, e também com o fluxo de turistas que a novidade trouxe à região.
A areia foi levada pelo mar nos anos 80, deixando apenas pedras para trás.
Alan Gielty, de 48 anos, é a terceira geração a gerenciar o bar local Gielty’s Bar and Restaurant. Ele disse: “Nós costumávamos ter um pouco de areia chegando na primavera, mas nada perto do volume que vimos no ano passado”.
“Mas agora ela está de volta. É ótimo. Nós já tínhamos uma linda cidadezinha, mas é maravilhoso olhar para fora e ver esta bela praia no lugar das pedras”.
“Desde que as pessoas viram a notícia a respeito da praia nos jornais, tivemos mais visitantes vindos do meio do país”.
Os moradores estão encantados com o retorno da praia.
O Dr. Ivan Haigh, professor de oceanografia costeira na Universidade de Southampton, disse: “A areia presente na costa está em estado de fluxo constante, movida por tempestades, ondas e vento”.
“Ela também é influenciada pelo fornecimento disponível de sedimentos de trechos do litoral, muitos a 100 quilômetros de distância”.
“A força das tempestades e das ondas, alterações nas escalas de tempo das décadas, e possíveis mudanças nas condições do meio ambiente criaram as circunstâncias ideais para o acúmulo recente de areia”.
“Também é possível que tenha ocorrido uma mudança no fornecimento de areia em outro ponto da costa”. (yahoo)

sábado, 27 de maio de 2017

Peixes do Báltico apresentam tumores devido aos nazistas


Peixes do Mar Báltico apresentam tumores devido a vestígio nazista.

Alta incidência de tumores cancerosos em peixes pode advir de munições alemãs afundadas pelos Aliados após 1945. Ameaça ambiental também representa risco à saúde humana e tem prazo para ser removida.

Congelamento do Mar Báltico fora de época, em 2013.
Cientistas alemães constataram uma incidência de 25% de tumores entre um tipo de linguado encontrado numa área do Mar Báltico, próximo à cidade alemã de Kiel. Em outras áreas desse mar, essa percentagem é de cerca de 5%.
A hipótese é que as proliferações cancerosas possam estar relacionadas ao volume estimado em 1,6 milhão de toneladas de armamentos dos nazistas, afundados nos mares Báltico e do Norte ao fim da Segunda Guerra Mundial.
Até recentemente, a espécie Limanda limanda era ignorada na pesca comercial, porém a escassez de espécies comestíveis tradicionais como o bacalhau e o hadoque tem feito crescer sua popularidade para o consumo humano.
"Não aconselharia ninguém a nadar no Mar Báltico"
Ao apresentar seus achados numa conferência em Rostock em 15/05/17, os cientistas do Instituto Thünen de Ecologia Pesqueira enfatizaram tratar-se de dados preliminares. Mas advertiram que, à medida que as munições continuam a enferrujar e vazar, o impacto ambiental da descarga em massa de armas nazistas sobre as águas costeiras rasas pode ser muito mais grave do que se estimava.
Em comunicado à DW, o vice-diretor do Instituto Thünen, Thomas Lang, declarou que no momento a incidência elevada de tumores deve "ser vista como local" para o Limanda limanda. Num estudo anterior com bacalhaus não se encontrou qualquer indicação de um incremento, afirmou.


No entanto, outras fontes advertem contra os riscos para a saúde humana nas águas da região. "Eu não aconselharia ninguém a ir nadar no Mar Báltico", diz Diana S. Pyrikova, diretora executiva da organização Diálogo Internacional sobre Munições Submarinas (Idum, na sigla em inglês). O grupo sediado em Haia, Holanda, estuda o descarte global de armas há mais de uma década.

Ameaça cancerígena
Pyrikova aponta que certas substâncias que vazam das antigas munições no fundo dos oceanos, como TNT e componentes de armamentos químicos, têm sido relacionadas ao câncer. Ela se preocupa que, ao consumir regularmente os peixes afetados, os humanos possam estar acumulando cancerígenos.
Segundo a agência de notícias DPA, outra equipe de pesquisadores da Universidade de Kiel registrou altos níveis de TNT entre os mexilhões que crescem em torno das munições enferrujadas. Apesar das apreensões, o secretário do Ambiente do estado de Schleswig-Holstein insiste que os armamentos afundados não devem ser vistos como causa única dos tumores.
Na conferência em Rostock, os cientistas explicaram que suas suspeitas de que a exposição ao explosivo TNT possa estar causando os tumores se baseia em experimentos realizados em laboratório. Certos peixes podem ser mais suscetíveis a acumular as substâncias tóxicas, dependendo da profundidade em que vivam e quanto tempo mantenham a água do mar dentro do corpo.
Não mais de 30 anos para agir
As armas da Alemanha nazista foram afundadas no mar por ordem das Forças Aliadas, após sua vitória sobre as tropas de Adolf Hitler em 1945. A maioria foi parar em áreas profundas do Báltico, perto das bacias de Bornholm e Gotlândia, porém parte foi também lançada em águas mais rasas. Os Estados Unidos, Reino Unido e França igualmente jogaram grandes quantidades de armamentos em suas costas.
Embora a maior parte da munição alemã descartada fosse convencional – explosivos ou armas de fogo – cerca de 40 mil toneladas continham substâncias de combate químico, como gás de mostarda, arsênico e fosgênio (gás lacrimogêneo e sufocante que ganhou terrível fama durante a Primeira Guerra Mundial).
Relatos históricos descrevem como barcos foram abarrotados de armamentos e em seguida naufragados, visando facilitar a localização futura, se necessário. Embora alguns cientistas afirmem que muitas das minas, bombas e granadas continuem seladas, outros alertam que a corrosão permitiria que elas se espalhem mais no fundo do mar, dispersando seu conteúdo.
"Muitos governos e Forças Armadas acham que é mais econômico deixá-las lá, e que a água salgada impedirá as substâncias químicas de se dissolverem, mas isso não é verdade"; enfatiza Pyrikova, do Idum.
Segundo a ONG, só restam de 25 a 30 anos para remover as munições, antes de estarem tão corroídas que não possam mais ser localizadas. E o pior é que seu conteúdo tóxico permaneceria na água e no sedimento no fundo do mar.
Governos fazem vista grossa
Novas tecnologias poderiam reduzir os efeitos nocivos das munições abandonadas, sem o enorme esforço de removê-las. "Esteiras de alta tecnologia podem ser instaladas no fundo do mar. Com o passar do tempo, elas dissolveriam os invólucros, absorveriam as substâncias químicas e lentamente ajudariam na recuperação do ambiente marinho", propõe Pyrikova.
Entretanto mesmo isso exige um investimento substancial de governos que, até o momento, têm preferido fazer vista grossa ao problema, acusa. Atualmente não há nenhum acordo proibindo a eliminação de armas nos oceanos, e segundo certos relatórios, algumas forças militares ainda adotam essa prática.
O Idum está se esforçando para organizar uma conferência das Nações Unidas abordando o assunto. Segundo Pyrikova, contudo, a maioria dos políticos e diplomatas ainda se mostra surpresa diante da extensão do problema e de seu impacto ambiental. (g1)

Sudão: população, desertificação e fome

O aquecimento global é a principal ameaça à humanidade, às espécies e aos ecossistemas no século XXI. Alguns países vão sofrer mais do que outros. Matéria do The Huffington Post mostra que o Sudão pode se tornar inabitável e desértico até 2100. Os cientistas preveem que a temperatura da região aumente em 3 graus Celsius até 2060. O Sudão já iniciou o processo de desertificação e vem enfrentando tempestades intensas de poeira. A escassez de água se agrava a cada dia, pois a bacia do Nilo é incapaz de abastecer aos 10 países que dependem de suas águas.
Mas a demanda por água do rio Nilo não vem apenas do Sudão. A bacia hidrográfica do rio Nilo, abrange uma área de 3.349.000 km² e já não dá conta de abastecer as populações dos 10 países que, em maior ou menor proporção, dependem de suas águas. A população conjunta de Uganda, Tanzânia, Ruanda, Quênia, República Democrática do Congo, Burundi, Sudão, Sudão do Sul, Etiópia e Egito era de 84,7 milhões de habitantes em 1950, passou para 411,4 milhões em 2010, devendo chegar a 877,2 milhões em 2050 e 1,3 bilhão de habitantes em 2100, segundo dados da divisão de população das Nações Unidas. Os problemas da desertificação, da fome e da perda de biodiversidade e pobreza humana e ambiental são, cada vez mais, graves na região.
A população do Sudão era de 5,7 milhões de habitantes em 1950, passando para 28 milhões no ano 2000 e 40,2 milhões em 2015. Para 2100 há três cenários, conforme projeções da Divisão de População da ONU. No cenário médio, a população chegará a 127,3 milhões de habitantes no final do século XXI. No cenário alto (redução mais lenta da queda da fecundidade), a população do Sudão pode chegar a 181,2 milhões de habitantes. E no cenário de fecundidade mais baixa, a população pode ficar em 86,3 milhões de habitantes.
O colapso ambiental do Sudão vai ter um forte impacto sobre o número de refugiados climáticos. A tendência é que boa parte destes refugiados busquem a Europa como refúgio e salvação da crítica situação do país. Mas uma coisa é resolver o problema de 5 a 6 milhões de habitantes (o que era a população do Sudão em 1950) outra é equacionar os 40 milhões atuais ou a demanda de 127 milhões de habitantes, conforme previsto para 2100.
Na verdade, o crescimento populacional agrava os problemas ambientais e o elevado aumento demográfico do Sudão e da África pode gerar um grande colapso da fertilidade do solo e da segurança hídrica. Reduzir as taxas de fecundidade é uma necessidade inadiável.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que existam 225 milhões de mulheres no mundo sem acesso aos métodos de regulação da fecundidade. A proposta de universalização do acesso aos métodos contraceptivos foi aprovada na CIPD do Cairo, em 1994. Esta proposta foi referendada nos Objetivos do Desenvolvimento do Milênio (ODM) e nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). Mas a universalização dos serviços de saúde sexual e reprodutiva continua sendo apenas um sonho, enquanto o pesadelo da degradação ambiental se torna cada vez mais universal.
Enquanto quase nada é feito na área da universalização de acesso aos meios de regulação da fecundidade, quase 1,4 milhão de crianças estão em “risco iminente” de morrer em decorrência da fome na Nigéria, Somália, no Sudão do Sul e no Iêmen, como alertou o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF, na sigla em inglês) no dia 21 de fevereiro de 2017. As pessoas já estão morrendo de fome nestes quatro países, e o Programa Mundial de Alimentos disse que mais de 20 milhões de vidas correm perigo nos próximos seis meses.
Mulheres esperam na fila para serem atendidas na clínica móvel da UNICEF no vilarejo de Rubkuai, no Norte do país.
O Unicef afirmou que 270 mil crianças sul-sudanesas estão gravemente desnutridas. Também na segunda-feira, a instituição de caridade Save the Children disse que mais de 1 milhão de crianças do país correm risco de passar fome. O Sudão do Sul ainda vem sendo assolado pela mesma seca do sudeste africano que deixou a Somália vivendo um surto de fome seis anos depois de 260 mil pessoas morrerem de desnutrição. Portanto, a situação já é crítica atualmente e tende a piorar com os efeitos do aquecimento global.
Para piorar mais ainda as coisas, um relatório das Nações Unidas mostra que o governo do Sudão do Sul gasta uma grande parte de sua renda petroleira na compra de armas, enquanto o país enfrenta uma epidemia de fome. Fica difícil resolver os problemas sociais com base no aumento dos gastos militares e sem garantir a universalização dos direitos reprodutivos. (ecodebate)

quinta-feira, 25 de maio de 2017

Antártica está mais verde devido ao aquecimento global

Antártica está mais verde devido ao aquecimento global, dizem cientistas.
Cientistas afirmam que aquecimento global é responsável pelo crescimento acelerado de musgos na Península Antártica. Fenômeno se intensificou nos últimos 50 anos.
Musgos em ilha antártica com icebergs ao fundo.
A Antártica está ficando mais verde devido aos efeitos do aquecimento global, afirmam cientistas num estudo publicado na revista especializada "Current Biology".
O aumento da temperatura teve um efeito dramático no crescimento de musgos no extremo norte da Península Antártica, disse um dos autores do estudo, o cientista Matt Amesbury, da Universidade de Exeter, na Inglaterra.
"Se isso continuar, e por causa da área crescente de terra livre de gelo por causa do desaparecimento das geleiras, a Antártida será mais verde no futuro", acrescentou o pesquisador.
Há quatro anos, os pesquisadores britânicos verificaram mudanças sem precedentes nos musgos do extremo sul da Península Antártica. Segundo Amesbury, o novo estudo mostra que o fenômeno ocorre em toda a península, que é a parte mais setentrional da Antártida e fica relativamente perto da América do Sul.
Amesbury e seus colegas analisaram amostras de solo coberto por musgos, recolhidas nas ilhas Elefante, Ardley e Green, numa distância de 640 quilômetros. Nessa região está a camada de musgos mais grossa e antiga da Antártica, que só tem 0,3% de cobertura vegetal.
Aquecimento global faz com que Antártida fique mais verde.
As amostras permitiram aos cientistas entender melhor a evolução do clima na região e o crescimento das plantas nos últimos 150 anos. A análise mostrou que o crescimento claramente se acelerou nos últimos 50 anos.
A Península Antártica é uma das regiões mais afetadas pelo aquecimento global. A temperatura média no continente subiu 0,5°C por década desde os anos 1950. Chuvas e ventos são mais frequentes hoje.
Plantas estão crescendo na Antártida como nunca antes na modernidade estimuladas pelo aquecimento global que está derretendo o gelo e transformando paisagem branca em verde.
O diretor do projeto de pesquisa, professor Dan Charman, disse que os ecossistemas na Antártica vão se alterar profundamente com a constante elevação das temperaturas. "Vamos observar como a Antártica vai se tornar cada vez mais verde, a exemplo do que já observamos no Ártico", disse. (g1)

Os cinco anos mais quentes do Antropoceno

O Antropoceno é uma época geológica marcada pelo domínio da influência do ser humano sobre a biosfera e tem como uma de suas caracterizadas (negativas) fundamentais o aquecimento global. O rápido crescimento econômico e o insustentável padrão de produção e consumo da humanidade está esquentando, literalmente, o Planeta.

Em relação à temperatura média do século XX, o ano de 1908 ficou com temperatura de -0,44ºC, abaixo da média do século. O ano mais quente do século XX foi 1998, com 0,63ºC acima da média. Porém, o século XXI apresenta recordes contínuos de aquecimento. Em 2010, a temperatura ficou 0,70ºC acima da média, 2014 com 0,74ºC, 2015 com 0,90ºC e 2016 com o recorde absoluto de 0,94ºC.
O ano de 2016 ficou cerca de 1,4ºC mais quente do que o ano de 1908. Dezesseis dos dezessete anos mais quentes ocorreram no século XXI.
Tudo indica que o ano de 2017 será um pouco menos quente do que 2016, mas poderá ser o segundo ou terceiro ano mais quente da série. Em 2017, as temperaturas ficaram acima da média do século XX em 0,89ºC em janeiro, 0,98ºC em fevereiro e 1,05ºC em março. Estes números são espantosos para um período sem a presença do fenômeno El Niño.
A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) informou a temperatura do mês de março de 2017 é totalmente inesperada para um período considerado “normal”. O El Niño é “caracterizado por temperaturas oceânicas excepcionalmente quentes no Pacífico Equatorial”, o que faz aumentar a temperatura global, elevando o aquecimento global subjacente em longo prazo. Então, quando um mês vê temperaturas climáticas recordes na ausência de um El Niño, isso é um sinal de que a tendência do aquecimento global tem adquirido ritmo próprio e com redução das flutuações.
A temperatura tem subido 0,18ºC, por década. Isto significa, que no ritmo atual, a temperatura pode ultrapassar 3ºC, em 2100, em relação ao período pré-industrial. A última vez que a temperatura global chegou neste patamar o nível dos oceanos subiu mais de 6 metros. Tal fenômeno afetaria a vida de bilhões de pessoas que vivem nas áreas litorâneas e reduziria muito as áreas de cultivo de alimentos. Também haveria a perda de vida marinha devido à acidificação.
O aumento do degelo do Ártico, Antártica, Groenlândia e glaciares tem se acelerado conforme mostram inúmeras pesquisas e reportagens. Um evento dramático é o rompimento da Plataforma Larsen C, na Antártica. A figura abaixo mostra que uma enorme fenda está próxima de romper e liberar um iceberg quase do tamanho da Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
A figura também mostra que a fenda está crescendo de forma acelerada e já atinge o tamanho de 180 quilômetros. No final do ano passado, ela cresceu de repente em cerca de 18 quilômetros. Faltam apenas 20 quilômetros para deslocar o iceberg do restante da prateleira de gelo. Dados de satélite, de maio de 2017, revelaram um segundo ramo da fenda, de cerca de 15 quilômetros de comprimento, que está se movendo em direção à borda da plataforma. Este é um exemplo atual como o aquecimento global vai provocar um grande degelo dos polos e acelerar a elevação do nível do mar.
Aquecimento global acima de 2ºC pode gerar enormes desastres, grande quantidade de refugiados do clima e uma epidemia de fome. Para evitar uma catástrofe de tal dimensão é preciso uma rápida redução das emissões de gases de efeito estufa e uma descarbonização crescente da economia. (ecodebate)


terça-feira, 23 de maio de 2017

Vai continuar pagando mais do que você consume???

E agora, Brasil??? Vai continuar pagando mais do que você consume???
Com nossa tecnologia você elimina os desperdícios existentes na rede elétrica e faz com que o seu medidor contabilize apenas seu consumo real, sem medir todo o campo eletromagnético gerado externamente e internamente através do acionamento de motores.
Foi publicado uma reportagem feita pelo Jornal Extra retratando a atual situação do setor elétrico no Brasil, onde se tem a falta de chuvas como principal preocupação em relação ao maior custo no fornecimento de energia e com isso mais e mais aumentos na nossa conta!!!
Segue alguns trechos da reportagem e ao final o link com o conteúdo completo:
O país não corre o risco de ficar sem energia, mas ela vai continuar cara e por um bom tempo. Esse foi o alerta dado pelo ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, durante o evento “E agora, Brasil?”. Mesmo com o nível de reservatórios baixo em relação aos últimos anos, o ministro descartou a hipótese de um novo apagão ou de racionamento.
— Não há risco de apagão. Isso é recorrentemente questionado. Não vai faltar energia. O problema é a que preço. É inconcebível no país que temos, já há todas as fontes de energia no país, ter que ficar esperando para ver se vai chover. Não dá para achar isso normal — afirmou Coelho Filho.
Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), os reservatórios do Nordeste estão atualmente em 20,7% de sua capacidade. Os da região Centro-Oeste/Sudeste estão em 41,5%, seguidos do Sul, com 43,2%, e os do Norte, com 66%.
Para poupar esses reservatórios, o governo precisa recorrer às usinas termelétricas, que pesam mais no bolso do consumidor, pois têm um custo por megawatt maior em relação ao das usinas hidrelétricas.
— O governo tomou a decisão de não fazer mais usinas com reservatórios. Hoje as novas hidrelétricas são a fio d’água (sem reservatório). As grandes usinas (com reservatório) estão no Nordeste, e estamos com a hidrologia adversa nos últimos seis anos. Já estamos com bandeira vermelha (sobretaxa na conta de luz) e ela seguirá devido aos custos da nossa geração termelétrica. Isso é outro desafio. Precisamos que elas tenham um custo mais competitivo. Mas essa transição você não faz de uma hora para outra — disse o ministro.

As cidades e o desequilíbrio hídrico

Frequentemente se imaginava que a imagem de populações imersas em resíduos sólidos pudessem representar cenários cujo impacto catastrófico pudesse trazer modificações paradigmáticas na conservação ambiental. No entanto, é a escassez de água, e secundariamente as dificuldades nas disponibilidades energéticas, em parte decorrente das dificuldades hídricas, que vem alterando estes padrões. A natureza parece ser irônica para reagir as agressões antrópicas.
O caminho que está sendo percorrido, se aproxima de uma antiga previsão, que registrava que a civilização humana corria o risco de afogar cidades sob a água salgada dos mares em regime de transgressão, em cenário de carência de água doce potabilizada. Esta realidade se contextualiza com as mudanças climáticas que geram o aquecimento global, com o consequente derretimento de geleiras e elevação dos níveis dos mares. É como o náufrago que se observa cercado de água salobra e sem disponibilidade de água potável para sua dessedentação.
Relatórios da Organização das Nações Unidas registram o diagnóstico de que mais de 1 bilhão de pessoas não tem acesso a quantidades mínimas aceitáveis de água potável, que gere situação de segurança hídrica. O recente episódio de baixa pluviosidade na região sudeste, a mais rica do país, começa a fazer perceber que não é o volume ou a natureza das obras que pode solucionar a situação, e sim uma radical mudança de atitude na compatibilização e harmonização com os meios físico e biológico do planeta, entendido como a “nave” que todos compartilhamos no decurso de nossa vida em comum.
A Organização das Nações Unidas prevê que se nada mudar nos padrões de consumo e na forma geral dos indivíduos se relacionarem com o planeta, num horizonte próximo cerca de 5,5 bilhões de pessoas poderão não ter acesso aos recursos hídricos, tão fundamentais para a vida, correspondendo a 2/3 do total da população. E num horizonte maior, se diagnostica que menos de ¼ da humanidade vai dispor de água potável para satisfazer suas necessidades básicas de vida.
A escassez de água não é problemática apenas para dessedentação. Também gera dificuldades na manutenção das condições sanitárias e facilita a propagação de doenças, como a diarreia e a malária, que são responsáveis por mais de 2 milhões de óbitos em indivíduos humanos a todo ano, nas regiões mais vulnerabilizadas da terra.
A água doce, que pode ser potabilizada é um bem raro. Já se produz água potabilizada a partir de água dessanilizada, mas a um custo energético ainda bastante elevado.
Cerca de 97% das águas que cobrem a superfície da terra são salinizadas. Dos restantes 3%, a maior parte está em geleiras ou calotas polares. Menos de 1% está disponibilizada, predominando as águas subterrâneas, armazenadas em aquíferos. A água disponível em rios, lagos e lençóis freáticos totaliza menos de 0,25% da água total do planeta.
Como se observa são muito exíguas as disponibilidades de água doce no planeta, e ainda devem ser divididas com os demais membros da fauna e com todo reino vegetal. É claro que as fontes não deveriam se esgotar pela manutenção permanente dos ciclos hidrológicos. Mas a velocidade de recomposição dos aquíferos superficiais tem mostrado harmonização em ritmo descompassado com a exploração dos recursos hídricos pelas atividades antrópicas. Em particular, quando se agregam as modificações geradas pelas mudanças climáticas.
Evidentemente se apropriar das realidades exibidas por este conjunto multifatorial, é tarefa que demanda certa complexidade sistêmica e não é realizada de forma intuitiva. Mas as consequências são as mesmas e geram conscientização em toda sociedade. É preciso mudar a relação com a água e os demais bens naturais buscando reestabelecer as condições mínimas de equilíbrio.
Especialistas assinalam que a crise hídrica que atinge o estado de São Paulo, decorre de desequilíbrio já de alguns anos na pluviosidade média, não acompanhando a demanda crescente de uso, e até de desperdício. No entanto, esta anomalia climática não é o único fator. Também contribuem fatores de infraestrutura, que não significam necessariamente ausência de planejamento, e sim dificuldades impostas pela burocratização e estanqueidade dos mecanismos estatais de operação. Onde as crescentes complexidades não são acompanhadas por níveis equivalentes de evolução nos estágios de gestão, governança e conformidade.
Ou seja, legislação ambiental, cada vez mais complexa e abrangente, convive com órgãos aplicadores desaparelhados e ineficientes que não conseguem se coordenar ou se comunicar eficientemente entre si. Evidentemente, as dificuldades de execução se tornam manifestas e os resultados sociais extremamente ineficientes, retratando as dificuldades das operações, que se perdem em objetivos sistêmicos parciais, não conseguindo estabelecer metas de consecução conjuntas.
Se o sistema social padecesse da mesma moléstia, as empresas estariam comprometidas e os níveis de empregabilidade que garantem o funcionamento virtuoso da sociedade, com incrementos na geração de impostos e a garantia da manutenção de um estado com condições de intervir na sociedade de maneira eficiente, atendendo às demandas sociais, estaria comprometido. Quando eventos naturais se associam a dificuldades de articulação para a consecução de objetivos mais amplos, não deixa de ser em parte, algo análogo, o que está ocorrendo. Com consequências sociais e coletivas de resultados inestimáveis.
A cultura de vincular a importância do bem ao valor desembolsado na sua aquisição, dificulta a valoração adequada do bem água. Não se está defendendo o aumento desmesurado dos preços da água. Mas se a cultura popular associa preço ao valor do bem e não à conscientização de sua função social e ecossistêmica, então está estabelecida uma situação de extrema dificuldade e complexidade. Se a preciosidade da água for repassada aos custos de sua disponibilização e forem criadas dificuldades para os hábitos necessários de natureza sanitária de todos os indivíduos, então os resultados podem ser mais desastrosos e medidos nas portas dos carentes serviços de saúde do país.
Mas o maior erro, talvez, seja permitir que a situação atinja níveis próximos à situação de catástrofe para que as medidas reguladoras sejam tomadas. Em questões ambientais e naturais em geral, é consensual a apreciação de que é preferível prevenir do que remediar. Tanto pelos custos gerados quanto pelo pânico produzido. A prevenção, no mínimo, gera melhores condições de administração geral das perspectivas e projeções dos indivíduos, em caldeirões de interesses e necessidades, que são de difícil avaliação, ainda mais em cenários políticos ou meramente econômicos, que na maioria das vezes são absolutamente intangíveis. (ecodebate)

domingo, 21 de maio de 2017

Previsão climática faz alerta de agravamento da seca na região Nordeste.

Previsão climática do MCTIC reforça alerta de agravamento da seca na região Nordeste.
Grupo de Trabalho em Previsão Climática Sazonal do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações indica a possibilidade de “estresse hídrico” nos reservatórios da região Nordeste até o fim do ano. Poucas chuvas na cabeceira do rio São Francisco, em Minas Gerais, também contribuem para o cenário de alerta.
O Grupo de Trabalho em Previsão Climática Sazonal, do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), reforçou em 02/05/17 o alerta de agravamento da seca na região Nordeste. A previsão é de chuva abaixo do esperado entre maio e julho, diminuindo ainda mais o volume de água dos reservatórios. O documento aponta que o cenário é “extremamente crítico” no norte da região.
Os modelos adotados pelos especialistas apontam a possibilidade de um “estresse hídrico” em tanques do Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte até o fim do ano, ainda que chova dentro da normalidade durante 2017. O açude Castanhão (CE), por exemplo, pode ficar abaixo de 5% da sua capacidade até o início de 2018.
“A situação no Nordeste é muito preocupante. Como previmos nos últimos meses, a estação chuvosa não está sendo boa por lá. No norte do Ceará e do Maranhão, choveu um pouco mais, mas o total é muito ruim. Os reservatórios não recarregaram como deveria, foi totalmente insuficiente. E a tendência é que no próximo ano o panorama seja mais complicado, porque os níveis dos reservatórios vão estar ainda menores do que neste ano”, explicou o coordenador-geral de Operações e Modelagens do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), Marcelo Seluchi.
O volume insuficiente de precipitações na região Sudeste no início deste ano também contribuiu para a situação dos reservatórios do Nordeste. Isso porque os principais cursos d’água que abastecem a cabeceira do rio São Francisco estão no Sudeste. Em abril, a vazão registrada no reservatório de Três Marias, no Alto São Francisco, ficou 79% abaixo da média histórica. Os impactos socioeconômicos são sentidos ao longo do curso do rio, como explica Marcelo Seluchi.
“A estação chuvosa no Sudeste foi muito deficitária, especialmente em Três Marias, que é o eixo de captação do São Francisco e alastra essa deficiência para o Baixo São Francisco. O rio, como um todo, está mal de saúde. Além de gerar energia elétrica, ele ajuda a abastecer o consumo humano e a irrigação da agricultura, levando a um impacto grande por conta dessa redução da vazão em Três Marias”, observou.
Cheias
Na região Norte, a previsão para o próximo trimestre indica cheia nos rios amazônicos, mas os níveis não devem alcançar valores recordes, mesmo com os transbordamentos registrados no Amazonas (estação Iatacoatiara) e Tapajós (estação Santarém). O pico das cheias está previsto para junho.
“O mais crítico parece ser a inundação em Manaus, porque é uma cidade populosa. O rio vai subir e vai ter o pico em junho. Este ano, haverá inundação, mas parece que não será recorde, porque as chuvas ficaram mais irregulares nas últimas semanas”, ressaltou Seluchi.
Participam do GTPCS especialistas do Cemaden, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). (ecodebate)

Aquecimento global é pior para os mais pobres

O aquecimento global reflete a desigualdade institucionalizada, pois, atinge diretamente aqueles que possuem os menores recursos à sobrevivê...